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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

L'instant de Guerlain x L' instant de Guerlain pour Homme, Guerlain



O instante de encontrar um casal de fragrâncias homônimas como L´instant de Guerlain feminino e masculino, compatíveis e equilibradas entre si é unico. É mais regra do que exceção encontrarmos na perfumaria atual perfumes femininos que nocauteam perfumes masculinos do mesmo nome. Quem acompanhou meus comentários sobre Apparition Homme e Amor Amour pour homme entenderá que estes perfumes não consequiram alcançar o êxito de seus pares femininos. Para a tristeza geral da nação masculina e da torcida feminina por fragrâncias de bom gosto para homens.
O casal L´instant é um dos mais bem sucedidos se analisado o resultado olfativo de suas nuances. Diria que foi um casamento bem realizado pela maison Guerlain, que utilizou conceitos de linhas olfativas criativas na nomenclatura, respectivamente o cristalino ambarino para mulheres e o amadeirado luminoso para homens.É evidente que a versão feminina , aqui avaliada no eau de parfum, resgata mais o "momento" do nome através do conforto do âmbar e da feminilidade do jasmin sambac. A transparência da fragrância se dá de forma mais harmônica, entre as notas de cabeça, meio e base, pois a saída de L´instant feminino abre um floral mais fresco que, imediatamente, aquece a pele em função de notas quentes como ilangue-ilangue e jasmin sambac. Estas notas propiciam uma sensação mais intimista, elegante e noturna. É como se uma mulher estivesse tão segura de si, de bem com sua sensualidade e ávida por carícias a ponto de permitir ser despida. Com a chegada da base ambarina e iluminada, a sensação de conforto é grandiosa. Lençois felpudos, pele macia, cabelos soltos, toques de prazer... tudo faz parte deste "instante". Embora o mix não leve chocolate, cacau, tonka bean e Cia, além de notas atalcadas a base cria a ilusão foody e powdery quando se aspira o perfume de forma muito próxima ao nariz. Sem dúvidas, um sillage diferenciado em comparação a recorrência de muitas bases de perfumes, pois mantém estas nuances ilusórias sem descaracterizar a originalidade da fragrância.





L´instant masculino apresenta uma nova família olfativa que promete unir os dois extremos de energia, o frescor luminoso e o calor amadeirado. Considerando a falta de criatividade em perfumes masculinos, considero que este perfume foi bem feito e, em condições, de acompanhar a versão feminina, reafirmando a coerência do par de fragrâncias. Ele se aproxima a perfumes equilibrados no quesito de versatilidade e elegância mais despojada, qualidades que requerem um homem de iniciativa; por isso a campanha alinha bem a imagem de homem do engajamento, aquele que age na hora certa. A ação do perfume começa com uma saída de notas refrescantes e atrativas, com o frescor cítrico e a sedução do anis estrelado. Inclusive durante esta minha experiência olfativa foi inevitável não conhecer mais sobre a nota de anis, a qual não estou tão familiarizada mas que me dá uma sensação muito 'green', mais canforada e atua com um poder afrodísiaco na minha percepção olfativa. Notei que havia algo na saída de L´instant masculino que enchia minha boca de água e, após notar que só poderia ser o anis, descobri que esta nota vem de um nome latino, traduzido como "atrair e seduzir". Uma nota estratégica na cabeça do perfume como o ato estratégico de um homem que quer seduzir como um primeiro passo para o "instante" . O desenvolvimento se dá com nuances florais, de cacau e hibisco, muito mais desta última que de jasmin, muito mais floral amadeirado que cacau a la gourmand amadeirado. A nota oriental de sândalo de mysore está longe de estar neste perfume, pelo menos não a original que percebo em perfumes árabes.O floral é luminoso para uma fragrância masculina, no entanto nada afeminado. A base amadeirada com a leve lembrança máscula de algo peppery green é clara nesta fragrância. A masculinidade na qual qualquer mulher adoraria encontrar o seu momento conforto, uma carícia no pescoço e um abraço fogoso são bem vindos com L´instant de Guerlain pour homme.


Fotos: L´instant de Guerlain (femme e homme). Site L ´instant

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Midnight Poison, Dior


O último lançamento feminino da Dior, Midnight Poison, vem agregar mais um perfume na família Poison da maison com a promessa de resgatar o conto de fadas da Cinderela moderna, que é provocante com seu 'veneno' sensual e muito melhor após à meia-noite. Para recriar a Cinderela de Midnight Poison, Dior convidou a bela bond girl Eva Green para encarnar a campanha dark blue da fragrância.
Como todo conto de Cinderela, sempre há uma madrasta malvada; encarnarei meu lado boadrasta para discorrer sobre o que é positivo no perfume. Este lançamento não é encantador como uma fairy tale, mas tem a vantagem de ter um um mix " usável" com destaque para a orientalidade do patchulí, a delicadeza da rosa e um aspecto cítrico, doce e mais fresco dado pela bergamota. Embora o perfume não seja tão noturno, na minha opinião , ele traz um elemento que o remete à elegância de um vestido longo de noite. Lembro em sua evolução de fragrâncias que levam mandarina, como é o caso do Moschino Couture cuja nuance "mandarina" parece dialogar com Midnight Poison.
O começo das notas promete um perfume muito mais agradável do que o meio da evolução: uma mistura mais juicy com toques amadeirados e florais que se insinuam misteriosamente na superfície. As notas mais doces e angelicais envolvem a pele e demonstram uma feminilidade dócil que pode culminar em uma mulher misteriosa em um ambiente gótico como o da campanha. Tudo parece uma promessa de uma bela madrugada e um aroma inesquecível; no entanto os sonhos olfativos imaginados para um perfume com nome de "veneno da meia-noite" terminaram quando o relógio tocou neste horário; destacando um floral oriental com mais mandarina do que rosa, mais patchulí do que âmbar em uma mistura estranha e não tão sedutora. Nesta hora, meu lado madrasta era só lamentos ou, no papel de Cinderela, o desejo eminente de rolar-me escada abaixo ao invés de subí-las como Eva Green fez na publicidade da fragrância.
O meu pesar noturno foi ver o perfume mais com ar de gata borralheira do que com ar de Cinderela Eva Green. A áurea da campanha, fascinante e capaz de trazer o deleite olfativo e visual para a imaginação sedutora mais dark, foi como um marketing enganoso para um produto comum e sem diferencial. Encantei-me com a campanha, do visual à música, da modelo ao conceito, no entanto o resultado olfativo do perfume ficou aquém do esperado.
Com Midnight Poison, Dior só reafirmou que o imbatível Hypnotic Poison ainda é o must have da sedução entre os poisons e que o público, perfumista ou não, ainda espera um novo e maravilhoso Poison nesta saga. Aquele que será poderoso e vanguardista; o Poison que envenenará nossa pele e olfato com a mais deliciosa das paixões perfumadas.






Fonte: Foto campanha, Site Dior
Vídeo, Site Youtube

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O perfume e a Bíblia

Hoje temos no blog algumas belas citações sobre o perfume no contexto bíblico. Este post tem o propósito somente de reverenciar os aromas na Bíblia, não é uma pregação, no entanto deleite-se com as palavras e o perfume que elas representam, algo poderá tocar o seu coração e engrandecer a sua fé.
Em muitos momentos do blog, como alguns anteriores, diálogos entre perfumes e outros escritos serão relacionados pois perfume é um organismo vivo, interagindo com a vida em vários âmbitos.
A bíblia é um dos livros com mais belas citações sobre os aromas, além do bálsamo das palavras de conforto, fé e amor. Para as citações principais, selecionei os livros de Provérbios, Salmos e Cânticos dos Cânticos, respectivamente, sabedoria, louvor e amor; grandes virtudes para qualquer ser humano. Estes livros expressam uma fascinante poesia embutida nas palavras, como relatado em Salmos 45:7-8 "Amas a justiça e odeia a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros ungindo-te como óleo de alegria. Todas as tuas vestes exalam aroma de mirra, aloés e cássia; nos palácios adornados de marfim ressoam os instrumentos de corda que te alegram". Lindo fragmento, mais lindo do que ele seria receber agora os óleos de mirra e olíbano derramados sobre a cabeça como uma unção de Deus. Seja abençoado(a) e lembre-se "somos para Deus um bom perfume" (2 Coríntios 2:15).

Um abraço, Rosa Negra





"Perfumei a minha cama com mirra, aloés e canela. Venha, vamos embriagar-nos de carícias até o amanhecer" (Provérbios 7: 17)

"Perfume e incenso trazem alegria ao coração; do conselho sincero do homem nasce uma bela amizade" (Provérbios 27: 9)

"A figueira produz os primeiros frutos; as vinhas florescem e espalham sua fragrância". (Cântico dos Cânticos 2: 13)

"Quão deliciosas são as suas carícias, minha irmã, minha noiva! Suas carícias são mais agradáveis que o vinho e a fragrância do seu perfume supera o de qualquer especiaria!.. a fragrância de suas vestes é como a fragrância do Líbano". (Cântico dos Cânticos 4: 10-11)

"Suas faces são como um jardim de especiarias que exalam perfume, seus lábios são como lírios que destilam mirra" (Cântico dos Cânticos 5:13)

"As mandragóras exalam o seu perfume, e à nossa porta há todo tipo de frutos finos, secos e frescos, que reservei para você, meu amado" (Cântico dos Cânticos 7: 13)


Curiosidades sobre perfumes e Bíblia, acesse Bíblia online

Versículos extraídos de Bíblia sagrada português-inglês = Holy Bible portuguese- english.______. São Paulo: Editora Vida, 2003
Foto: Ouro, Olíbano e Mirra , Fonte: Giftscatholic.com

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Betsey Johnson perfume for women

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Betsey Johnson é o nome da irreverente estilista americana; cuja moda é um convite para conhecer peças joviais, coloridas, fluídas ou não para mulheres femininas, românticas e sonhadoras que desejam viver suas vidas com um toque de fantasia e plena realização. Neste sentido, a estilista consolida uma imagem de "madura adolescente", na minha opinião, com uma mistura de Xuxa com Dercy Gonçalves, a começar pela sua aparência e forma que se veste; isso acaba criando uma imagem de bem com a vida na estilista , imagem que acaba sedimentando sua moda como uma juventude inacabada.
Gosto de Betsey, então não considerem a comparação anterior algo pejorativo. Admiro sua energia radiante em várias aparições em revista, o dom de fazer uma moda simples, alegre , teenager mature lady-like e ainda conseguir sucesso com isso e , principalmente, sua vitória contra o câncer de mama e o estilo único dos seus 65 anos, nada senhora na atitude, reforçado pelas inúmeras cirurgias plásticas no seu rostinho fashion e esticado.
O seu perfume está em linha com a sua moda. É um floral oriental frutal que tem esta jovialidade , a começar pelo próprio frasco, decorado a la art deco e feito de plástico como perfumes de adolescentes. As notas iniciais abrem um frutal com destaque para o pomelo, refrescante e cítrico doce , encorpando a fragrância com a sensação juicy, mais ardida. A doçura do perfume tem a intervenção do praline, doce que leva açucar, creme, manteiga e nozes. O colorido da fragrância relaciona-se às notas florais que evoluem à medida que o perfume é absorvido, com destaque para a freesia, a qual lembra o romantismo de um lindo jardim. O sândalo da base deixa o perfume menos pueril.
As notas completas do perfume são pêra, pomelo como notas de cabeça, freesia e lírio do vale como notas de coração e na base praline e sândalo. Algumas fontes comentam que o perfume também leva tangerina, pimenta negra, maça, âmbar, musk e cedro, ou seja, muitas nuances misturadas que no final rendem um 'fragrant juice' de poucas notas, como espremer muito as frutas e tirar só uma gota de sumo.
Segundo divulgação do perfume, Betsey Johnson recria um mix de pin up girl com Pop Art rock Star. Diria que o perfume é mais pin up do que Rock Star, embora não seja tão pop como a cultura das pin-ups e rock pop como das heróinas de histórias em quadrinhos. É melhor imaginar uma pin up delicada indo às compras. Para um floral frutal, agradável, doce e timidamente sensual, excelente para uma tarde na qual toda mulher que reviver os doces momentos adolescentes como vestir-se sensual e angelicamente para ir ao shopping, tomar suco ou sorvete, comer uns candies, rir com os amigos e vestir um modelito estilo Betsey Johnson com uma bolsinha da Betty Boop a tiracolo. Mais adolescente que isso, só enviando dois beijinhos das BE's para você!









Imagems: BetseyJohson. com e starpulse.com

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Nuits de Noho, Bond n.º 9



Nuits de Noho, gourmand 'noturno' lançado por Bond n.º 9, promete ser a metáfora perfumística das noites incríveis de New York, mais especificamente de Noho, região da Broadway, famosa por seus musicais e espetáculos teatrais. Para Nuits de Noho, a noite é uma criança e quem o usa é um adulto sexy e boêmio. A marca que idealiza seus perfumes baseados em vários bairros de Nova York lança o seu nightlife perfume cuja mistura é composta por notas de almiscar e baunilha, bergamota, rosewood, jasmin e patchuli.
Com esta introdução inicial de Nuits de Noho, tento imaginar qual o perfume das noites de Noho, porque sinceramente este Bond nº 9 não me convenceu do seu poder noturno. As notas de saída lembra a sensualidade de Angel de Thierry Mugler, que inclusive é um fantasma nesta 'noite de Noho' que assombra a evolução até a base do perfume. É impressionante como nuances das notas de cabeça destacam em minha pele uma factível baunilha achocolatada, semelhante ao Angel com um acorde trufado de Black Orchid de Tom Ford. Para quem é fã destes perfumes e se animou com a possibilidade de ter um perfume do mesmo nível, esqueça de Nuits de Noho. Melhor deixá-lo nas mãos da Estátua da Liberdade e borrifar Angel ou Black Orchid para ir a Broadway.



Não, não precisa se perguntar: "Ele é tão ruim assim?" Eu respondo-lhe: Não é ruim! Ele é bom se você ganhar de presente e gostar de uma leve lembrança de Thierry Mugler pagando por isto; é ruim levando em conta o custeio do preço de qualquer Bond nº 9, que por sinal não é nada barato. Na dúvida, vá para outro bairro de Nova York e veja se encontra o seu aroma. Eu encontrei o meu em Chinatown, pelo menos até agora.
Pesadelos à parte em Nuits de Noho, conto-lhe agora do que pode "elevar a moral" de Nuits de Noho. Use-o para dormir. Após uma abertura que lembra rum, tome uma boa dose da bebida para aquecer-se de um suposto frio como o da terra do Tio Sam. Após um drinque Bondiano, notará que um floral confuso acompanhará seu sono mais profundo(ou uma soneca, caso não aguente conciliar um durável sono com o perfume).
Não sinto tanto jasmin, no entanto o bom é sentir um pouco mais de baunilha e patchuli que justificam um conforto na fragrância, melhor se em uma cama bem sensual para aproveitar o aspecto quente destas notas. Uma fragrância indulgente como divulgado? Só se os teus sonhos forem doces. Não é um gourmand fascinante. Deite-se e, antes de dormir, ore para encontrar um mais fascinante na linha Bond nº 9 depois do aclamado Chinatown.
É impressionante notar como há uma diferença nítida de conceitos de sexy e noturno tanto para americanos como para europeus,considerando o 'berço das fragrâncias'. Grande parte do público americano simplesmente idolatra Nuits de Noho e a impressão que fica é que um perfume low-profile, assombrado por Angel de Thierry Mugler e menos invasivo que este, é o ideal de boa parte dos americanos para andar pelas ruas da Broadway como reis e rainhas da noite. Adoro Nova York, mas prefiro andar pelas ruas de Paris, Berlim ou Milão com um perfume mais denso e que não tire minha insônia.
Boa noite, vou dormir! Ainda tenho Nuits de Noho na pele. Deseje-me bons sonhos com novos aromas de Bond n.º 9.








Imagens: Respectivamente dos sites Bond Fragrances Blog
Bond n.º 9
e pbase

sábado, 20 de outubro de 2007

Pela cultura do aroma, eu lhes agradeço!

Tanto para quem é grande conhecedor do universo da perfumaria, quanto para quem é simplesmente um leigo simpatizante, um fato é fato: não há tantos livros e publicações sobre perfumes, pelo menos em português e com linguagem acessível que possibilitem uma visão geral, sucinta e fascinante sobre perfumes. Neste mês, a Duetto Editorial lançou como parte integrante da edição comemorativa de um ano da Revista L´officiel um guia de perfumes. Este guia foi , resultado de um trabalho de dois anos de pesquisas de mercado e contou com os trabalhos de diversos profissionais, dentre eles Renata Ashcar, especializada em perfumaria e cosméticos há 21 anos na área e autora do livro

Brasilessência: A cultura do perfume (Best Seller), responsável também pelo museu Espaço Perfume Arte & História, dedicado à historia & arte da perfumaria, o expertise da casa de fragrâncias Firmenich, uma das mais conceituadas empresas de aromas e fragrâncias do mundo e o editor de arte Mondrian Alvez.
Pela cultura do aroma, eu abri espaço no blog para agradecer a iniciativa desta equipe e brindá-los com meu agradecimento, (in)diretamente, em nome de todos os apaixonados por perfumes que eu conheço.O guia de perfumes é uma
bela iniciativa tida como um presente para os mais aficcionados e, o melhor, um material didático que prolifera a cultura do perfume. Como forma de contribuir com esta cultura, deixo aqui um trecho do guia de perfumes o qual achei interessante, que é a
mágica história da perfumaria com curiosidades sobre o perfume e sua história e sugiro a todos os que gostam de perfumes, correr às bancas ou entrar em contato com a Duetto Editorial para garantir o seu exemplar. Lembrando que meu blog não tem nenhuma relação ou vínculo com a editora e este post é de decisão pessoal sem qualquer influência de terceiros. Sou apenas uma leitora apaixonada por perfumes e uma scentblogger dedicada à despertar o interesse pelo universo da perfumaria. O meu blog é pessoal e guiado pela minha liberdade de expressão. Qualquer perfume news que eu divulgue aqui está alinhada à esta liberdade individual.

Obrigada e boa leitura! Rosa Negra




" A busca pelo divino marca a história do homem.O mais antigo cheiro conhecido é o da fumaça, que exalava da queima de madeiras, especiarias, ervas e incensos. Vem daí a origem da palavra perfume: per,através e fummum, fumaça. No ano 3000 a.C., os egípcios consideravam que suas orações chegariam mais rápido aos deuses se viajassem em nuvens de fumaça aromática. Eles também acreditavam na reencarnação e usavam as fragrâncias para mumificação. Por volta de 1500 a.C., com a rainha egípica Hatshepsut surgiram vários rituais dedicados à beleza. Um dos mais curiosos era a utilização de cones perfumados na cabeça, que, além de amenizar o efeito do sol forte,conservavam a pele. Traziam óleos aromatizados com folhas, raízes,ervas,flores, leite e mel,que ao derreter com o calor escorriam pelo rosto e tinham um efeito emoliente e refrescante.

Uma viagem pelo passado

Gostar de se perfumar não era mérito apenas dos egípcios.Por volta do ano 800 a.C., os gregos já exportavam óleos de flores e plantas maceradas.E, segundo a mitologia grega, Afrodite é considerada também a divindade das fragrâncias. No caminho dos aromas, a cidade da Babilônia, na Mesopotâmia, tornou-se o centro comercial de especiarias e perfumes por volta de 650 a.C. Dois séculos mais tarde, o rei dos persas Alexandre,o Grande, entregou sementes e mudas de plantas da Pérsia ao seu professor em Atenas, Teofrasto. Ele foi o primeiro autor de um tratado sobre cheiros. Na obra, detalhava receitas aromáticas, descrevia prazos de validade,indicava usos terapêuticos e falava também da importância de proteger os perfumes do sol, pois a luz e o calor alteravam seu odor. A lição é válida até hoje. Outra personalidade importante marca o uso dos aromas, mas como um artíficio de sedução. Cleópatra. Ela realizava rituais perfumados para intensificar seu poder de atração. Untava o corpo com essências aromáticas, criando em torno de si uma aura mágica. Também recebia Marco Antonio, seu grande amor, em uma cama coberta de pétalas de rosa.Antes de envenenar-se, tomou um banho e se perfumou com as mais finas fragrâncias. Quando os soldados a encontraram morta em seus aposentos, ainda puderam sentir seu inebriante perfume. O grande império conquistado pelos romanos contribuiu para a expansão da perfumaria, pois eles consumiam aromas de forma intensa. No período imperial, o gosto dos romanos por incensos e perfumes passou dos limites. Até os cavalos eram perfumados. O exagero era tanto, que o imperador Nero encomendou para o funeral de sua esposa, Popeia, quantidade de incenso superior ao que toda a Arábia poderia produzir em dez anos.E por falar em árabes, eles exportaram seus conhecimentos empíricos para outros povos e disseminaram também conceitos científicos para outros povos, como a destilação. O processo progrediu com os chineses e foi o responsável, séculos depois, pela criação do álcool concentrado. A precursora da água de colônia, a Água da Rainha da Hungria, surgiu em 1370, e foi o primeiro preparado perfumado em base alcóolica. As pesquisas prosseguiram em destilarias e levaram à extração de diversos óleos essenciais. Em 1612 foi fundada, em Florença, na Itália, a Officina Profumo di Santa Maria Novella,em cuja matriz os frades dominicanos produziam essências , pomadas, bálsamos e outros preparados medicinais, desde 1221. Muitas dessas fórmulas, fabricadas até hoje, foram usadas por Catarina de Médicis, uma nobre florentina que se mudou para a França em 1533, para se casar com o rei Henrique II. Na sua caravana estava seu perfumista pessoal, Renato Bianco.Conhecido como René Blanc, ele conferiu à França lições na arte da perfumaria e fundou a primeira butique de perfumes em Paris, o que deu um impulso definitivo para produção e comercialização de itens aromáticos.


Elizabeth Taylor em 1963 : Na tela de cinema como a lenda Cleópatra


O perfume conquista o mundo

As fragrâncias de Catarina de Médicis eram feitas em Grasse, pequena cidade no sul da França. Luis XIV, o "Rei Sol", que era muito sensível a odores e tinha um perfume para cada dia da semana,também obtinha seus frascos da charmosa cidade francesa.
Foi o rei Luis XV e sua amante, Madame de Pompadour, que estimularam a difusão do perfume da França por toda a Europa. Isso porque ela, fiel ao estilo rococó, ditava a moda, a beleza e a arte da época. Contam que gastava horas no toalete, banhando-se com sabonetes de lavanda, outras flores e ervas. Usava adstringente e incrementava o penteado com pomadas perfumadas. A rosa era o elemento principal da maioria das fragrâncias, misturada a lavanda, cravo, noz-moscada, musgo de carvalho e íris. Madame de Pompadour também amava as violetas e suas luvas tinham perfume de neroli. Com o generoso estímulo de seu amante, ela encorajou a prosperidade de Grasse e a cidade passou da produção artesanal para a indústria da perfumaria. Mas não foi naquela pequena cidade que começou a jornada mundial da Água de Colônia. Diz a história que foi o italiano Jean-Marie Farina que, em 1714, registrou, na cidade alemã de Colônia, um produto de nome Kölnisch Wasser (Água de Colônia...). Ele era feito com essências naturais italianas:neroli, bergamota, lavanda e alecrim diluídos em álcool neutro (essa água é comercializada até hoje pela marca Roger & Gallet). Mais tarde, em 1790, surgiu a célebre Kölnisch Wasser 4711, criada por Mülhens. A ligação desse perfume como o mundo da perfumaria francesa aconteceu com a Guerra dos Sete Anos. Isso porque a cidade de Colônia recebeu um hóspede ilustre, e Farina ganhou um garoto-propaganda de peso:Napoleão Bonaparte. De acordo com a história, ele despejava um frasco inteiro da tal Água sobre a cabeça. Para Napoleão,sexo e cheiro estava intimamente ligados. Depois de ficar durante meses em batalha, mandava avisar à sua amada Josefina: "Volto em três dias, não se banhe". Tudo porque ela adorava aromas marcantes, como almíscar e patchuli, e ele amava os refrescantes. Quando Napoleão se separou de Josefina para casar-se com outra, ela não titubeou:espalhou almíscar nos aposentos imperiais. Isso fez com que Napoleão lembrasse dela por muito e muito tempo. Vinganças à parte, ele foi o responsável por colocar a França à frente nas pesquisas científicas e na produção de artigos luxuosos. A família Bonaparte teve outra personagem ilustre no mundo dos aromas:a requintada espanola Eugênia, esposa de Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão. A imperatriz lançou um novo estilo de perfume: Eau Impériale, um mix de notas cítricas e lavanda. Considerada reanimadora para as pobres mulheres de época, que sofriam com os espartilhos, a fragrâcnia foi criada em 1861 por Guerlain e tinha ono frasco o brasão dos Bonaparte:abelhas pintadas à mão , em ouro. Por sorte, em meados de 1900 as mulheres estavam mudando e celebravam a vida. A Belle Époque agitou a arte, a moda e a perfumaria. Perfumes e artigos de toalete ganharam espaço. Mulheres elegantes lotavam os cafés parisienses e exalavam fragrâncias variadas. Com a chegada do século 20. Paris era a mais chique das cidades e a perfumaria se tornou sinônimo de sofisticação, com frascos feitos de cristal Lalique. Na famosa Exposição de Artes Decorativas e das Indústrias Modernas, realizada em Paris, em 1925, a perfumaria francesa já estava definitivamente ligada à moda e se consagrou como um rico universo a ser conquistado. Mas isso é outra história "


Madame Pompadour : perfume addict à francesa


(trecho extraído do Guia de perfumes,parte integrante da Revista L´officiel nºb 13, pgs 4 -7,
Editora: Renata Ashcar)


As fotos divulgadas não fazem parte da matéria do guia. Na sequência,
foto da edição L´officiel + guia (Fonte: Site da Dinap),
atriz Elizabeth Taylor no filme Cleópatra de 1963 (Fonte: imdb.com) e Madame Pompadour( Fonte: Site Visitvoltaire)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Perfumaria árabe - Attar al Kaaba Al Haramain



Alguma vez algum perfume te fez chorar? Como um transe emotivo e olfativo que as lágrimas não podem conter. Uma jornada espiritual na qual as mãos parecem tocar o rosto de Deus, o encostar na face daquele que é o Amor Maior. Eu chorei...
Não era um choro de tristeza, era um choro de redenção. Tem aromas que levam a um encontro com nossas crenças, sejam elas quais são, isso não importa. O mais importante é o coração, sentir o lirismo e a transcedência da entrega absoluta a um Ser Supremo, o pedido de oração ao aspirar aquele aroma que une o terreno ao divino, o arrependimento ao perdão, a fraqueza ao forte e, no fim, une-me a um lugar de luz, paz e amor.
Attar al Kaaba é o perfume-templo. Seu nome se traduz como o "perfume de Caaba", concebido pela Al Haramain como a personificação do perfume do louvor, da reverenciação dos muçulmanos a este espaço e a seu Deus. Independente de qual seja a sua fé, o aroma templo Attar al Kaaba tem algo especial que celebra a intimidade do acreditar e do doar-se em espírito e em verdade. É uma fragrância envolvente que estabiliza a mente, renova o corpo e cura a alma. Neste processo, a alma chora como um ato de doação. Novos caminhos são abertos, um novo sentido é conferido à vida, uma atitude
positiva para toda a existência.
Attar al Kaaba exige um estado de espírito quebrantado para esta intimidade espiritual. Embora um perfume muito instigante, com notas de agarwood indiano, amber e sândalo que o ligam à terra, os aromas de Rosas e flores exóticas o concebem como um perfume inebriante, capaz de provocar um êxtase espiritual.
Um toque deste attar na pele e eu vi o céu se abrir...extasiada, chorei e salmodiei: "O paraíso deve ter o aroma de Attar al Kaaba, Deus meu!"




Encomendas de Attar al Kaaba, acesse http://salihahbeauty.multiply.com
ou deixe seu email em comentários

Curiosidades históricas sobre Kaaba, assista ao vídeo abaixo





Fotos: Attar al Kaaba image, Islamic Shop
EU "olhando para Deus" em ensaio árabe, acervo pessoal

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Eau de Vanilliers L'OCCITANE en provence & Chypre Vanille Montale

Olá, caros leitores:
A vida foi bem mais doce desde a semana passada do que o normal. Tudo por causa da baunilha e seu poder intoxicante capaz de fazer-me ter alucinações como transbordar em um mar de vanilla, ser arrastada por ondas cremosas até afogar-me de vez. Desde quando é possível haver doçura em uma espécie de afogamento (risos)? Sim, aqui há. Afoguei-me tanto em baunilha que precisava de um dia para primeiros socorros. Este dia foi ontem e agora estou de volta para fechar o especial eu amo baunilha.
Para quem me acompanhou, sabe que virei sereia, virei rainha, virei sobremesa e, nesta última, quase fui vítima de um ato mortal de canibalismo comigo mesmo (risos).Confesso: eu mordi minha própria pele. Mordidinhas, beijinhos, dengo total com a pele avanilada, afinal eu me amo e amo baunilha.
Só que o amor tem alguns limites. Tudo tem um limite. O gosto pela baunilha também o tem. Este especial de vanilla provou que o amor é aliar as diferenças entre tantas baunilhas e valorizar a menos over, pelo menos eu escolhi um meio termo, aquele que combina mais comigo. Conclui que a baunilha mais agradável é a mais comportada, simplesmente porque ela é mais refinada , nada óbvia, nada
"arroz de festa". E foi pensando em festa, que escolhi não ser uma baunilha 'baladeira'; não ser aquelas mulheres que, de tão doces, parecem sair de um bolo de festa. Eu escolhi ser a baunilha que viaja para perto da natureza e entrega-se à doce harmonia de estar em contato com outras notas menos sufocantes.




Eau de Vanilliers de L´OCCITANE en provence e Chypre Vanille de Montale são dois perfumes cuja baunilha é delicada e menos adocicada devido a atuação das notas relacionadas a natureza, respectivamente, a base floral de orquídeas em L´OCCITANE e as notas amadeirada e incensada em Montale. Estas notas tornam as fragrâncias bem mais elegantes e definitivamente diferenciam os perfumes, deixando claro que a baunilha aqui não é para quem é ávido por gourmands poderosos de vanilla. Inclusive gourmand é algo que vocês não encontrarão em Eau de Vanilliers e Chypre Vanille. A vanilla aqui dá só o toque, aromatiza os perfumes como uma névoa hipnotizante, ingenuamente sensual.
O primeiro abre as notas de baunilha mais fresca, encorpadas pela orquídea 'fabricada', já que o cheiro da orquídea é controverso e nada atrativo entre os botânicos. É interessante notar que o aroma dá uma sensação de sedosidade como uma baunilha que se torna aveludada com a ação das flores de pétalas felpudas. Por um momento, Eau de Vanilliers me fez pensar em Boss Intense de Hugo Boss e, com razão, pois os dois têm orquídea e baunilha na composição. A diferença é que Boss Intense é mais intenso, como o próprio nome diz. Mais vermelho, mais quente e urbano; enquanto o L´OCCITANE lembra a sutileza de algo mais provençal.






Chypre Vanille de Montale é uma experiência rica, como grande parte dos perfumes de nichia. Como o próprio nome diz, o perfume tem baunilha, no entanto ela só se fará bem percebida no final da evolução. O caminho até ela é como uma celebração da natureza, é um path propriamente dito. Montale segregou a notas de incenso, amber , sândalo e vétiver as quais dá uma sensação aérea ao perfume, é como estar na terra mas estar ligado a algo no ar. Uma névoa , esfumaçada com aroma de madeiras. As notas de flores (rosas e íris), embora não tão decifráveis, tornam o chypre mais elaborado , interfaceando dois tipos de chypre, o verde e o floral. Um belíssimo chypre vert fleurie quando avaliado a criatividade com a qual a fragrância separou estas notas de sensação mais gasosa, para depois, selar o encontro com um comportado drydown de uma baunilha que une um fundo, a grosso modo, menos boisée (por causa das notas amadeiradas já evoluídas) e mais balsâmico(por causa da baunilha e da tonka bean).
Uma base abaunilhada cuja finesse é comparável a baunilhas como a de Must Cartier e Jaipur Saphir de Boucheron, por exemplo. Baunilhas não invasivas, dosadas para um toque sensual e sofisticado. Se você não quer ser como aquelas pessoas que saem de um bolo de festa, deixe - se envolver por estas baunilhas. Você também será a atração da festa, mas com requinte e bom gosto.


Fotos: Eau de Vanilliers, L´OCCITANE.com
Montale Chypre Vanille . Fonte :
Luckyscent

domingo, 14 de outubro de 2007

Crème Brulee EDT, Tutti Dolci


Estou escrevendo da Itália hoje (pelo menos na Itália imaginária, cenário dos meus sonhos olfativos)! Desde que conheci a linha italiana Tutti Dolci, descontinuada e ainda famosa entre os amantes de cosméticos e perfumes baseados em sobremesas há dois anos atrás, é vero que tornei-me uma Tutti Dolciana prestes a comer e beber destes produtos. Ser intoxicada por estas delícias cremosas e doces faz um bem danado para minha gula pecaminosa pela baunilha. Em Tutti Dolci a vanilla está em tudo, simulando aromas que levam chocolate, raspas de limão, côco, cookies, , waffles...Hmm! É a única 'sorveteria' quente que conheço, como uma Parmalat da perfumaria que explodirá os seus sentidos, subindo a temperatura dos desejos aromáticos mais doces.
Crème Brulee é o perfume dessert mais cálido desta Itália, mesmo sendo um termo francês. Uma mistura de notas de baunilha com caramelo, deliciosamente quente e cremosa. A primeira borrifada é como imaginar um creme avanilado coberto por um caramelo; como aquela fina cobertura de açúcar queimado derramado com a pior das intenções gastronômicas, açucar também polvilhado para atiçar o mais devastador dos desejos. A evolução do perfume é linear. É como mergulhar várias colheradas deste creme na boca e sentí-lo atuando na saciedade, quase incontrolável de querer mais e mais Crème Brulee. É um efeito cíclico da fragrância, por isso as sensações do gourmand são tão provocativas, como uma sobremesa que sempre pede mais um pedaço.
Um perfume para quem gosta de baunilha invasiva, muito doce e levemente queimada, encorpada sempre pelo caramel sugar; por isso combina com aquele clima invernal, em frente à lareira, comendo um fondue de chocolate (ou quem sabe um crème brulee como guloseima). Tudo para adoçar a vida e o momento.


Receita de Crème Brulee

Ingredientes
500 ml de creme de leite fresco
100 gr de açucar
8 unidades de gema de ovo peneiradas
quanto baste de essência de baunilha

Modo de preparo:

Em um recipiente coloque metade do açúcar e as gemas peneiradas. Misture. Em uma panela coloque o creme de leite e o restante do açúcar. Leve para ferver. Depois que ferver, misture devagar o creme de leite fervido junto com as gemas. Vá temperando as gemas aos poucos. Para não cozinhar as gemas. Por último junte a baunilha. Coloque o creme em potinhos e leve ao banho-maria a 100º C por aproximadamente 40 minutos. O ponto certo do cozimento é quando balançar o potinho e o creme não se mexer, ele dever ficar bem firme. Deixe esfriar durante 1 hora na geladeira.

Deixe esfriar durante 1 hora na geladeira. Na hora de servir polvilhe açúcar e queime com um maçarico.







Quer ficar gostosa(o)? Borrifadas de Crème Brulee EDT + colheradas de Crème Brulee


Imagens: Crème Brulee EDT, Tutti Dolci
Crème Brulee Dessert, Site Visual Recipes
Receita extraída do Cybercook Uol, Chef Allan Vila Espejo

sábado, 13 de outubro de 2007

Vanille et Coco E Coudray Paris e Warm Vanilla Sugar EDT Bath and Body Works



As delícias da vida tocam minha pele adoçando cada momento que é único. Têm dias que não há melhor delícia que sentir a mistura de côco com baunilha seja em um creme seja em um perfume. Melhor se em um perfume gourmand, reproduzindo o aroma de um creme de vanilla misturado com raspas de côco ralado, envoltos com outras notas sensuais e quentes. Senti as delícias e que delícias...




Vanille et Coco, de E. Coudray Parfumer Paris é uma delícia inusitada, como o desconhecido que aparece e, de repente, avassala uma nova paixão
olfativa.O começo foi receoso, uma saída de notas bem mais forte de ylang ylang e côco e, depois a hesitação entre o desejo pelas baunilha e fava tonka a desenvolver e o medo de que a nota de íris (aldeídica por natureza) pusesse todo o prazer da delícia a perder.Por incrível que pareça, algo me envolveu por completo: a sedução do cálido ylang ylang saindo das notas de coração e introduzindo bem a fragrância em um aroma espacial, tomando conta do ambiente como em um quarto francês, para depois abrir uma misteriosa iris, presente com um leve toque powdery; tão peculiar sendo abaunilhado.
Eu estava lá, aguardando ansiosamente a baunilha da base, que mesclada ao côco e a fava tonka daria os acordes inusitados e afrodísiacos de Vanille y coco e então, ela apareceu levemente amendoada como cookies de coco avanilados, assados com crisps de frutas secas. Uma base especial que evidencia como o saboroso cumarú (nome pelo qual também é chamada fava tonka) e a baunilha formam uma mistura de tirar o fôlego e despertar mais ainda o apetite olfativo.




Ser gulosa com baunilhas é um tipo de virtude, uma incansável busca pela baunilha perfeita, pelo prazer desta delícia, logo o apetite voraz tomou conta de mim desta vez, atiçado pelo perfume de E. Coudray, eu queria mais vanilla com côco e eu sabia onde encontrar. Encontrei em borrifadas de Warm Vanilla Sugar da marca americana de bem estar Bath & Body Works.
Da França para os Estados Unidos era só uma questão de spray e lá estava eu, como em um inverno em Nova York, aquecida pelo calor do mix de côco, baunilha, heliotrope e sândalo como notas mais preponderantes. O spray de Warm Vanilla Sugar era como um passe de mágica, como cair em um novo creme de baunilha com raspas de côco, desta vez, com um sexy sândalo. O que tornava esta viagem olfativa tão distinta de Vanille et Coco era justamente esta nota amadeirada e aromática. Basicamente, Warm Vanilla Sugar é sândalo que, misturado à baunilha e côco cria ondas de ondas de voluptuosidade com conforto. Um mix simples e clássico de Bath & Body Works, tanto que é um must have entre as delícias abaunilhadas, um prazer nato como morder uma cocada brasileira estando tão longe de casa.

Imagens: Fotos Vanille y Coco e loja Coudray Paris. Site E.Coudray Paris
Warm Vanilla Sugar. Bath & Body Works.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Vanille Exquise, Annick Goutal


Para quem já experimentou Vanille Exquise, o abaunilhado de Annick Goutal, mais uma da extensa lista de Goutal criados pela perfumista Isabelle Doyen pode ter tido, em algum momento da vida, a sensação de que é a baunilha clássica para uma princesa ou jovem rainha de séculos passados. Annick Goutal tem cara de classicismo, algo de toilette monárquico e todas as suas produções têm um requinte delicado.




Diferente de baunilhas mais acentuadas e ordinárias, Vanille Exquise tem o glamour de mergulhar a vanilla em outras notas que a tornam mais sofisticada, mesclando o romantismo da flor de angélica, a cremosidade das amêndoas, o bucolismo da nota leitosa de madeira de gaiac, a sensualidade do musk branco e a exoticidade resinosa do Benzoin. A composição tem a ternura recorrente das criações de Annick e não há algo mais terno que imaginar o cenário parisiense.
Ainda que a baunilha aflore do perfume, ela não é tão doce e não engessa a evolução da fragrância. É uma baunilha-flor, sedosa como os vestidos de uma grande realeza, cativante com os jardins de uma palácio, doce como os brioches franceses. Para isso, a atuação da angélica e do benzoin diferenciam o perfume na classificação de gourmand, tanto que Vanille Exquise não carrega tanto o aspecto 'foody' de muitas criações avaniladas. A angélica resgata o romantismo e a beleza de jardins reais; conferindo ao perfume a feminilidade e o benzoin resgata a sensualidade a qual reforça o lado quente da baunilha






Dizem que Vanille Exquise teve como inspiração uma marquesa das ilhas da Polinésia Francesa. Como desconheço a imagem dela, gosto de imaginar que o abaunilhado de Annick Goutal seria o perfume ideal para Kirsten Dunst no filme Maria Antonieta(2006), dirigido pela brilhante Sophia Coppola. O filme, ganhador do oscar de melhor figurino, tem um cenário belíssimo de cores, texturas e sabores muito bem alinhados à delicadeza e doçura da atuação de Kirsten Dunst no papel. Esta adaptação da figura de Maria Antonieta, estigmatizada como a rainha da frança do século XVIII, malvada e odiada por muitos foi de uma nova e deslumbrante visão por parte da filha de Francis Ford Coppola porque ela projetou uma nova personalidade à Maria Antonieta em um cenário clássico e moderno. Fabuloso para uma nova rainha, muito mais dócil do que propagado. Cada parte do filme me lembra Vanille Exquise, do floral ao abaunilhado. Doces, flores, roupas, lugares... com o delicioso gosto de uma leve baunilha.








Quer candies? Melhor se for com baunilha e neste cenário. Assista parte integrante do filme Maria Antonieta.




Fotos: Annick Goutal Fonte : Nowsmellthis blog
Imagens Filme Marie Antoinette, de Sophia Coppola. Fonte: Sony Pictures
Interfilmes.com

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Hypnotic Poison, Dior




Hypnotic Poison, hipnótico, instigante e lascivo; mas não qualquer lascividade como perfumes mais sexuais. Hypnotic Poison se divide bem entre o conforto da fragrância e o apelo sensual da sua composição, destacada pelas notas de amendôas, baunilha e musk . É uma baunilha libidinosa que alcançará o clímax após umas três horas de evolução e, depois, provocará aquela sensação de ser enrolada entre os lençois, saciada por um aroma doce, quente, levemente almiscarado após um orgasmo avanilado. Muito tempo para um gozo abaunilhado? Absolutamente não, é o que toda mulher deseja. Curtir o momento e ser conduzida ao prazer olfativo por um longo tempo; uma experiência bem mais prazerosa do que curtir a famosa 'rapidinha' de tantos perfumes abaunilhados e sem criatividade.
As preliminares do perfume são bem provocativas e tornam Hypnotic Poison bem mais sexy no decorrer de sua evolução. É um tipo de envenenamento, narcótico como uma droga, por isso muitas pessoas chegam a sentir um cheiro medicinal no começo. Felizmente, não é o que sinto em minha pele. Melhor do que isso é sentir o aroma de uma taça de licor para esquentar a relação.
As notas de saída apresentam um caratér mais licoroso, como um amaretto. O aroma amendoado e amargo na pele é evidente, muito mais do que a vanilla. Em alguns momentos, o floral pode ser percebido através da nota de jasmin sambac, embora isso não seja tão consolidado na evolução. Que bom ! Imaginar um floral em Hypnotic Poison é como romantizar demais os sentidos lúbricos.
Sentidos, uma boa palavra para relacionar com Hypnotic Poison; além do olfato e paladar já mencionados, a visão do perfume se relaciona à imagem de uma mulher jovial, mas com uma intenção provocativa madura. Seus desejos sensuais são realizados e ela sabe como conseguir isso. Hypnotic Poison é para mulheres conscientes da sua sedução, aquelas cujos desejos encobertos podem ser revelados prazerosamente.
Logo, nunca penso que a baunilha do perfume e demais notas que co-habitam com ela formem um mix adolescente, como uma poção perfumada para meninas sem experiência. Pelo contrário, penso em Hypnotic Poison como um perfume para uma mulher com alma muito jovem, que busca muito mais e precocemente a liberdade e realização de seus desejos e sabe hipnotizar, sendo dissimulada ou ingênua. Por ter esta visão do perfume, a imagem com a qual relaciono Hypnotic Poison é, desde o frasco até o resultado da experiência olfativa, a imagem da menina mulher do livro Presença de Anita, escrito em Mario Donato e publicado no final da década de 40. As provocações maduras de Anita, sendo ela jovem, a tornam muito adulta, um veneno em forma de uma mulher magnética, quase diabólica. Provocações que só poderiam ser acompanhadas por Hypnotic Poison.



Fotos: Frasco Hypnotic . Fonte : Sacks & Americanas.com
DVD Presença de Anita . Fonte: Globo Marcas

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Un Bois Vanille, Serge Lutens


É impressionante como, à medida que conheço o mundo dos perfumes, fica evidente que algumas criações são exemplos típicos de quão satisfatório é o imprevisível. A imprevisibilidade de conhecer um perfume como Un Bois Vanille, o qual dá um outro tom a uma nota como a baunilha, tão banalizada na perfumaria corporal, só podería ser acessível, no mínimo, através do talento de um artista como Serge Lutens.
Ele é, acima de todos, uma nova estética para a perfumaria. A natureza do belo para Serge Lutens é uma beleza que envolve um tipo de estado de graça; é uma forma de construir fragrâncias dentro de uma visão de arte, nada estereotipada. A revelação fascinante dos aromas Lutensianos desenvolvidos, tecnicamente, pelo nose Christopher Sheldrake através dos conceitos do mestre é um deleite para qualquer nariz. Isso porque força uma nova atitude de encarar o perfume como uma obra prima, que pode causar muita dissonância se comparado aos perfumes"fast food" que são lançados no mercado. Em Lutens este é um termo inexistente, não por ser perfumes de nicho mas por que não é o estilo de seu idealizador.
Um olhar estético sobre sua arte perfumística me remete à idéia de uma orquestra, cuja sinfonia é capaz de gerar diferentes emoções, ora dramáticas, ora cômicas, por exemplo. Contemplar sua obra é emocionar-se com os acordes das notas e as sensações imprevisíveis que elas podem causar. Serge Lutens é um maestro dos aromas. As notas de seus perfumes serão regidas de tal forma que a sinfonia olfativa terá uma nova interpretação a cada nuance. Assim é o desenvolvimento dos perfumes de Serge Lutens, um novo paradigma e , logo depois, outro. Novas imagens estéticas que se fundamentam pelo estranhamento, pela descoberta de novos sentidos, pela negação de uma opinião alienada sobre perfumes.
Levando em conta esta nova possibilidade de ver o perfume como uma autêntica arte, exemplifico-lhes que a baunilha de Un Bois Vanille não tem o apelo da baunilha de nenhum outro perfume. O meio no qual ela se desenvolve, atuando com outras notas, não permite um paradigma de massa, como a baunilha de consumo; porque a beleza na qual Un Bois Vanille está inserido não é a beleza da mulher que tem que ser sexy e usar, para isso, um perfume que lhe atribui um poder só afrodísiaco, carnal, sexual. Definitivamente, a baunilha aqui não serve a mulher em um prato apetitoso.




Hernán Cortés

O perfume foi lançado em 2003 e tem notas de leite de côco, baunilha absoluta do México, cera de abelha, benzoin caramelizado, alcaçuz, marzipã, madeira de gaiac , tonka, sândalo. O que confere a típica beleza Lutensiana à fragrância é a ação destas notas com a dark vanilla absoluta , que é nota foco deste especial " eu amo baunilha", tornando-a tão distinta. As notas de saída abrem um aroma mais caramelizado e licoroso que abaunilhado, gerando uma expectativa muito peculiar ( e natural) de qual tipo de baunilha é a de Serge Lutens, a baunilha cuja inspiração vem de um tipo de bebida mexicana tomada por Hernán Cortés, conquistador espanhol em expedição em Texcoco no reino Asteca . Os primeiros acordes são como um mix de um caramelo recém preparado, saído do fogo que é, instantaneamente, adicionado em um taça de licor com pouca quantidade de leite de côco. O início é bem doce, influência da raiz escura e doce de alcaçuz, do marzipã e do benzoin. A pele se aquece tão rápido como se uma dose da bebida tivesse sido tomada em um único gole para aquecer o corpo. A sensação é de que a nota de coconut milk está lá, embora não seja tão nítida como a de marzipã, por exemplo, que atua no perfume remetendo-me a imagem de amêndoas mergulhadas em uma bebida alcóolica. Posteriormente, bem mais posteriormente, a baunilha toma frente como nota do drydown, que é a base do perfume, juntamente com notas mais aguadas e amadeiradas, caracterizando a fragrância como um abaunilhado mais adulto e discreto. Este processo de drydown demora bem mais do que convencional esperado por um perfume de nome Un Bois Vanille e, como tudo que é imprevisível, a baunilha faz jus ao que chamam de vanille boisée, em francês. A grosso modo, uma baunilha vegetal que remete a campos arbóreos; por isso o perfume assume um aroma bem mais próximo à natureza , com um baunilha que é impactada pela presença das notas de madeira de gaiac e , principalmente, o sândalo, mais familiar ao meu nariz.
Um desenvolvimento de notas bem interessante, resultado de uma estética que tem esta intenção: conceber idéias através de um conhecimento de mundo, como foi o caso de uma baunilha de origem mexicana e, com isso, converter estas idéias em um perfume inimitável como toda verdadeira obra de arte. Imperdível se você admira a oitava arte, a de Lutens.



Para conhecer mais sobre Serge Lutens, leia o histórico do fórum autourdeserge.alloforum.com
Fotos: Serge Lutens Site e Wikipedia.org

terça-feira, 9 de outubro de 2007

L de Lolita Lempicka, Lolita Lempicka

Início de semana, novas reviews no blog Perfume da Rosa Negra e espero contar com sua doce presença aqui. Desta vez, optei por fazer algo bem diferente, especial e também doce como sua visita: uma seleção de perfumes que afirmam o meu amor pela baunilha, o meu e de milhares de adeptos sejam da vanilla aplicada à culinária como aromatizante de bolos, biscoitos e tantas guloseimas, como também da nota que é matéria prima fragrante do corpo e base de tantos perfumes.
Baunilha é praticamente um must nas composições da perfumaria atual, no entanto a seleção especial "eu amo baunilha" focará em algumas fragrâncias que levam a baunilha como um elemento estético. Neles, a baunilha é a própria estética em si. É ela que dá a percepção do belo, do efeito contemplativo deste elemento olfativo e constituinte da arte da perfumaria, da sensação prazerosa e confortável.




Para o début da seleção, escolhi L de Lolita Lempicka, criado pelo competente Maurice Roucel, um dos perfumistas mais respeitados dentro do seleto grupo de noses famosos e pelo qual eu nutro uma admiração considerável, não pelos perfumes que ele criou, mas por ser um autodidata da perfumaria, determinado, apaixonado e predestinado à um destino bem sucedido que não lhe exigiu exibir um diploma em perfumaria. Sua capacidade de autoaprendizado é evidente e permeia toda sua carreira. Entre suas criações estão os famosos Tocade , de Rochas e Musc Ravageur, o best seller de Editions de Parfums Frederic Malle.
Lançado em 2006, L de Lolita teve o mesmo destino predestinado de seu criador. Predestinado ao sucesso. É uma fragrância bastante feminina, que só poderia ter sido feita pelo perfumista que é apaixonado pelas mulheres, como diz o próprio Maurice Roucel. Atualmente é uma das fragrâncias mais populares entre os apaixonados por baunilha e, além da vanilla, é acompanhada também pelas notas de laranja amarga, bergamota, canela, musk e a inédita flor imortal Globe amaranthus



As concepções do frasco e do perfume exaltam a figura mítica, também imortal, de uma sereia. Este conceito de L de Lolita engana facilmente qualquer um, porque a primeira sensação que se pode imaginar de um perfume destes é uma combinação cítrica, refrescante e leve. Mero engano. Em L , a bergamota e a laranja amarga lhe conferem uma discreta citricidade 'quente', influenciada pela nota de canela que adiciona à fragrância um perfil mais atraente, exótico e provocante, o mesmo perfil de sensualidade de uma sereia. A nota especiada da canela juntamente com a laranja amarga deflagra uma emoção como o canto de uma sereia. É um tipo de encantamento pelo perfume, como ouvir a doçura dos sons destes seres mitológicos tão sedutores, adentrar-me neste outro mundo, tornar-me a própria sereia envolta pelas flores imortais e um creme de baunilha não invasivo. Algo surreal, impalpável como todo mito. A segunda imagem detonada é o desejo incontrolável de querer afogar-me neste mar azul, abaunilhado. Beber deste líquido, que afeta os sentidos do paladar como todo gourmand.
Na base do perfume, a baunilha amadeirada com nuances de canela co-habitam e podem ser comparadas com a memória olfativa de uma maresia, que é o momento de contemplação e do saborear o momento. Em L, este momento é doce e confortável, tem a beleza de uma baunilha única e diferenciada, assumindo a beleza de uma sereia que se reergue do mar. Um perfume para sereias que desejam mergulhar em um mar de vanilla e simplesmente amar.








Quer um tesouro como aqueles que estão no fundo do mar?
Mergulhe aqui e compare preços de L by Lolita Lempicka.




Imagens: Lolita Lempicka Site
Arte Sereias no madaboutmermaids.com, de Patricia Campbell

domingo, 7 de outubro de 2007

Armani Code for women, Giorgio Armani


Armani Code for women de Giorgio Armani foi lançado em 2006 e criado pelo trio de perfumistas Dominique Ropion, Olivier Polge e Carlos Benaïm, os quais têm em seus currículos, no mínimo, uma outra fragrância criada em parceria entre eles ou, pelo menos, dois deles e mais um perfumista. Além do trabalho em equipe para a criação desta fragrância feminina de Giorgio Armani, já demonstraram trabalhar em equipe, como por exemplo: produções Christian Dior Pure Poison (assinada pelo trio), Euphoria Calvin Klein for women ( por Dominique Ropion, Carlos Benaïm e outro nose Loc Long), Givenchy Very Irresistible for women ( pela mesma dupla anterior e a nose Sophie Labbe), Viktor & Rolf Flowerbomb (criação de Olivier Polge com Carlos Benaïm e Domitile Michalon) e o recente Lancome Miracle Forever (idealizado também por Olivier Polge e Dominique Ropion). Exemplos como estes parecem ser uma constante e um sintoma de que as maisons e as gigantes empresas de aromas e fragrâncias investem no teamwork e creatividade de grandes perfumistas para conceber um perfume de sucesso. Será que de tanto sucesso?
Como consumidora ativa de perfumes com um embasamento mais crítico com relação ao mercado, eu confio no trabalho em equipe de perfumistas pois só com talentos humanos, investimentos e uma busca incessante por um perfume único e inovador, apaixonados por perfumes como eu poderão ter à disposição aromas diferenciados. No entanto, percebo que os perfumes, principalmente os que não são de nicho e exclusivos, estão dentro de uma normalidade que não satisfaz por completo
o consumidor mais exigente . São fragrâncias que mesmo parte da perfumaria fina têm aromas que lembram um consumo massivo, daqueles que se nomeiam como "gostosinho e bonitinho", tantos "inhos" que, no final, o que menos vemos é o termo "baratinho" para estes perfumes. Neste sentido, eu questiono se vale a pena colocar tantos perfumistas em uma sala de criação e investir pesado para atingir um nível standard em perfumaria, que significa agradar o mínimo pssível, possibilitando a conquista de alguns adeptos cujas
aquisições convertam o investimento da maison em lucro.
No caso de Armani Code for women, ele é um bom perfume mas não espetacular. Verificando todas as criações em equipe do trio, percebe-se que quase todos os perfumes apontam para a feminilidade e a sedução assim como Code. Com exceção de Flowerbomb e Miracle Forever, na minha opinião, os demais pregam um conceito de mulher felina, irresistível e enigmática. O poder intrigante de conquistar homens com um perfume mais útil para uso noturno, em um vestido hipnotizante e muito sexy. Para isso, a mulher usa um tipo de código que transmita estas segundas intenções, ela usa Armani Code. Se o homem é atraído pelo código e consegue desvendá-lo, ele chegará à própria mulher e conceberá a "história de um encontro", como diz a divulgação da companha do perfume.
Armani Code é um código interessante, cumpre o bom papel ao qual me referi e só. Não está desalinhado da proposta pois é um perfume de uso noturno, encorpado por um floral com a flor de laranjeira como protagonista. Abre uma saída doce e se desenvolve para a nota de jasmin de Sambac e baunilha que, tradicionalmente, são notas usadas em perfumes mais elegantes, noturnos e femininos como Yves Saint Laurent Cinèma e Boucheron Trouble. Este é o lado bom.
O lado interessante de Armani Code for women é que a flor de laranjeira marca o diferencial do perfume. Uma flor que não costuma atuar tanto em papéis principais em perfumes deste tipo e, tem um conceito bem mais diurno que noturno e bem mais romântico do que felino. Basta lembrar que a flor de laranjeira é difundida e caracterizada como a flor do casamento, das águas de leves banhos perfumados, da revitalização e do frescor. Em Code, a flor de laranjeira assume um papel bem menos leve e bem mais sedutor; um perfume para mulheres que usam a flor como inspiração para incorporar a femme fatale e, quem sabe depois, usar a flor de laranjeira para subir ao altar.



Armani Code está disponível nas lojas on-line, recomendadas pela rede
Bonfaro e Buscafé, basta clicar nestes links para comparar os preços

Foto: Campanha divulgação Armani Code. Fonte: Site Sack's

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Perfumaria oriental - Oud Singapore perfume Oil


É impressionante o quão tolerante aprendo a ser para admirar os perfumes e as obras primas da perfumaria mundial. Cada dia é uma oportunidade de identificar que os odores são atemporais e sem barreiras, fazendo com que eu me desloque para outras regiões do mundo e aprenda a desenvolver um novo mindset aromático que valoriza diferentes culturas envolvidas. No caso da perfumaria oriental, o que inclui a perfumaria do Oriente Médio, Leste e Sudeste Asiático e , sobretudo, oriental as fronteiras só existem no plano terrestre. Os cheiros provenientes destas regiões elevam-se a um plano espiritual como se uma parte de mim saísse do corpo físico e viajasse para estes países, contemplando a beleza das nuances olfativas de seus óleos perfumados. É uma viagem para cidadãos do mundo dos cheiros, para aqueles sem nacionalidade 'perfumística', para aqueles que não enxergam só o perfume em si, destacando somente o que lhes agrada, mas enxergam além dos aromas, enxergam o perfume como parte de uma cultura e, como toda cultura, digna de ser respeitada e aceita.
Desta vez, minha viagem olfativa foi para Cingapura na Malásia, país localizado no Sudeste Asiático. O passaporte aromático foi Oud Singapore, também conhecido como Singaporian oudh, um óleo perfumado clássico na perfumaria oriental. Um odor pungente e surpreendente, capaz de iniciar qualquer viagem com um aroma doce e enigmático e despertar sensações múltiplas no decorrer da evolução do perfume.
O primeiro retrato do parfum oil é sua viscosidade, bem alta em comparação a outros óleos. O famoso thicky oil, como se diz em inglês: textura densa, pesada e pegajosa; no entanto como todo óleo de qualidade excepcional a absorção do mesmo se faz rapidamente. Esta característica viscosa está relacionada à saída de Oud Singapore, doce, agarwoodiana, com undertones semelhantes a um mel amadeirado, inédito para meu olfato. Este estilo honey de ser proporciona uma sensualidade à fragrância, algo mais sultano e exótico.






Após esta primeira fase, o desenvolvimento requer a tolerância dita inicialmente. O cheiro remonta a uma das facetas econômicas de Cingapura, sua borracha. Oud Singapore incendia a pele com uma nota resinosa, como a goma plástica. Neste momento, minha viagem foi de um extremo de satisfação para um extremo de um aparente tentativa de aceitação; a aceitação de visitar um lugar diferente de Cingapura, como campos de cultivo da Singaporian Rubber ao invés de uma paisagem mais sofisticada e urbana. Como o mundo dá muitas voltas, deparei-me com o impasse de ver-me seduzida por uma nota que eu rechazei em Tubereuse Criminelle de Serge Lutens, a nota que lembra borracha, pneu, gasolina. Não deixa de ser uma bela lembrança se relacionada com um retrato de um Jeep próximo a uma plantação de borracha em plena paisagem malasiana.






Oud Singapore surpreende do início ao fim e, para a minha própria felicidade, a base da fragrância tem a beleza de um agarwood encorpado pela memória olfativa de um doce que, paradoxalmente, está e não está na base, levemente resinoso. Esta beleza não tem preço e vale cada gota deste óleo, mesmo com a passagem aromática da borracha, tão estranha ao meu olfato. Por isso, repito: "
É impressionante o quão tolerante aprendo a ser para admirar os perfumes e as obras primas da perfumaria mundial".

Oud Singapore está disponível para encomenda na Salihahbeauty
na cotação atual de R$ 155,00 (3 ml ) + frete nacional.


Fotos na sequência: Plantação de borracha.
Borrachas. Fontes: Petrolex
e Interlatex