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sábado, 9 de agosto de 2008

Tam Dao, Diptyque


Tam Dao, fragrância da casa de perfumes francesa Diptyque foi lançada em 2003 e criada por Daniel Moliere. Tem simplicidade e graça muito belas e memoráveis considerando as fragrâncias que pertencem a esta família olfativa. Basicamente, é um perfume verde amadeirado, ornamentado com acordes sutis e refinados de madeiras e tem uma base de sândalo diferenciada. Tam Dao inclui notas de madeira de rosa, madeira de cipreste, âmbar cinzento e sândalo.

A beleza de Tam Dao como uma arte de desenhar uma fragrância é a aura que evoca um agradável aroma de simplicidade com elegância levando em consideranção as características de suas notas amadeiradas. A criatividade de mesclar madeiras de típicas árvores de aroma opulento transformando escuridão em transparência é a maravilha para o meu nariz, espírito crítico e perfumado. Definitivamente, uma fragrância leve e pura, maravilhosamente transparente em contraste com a obscuridade dos perfumes amadeirados é a riqueza de Tam Dao.

Uma borrifada de Tam Dao na minha pele e o sentimento imediato é de estranhamento, uma faceta herbal amadeirada que tem um cheiro forte para o meu olfato, mas o perfume está aqui e deixo-me guiar pelas sensações dele. O aroma pesado da nota de cabeça é a madeira de rosa, madeira de coloração avermelhada; mais tarde estes acordes de um verde amadeirado começam a desenvolver um aroma relaxante.

Um sentimento de paz ao cheirar Tam Dao explora minhas sensações bucólicas. De repente, estou em um lugar desconhecido, nunca antes visto, quase silencioso e sinto somente o fôlego do vento e o cheiro da natureza. Um delicado e cativante sillage toma espaço e então um irresistível toque de âmbar cinzento aquece minha pele, fazendo com que eu me lembre que a natureza me abraça, que as árvores perfumadas me agarram.

O encantador âmbar cinzento, bem evidente para aqueles que estão familiarizados com esta nota e muito usado na perfumaria oriental me atrai mais, sempre mais para este tour olfativo de Diptyque; celebrando esta adorável perfumaria do oriente, guiando-me para uma nova e interessante descoberta de mais um perfume de nichia. Além disso, as nuances diversas das notas amadeiradas capturam a essência do original Tam Dao no Sul-Leste Asiático, um lugar com a diversidade de raras árvores.

O âmbar cinzento deixa o rastro por pouco tempo, no entanto o suficiente para expressar, de uma forma etérea o esplendor desta nota oriental em um perfume parisiense. Um pouco mais adiante, no drydown, há uma explosão de sândalo tão transparente como as outras notas amadeiradas, de efeito calmante e não dominante como usualmente é encontrado na perfumaria.





Tam Dao foi uma experiência olfativa que trouxe a imagem da natureza até mim, não a selvagem mas a impressão de uma natureza simples e calma, a impressão de uma pintura de Van Gogh: The Cypress Trees. Fui levada para a época do meu amado pintor pós-impressionista. Não foi somente por causa de sua pintura e as imagens de madeiras e árvores na minha mente mas por causa da vida de Van Gogh.

Ele pintava de uma forma frenética, quase visceral explorando suas profundas emoções, pinceladas incontroláveis como o escapismo da turbulência, da solidão e da loucura. Suas pinturas eram simples como a fragrância de Tam Dao mas capazes de capturar a expressão das árvores. Sua mente foi tão atormentada e, então, imaginei que Tam Dao poderia trazer-lhe o efeito relaxante do sândalo, a beleza verde dos ciprestres, a beleza e a força da madeira de rosa. Eu pensei em Van Gogh.

Tam Dao foi inspirado por um lugar asiático, então lembrei-me de que Van Gogh encontrou paz em algo relacionado à Ásia. Ele amava a arte japonesa e suas composições simples, embora produzidas com a intensidade oriental. Lembrei-me de que Van Gogh não teria cortado parte de sua própria orelha se tivesse sentido o aroma de Tam Dao; certamente o perfume lhe traria alguma alegria e tranquilidade, ao seu espírito poderia ser dado um novo vigor, uma nova vida e acalmado sua alma sofrida.




Sentir o perfume Tam Dao e pensar em Van Gogh foi um sonho de escapismo que me possuiu . Eu pintei a visão e as nuances deste perfume. The Cypress trees estavam lá e eu estava caminhando calmamente próxima a elas, usando Tam Dao, sentindo o amadeirado que perpetuava-se na minha pele, a serenidade e alguma inspiração que trouxesse paz para minha alma. A caminhada durou um bom tempo para uma delicada fragrância verde amadeirada e deleitei-me com a natureza da terra, da grama enquanto comtemplava a impressão de ser parte do quadro de Van Gogh.
O primeiro cheiro foi como um passo para estes mundos da arte. E eu, Van Gogh e Tam Dao estamos lá.


(English Version - Tam Dao, Dyptique Paris)

Tam Dao, fragrance of the French Perfume House Diptyque was launched in 2003 and designed by Daniel Moliere. It has a memorable and beautiful simplicity and grace among fragrances which belong to its olfactory group. Basically, it is a green woody perfume ornamented with subtle and refined blending of valuable woods accords and an unusual drydown of sandalwood. Tam Dao includes notes of rosewood, cypress wood, ambergris and sandalwood.

The beauty of Tam Dao as an art in fragrance design is the aura that evokes a pleasant smell of simplicty with elegance bearing in mind the characteristics of its woody notes. The creativeness of blending dark woods of these typical trees transforming their darkness into clearness is a wonder to my nose , fragrant spirit and critic. Definitely, a light and
clean fragrance, terrifically transparent in contrast to the natural heaviness of woody perfumes is the richness of Tam Dao.

A spray of Tam Dao on my skin and my immediate feeling is a strangeness, a herbal woody facet which smells a little strong to my olfaction, but the smell is here and I let Tam Dao guide my sensations. The heavy scent of the top heady is Rosewood, a dark reddish wood; later these accords of a green woodiness start to develop to a relaxing smell.

A peaceful feeling of smelling Tam Dao explores my bucolic sensations. Suddenly I am in a unknown place, never visited again, quite silence just feeling the breath of the wind and the smell of the nature. A subtle and captivating sillage takes places and then an irresistible touch of ambergris warmed up my skin, making me remember that the nature embraces me, fragrant trees hold me.

The enchanting ambergris, really evident for those who are familiarized with this note and very used on East perfumery attracts me more and more to this Diptyque olfactory tour that celebrate the adorable Oriental perfumery, leading me to a interesting niche perfume discovery. Besides, diverse nuances of woody notes capture the essence of the original Tam Dao in South-East Asia, a diverse place of precious trees. The ambergris lingers for a short time, however enough to express etherealy the splendor of this oriental note in a parisian perfume. Later on the drydown, there is an explosion of sandalwood as clean as the others woody notes, very relaxing and not prominent as usual on perfumery.

Tam Dao was an olfactory experience that brought to me the image of nature, not a wild one but the impression of a simple and calm nature, a impression of a Van Gogh's paiting, The Cypress Trees. I was transported to these times of my beloved Post-Impressionism painter. It was not only because of his paiting and woods and trees images on my mind, but because of Van Gogh life.

He painted in a frenetic form, quite visceral exploring all his profound emotions , uncontrolled strokes to escape from his wildness, solitude and madness. His paitings are simple like Tam Dao fragrance but are able to capture the expression of the woods. His mind was tormented and then, I imagined that Tam Dao would bring him the relaxing property of sandalwood, the green beauty of the cypress trees, the sweetness and strength of rosewood. I thought of Van Gogh.

Tam Dao was inspired by some Asiatic place, then I remembered that Van Gogh found some peace in something related to Asia. He loved the japanese art, its simple compositions however produced by the oriental intensity. I remembered that Van Gogh would never cut a part of his own ear if he had smelt Tam Dao certainly the perfume would bring him some joy and tranquility, his spirits would be given a new vigor, a new life and would refresh his suffering soul.

Smelling Tam Dao and thinking of Van Gogh was a scaping dream that possessed me. I painted a vision and nuances of this perfume. The Cypress trees are there and I was walking calmy near to them, wearing Tam Dao, feeling the woodiness sillage , the serenity and some inspiration to feel peace in my soul. The walking lasted a good time for a delicate green woodiness fragrance and it was amused the earthiness of grass while contemplating the impression of being part of a Van Gogh's painting.

The first whiff was like a step to these art worlds: perfumery and paiting. and I, Van Gogh and Tam Dao are there.



For purchasing information , under Diptyque Boutiques
Images (all copyright reserved to sources)
Cypress Trees, Vicent Van Gogh. Source: Art of Europe
Diptyque Tam Dao bottle. Source: Basenotes.net
Vincent van Gogh. Self-portrait. 1887. Oil on canvas. Musée d'Orsay, Paris, France
Source: ABC Gallery

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Imagem da semana/ Image of the week




Há imagens que têm cheiros muito bons, cheiram a aromas esplêndidos,
exalam a paixão por perfumes.
Imagens que misturam os sentidos da visão e do olfato
e produzem um imaginário e fantástico aroma.
A cada semana uma imagem para os amantes de perfumes
Aromas estão em todos os lugares e aqui também.
Contemple cada imagem
Inspire-se e use uma fragrância bem perfumada.

There are images that smell very good, smell splendid scents
smell the passion for the perfume.
Images that blend senses of vision and olfaction
and produce a imaginary and fantastic smell.
Every week a image for perfume lovers.
Scents are in all the places and are here.
Contemplate each image
Be inspired and wear a fragrant perfume

(Cris Rosa Negra)

This
image is property and courtesy of Symrise. Credits and all rights reserved to Symrise.
When using this image please put "courtesy of Symrise" in the picture credits.
Source : Symrise AG

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Perfumaria árabe: Musk Egípcio / Arabian Perfumery: Egyptian Musk


Os fãs da perfumaria oriental, da cultura egípcia e de perfumes em óleo suaves, versatéis e sensuais ficarão empolgados com o aroma do musk egípcio, um dos clássicos attars, best-seller no exclusivo nicho da perfumaria do Oriente Médio. Nas regiões árabes, este perfume em óleo é o aroma da doce beleza, da benção relaxante, do coração sagrado, do poder do encantamento, por ter estas várias propriedades, o Musk Egípcio é um must-have para ualquer um que deseja ser envolvido por esta aura maravilhosa.

A fragrância é uma das minhas favoritas entre os da coleção de attars e a melhor fragrância para experimentar, caso não esteja familiarizado com a perfumaria árabe e os seus intrigantes e nada comuns aromas. É a melhor maneira de ter menos riscos daquele sentimento de estranhamento quando experimenta-se cheiros exóticos. Descrevo Musk Egípcio como um attar múltiplo, é compartilhável por mulheres e homens, no entanto meus pensamentos sobre o perfume estão relacionados ao universo da mulher. O aroma é muito feminino, quente, poderoso e sedutor, mas por outro lado, é leve, frágil e romântico como a mulher que deseja ser completa como mulher, em todos os sentidos, ações e emoções, na sua real essência.

Somente para dar uma idéia sobre a fragrâcia, o Musk Egípcio é uma das notas incluídas na criação do adorável
Narciso for her EDP concebido pelos perfumistas Christine Nagel e Francis Kurkdjian em 2003. Narciso for her EDP tem um mix de acordes florais, musk, madeiras e baunilha, mas a brandura do doce aroma e a feminilidade mantêm ainda o Musk Egípcio como a principal nota.



Há alguns perfumes que amamos na primeira cheirada, se saem muito bem no olfato, em cada toque na pele e em tantas sensações incríveis em uma única vez. Musk Egípcio é como o Rhila, como dito no árabe, significa viagem. Neste caso, este attar é uma viagem para o Egito Antigo. O nariz sente o perfume em óleo e, imediatamente, sou transportada para aqueles misteriosos e refinados velhos tempos. O óleo sedoso enche-me de vida e de poder, completamente vaidosa, radiante e refinada. O attar entra em minha mente e estou no Reino de Cleopatra, a rainha do Egito.







Independentemente do aparente desenvolvimento linear da fragrância, as notas mescladas com musk branco , toques secretos e mágicas de acordes de rosas e o aroma de um doce musk envolvem os sentidos fabulosamente. Este agradável cheiro desperta uma obsessão pelos pulsos, pescoço e todos os pontos onde o perfume em óleo foi espalhado. A mesma obsessão sentida pelos amantes de Cleopatra, constantemente os seducindo, os envenenando com o seu charme intoxicante. O aroma como o mesmo veneno que a matou. A diferença aqui é que Musk Egípcio é um veneno esplêndido, entao deixe-se ser picado por este cobra-attar.





Musk Egípcio disponível para envio nacional pelo email salihah.beauty@gmail.com .
Aceita-se depósito bancário e envia-se para todo o Brasil.

(Perfume review - English version)

The admirers of East Perfumery, exotic culture of Egypt and soft, versatile and sensual parfum oils will be excited to smell Egypthian Musk, one of the classic attars , best-seller of this exclusive niche from Middle Eastern. In Arab regions this parfum oil is the smell of the sweet beauty, the relaxing blessing , the sacred heart, the power of enchantment because of its various properties, Egypthian Musk is a must- have for everyone who whishes to be involved by this marvellous aura.

The fragrance is one of my favourites among my attars collection and the best fragrance to try if someone is not familiarized with Arabian perfumery and its intriguingly unusual smells. It is the best way to take less risk of having a feeling of strangeness when taste these exotic smells. I describe Egypthian Musk as a multiple attar, it is wearable for women and men, however my thoughts about the fragrance are related to female universe. The aroma is very feminine, warm, powerful and seductive ,but on the other hand, light, fragile and romantic, like a woman who desires to be complete as a woman, in all her senses, actions and emotions, in her real essence.

Just to give you an idea about the fragrance, Egypthian Musk is one of the notes included in the creation of the adorable Narciso for her EDP created by noses Christine Nagel and Francis Kurkdjian in 2003. Narciso for her EDP has a blending of floral accords, musk, woods and vanilla, however sweetness and femininity are kept having the musk note as a key note.


There are some perfumes that we love at first whiff, work well on the olfactation, on each touch of skin and many amazing sensations at once. Egyptian Musk attar is a Rhila, as said in Arabic, means travel to the Ancient Egypth. The nose feels the parfum oil and, immediately, I am transported to these misterious and refined old times. The silky oil makes me full of life and power, completely vain, effusive and refined. The attar gets inside of my mind and I am in the Kingdom of Cleopatra, the queen of Egypt.


Apart from the apparent linear fragrance development, the notes blended with white musk, hints of secret and magical rosy accords and sweet-smelling musk which involve the senses fabulously, this pleasant smell brings some obsession with pulses, neck and all points where the parfum oil was spread. The same obsession felt by Cleopatra's lovers, constantly seducing them, poisoning them by her intoxicating charm. A smell like the same poison that killed herself. The difference here is that Egyptian Musk is a stunning poison, so be bitten by this snake-attar.


Egyptian Musk is avalaible for worldwide shipment by Email salihah.beauty@gmail.com . You can pay using your pay pal account

Photos: Egypthian Musk . personal photo

Elizabeth Taylor pictures - movie Cleopatra (1963). Source: Wikipedia Cleopatra and the snake, unknown author. Source : http://ancienthistory.about.com

Rhila is the cd of Douglas Felis, a great musician whose work is a fusion of arabian, sufi, indie and many East music. Visit him at my space http://www.myspace.com/douglasfelis

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Poetic Homage to Parfumer: Serge Lutens & Christopher Sheldrake


Je suis né au Printemps
et suis Flora,
la déesse des fleurs
avec vous parfum des
fascinante roses
vous, mon Dieu Lutens
me faire la Majesté

de pure beauté

la plus parfaite
la plus divine
Virginalement

désirée
Magnifiquement
parfumée


(by Cris Rosa Negra, Fragrance Writer from Brazil)

"Monsieur Serge Lutens and Christopher Sheldrake, thanks for creating my Sa Majesté la Rose"

Paiting: Zephyrus wooing Flora, by Henrietta Rae. Fonte: artmagick.com

terça-feira, 22 de julho de 2008

Perfume e viagem: Rota do Perfume com Sonia Corazza

Não existem tantas delícias na vida como o prazer de uma viagem encantadora à França, o berço dos aromas mais cativantes e elegantes. Nesta França das delícias , somam-se os prazeres do paladar e do olfato, respectivamente, com o sabor de vinhos que detonam os mais degustativos desejos e o aroma de perfumes que detonam as mais contemplativas imagens de uma viagem inesquecível, a da Rota Francesa da Perfumaria e do Vinho.

Mais um projeto diferenciado e criativo lançado pelo beleza inteligente, dirigido pela competente Sonia Corazza, a rota Francesa da Perfumaria e do Vinho é o inovador roteiro de unir vinhos e perfumes, duas paixões master para elegantes apreciadores. Sob a orientação de Sonia Corazza, engenheira química com mais de 30 anos de experiência na área cosmética, P&D e mercado e da conceituada Sommelier Silvia Mascella Rosa, formada pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), a Rota Francesa da Perfumaria e do Vinho irá saborear e perfumar sua vida com momentos especiais, com muito conhecimento e prazer. E antes de embarcar para a França, real ou imaginária, lembre-se das palavras de Sonia Corazza em entrevista para a Revista Adega, "O vinho é um perfume para beber"(1).

E eu, Cris Rosa Negra, complemento "O perfume é um vinho para cheirar com o mais requintado e experto dos gestos. Assim como o Sommelier aprecia o aroma e sabor especial de um vinho antes de sugerir um prazeroso gole, assim também o perfumista aprecia o aroma harmonioso de um perfume antes de concebê-lo por completo, brindar-nos com o aroma que embriagará nosso olfato, inebriantemente.

Boa viagem a todos os inscritos!

Para informações e inscrições acesse o site beleza inteligente, clicando no link aqui

(1) Extraído do artigo A linguagem dos perfumes visitando o mundo dos vinhos Por Sonia Corazza, Revista Adega

Banner de divulgação com todos os direitos reservados ao site Beleza Inteligente.

domingo, 20 de julho de 2008

Ambre Narguile, Hermèssence Hermès Collection

Jean-Claude Ellena, o fabuloso perfumista da casa de perfumes Hermès e um dos meus genious noses preferidos criou em 2004 a obra prima Ambre Narguile; parte da coleção exclusiva Hermèssence que também apresenta mais 4 fragrâncias, Rose Ikebana,Poivre Samarcande, Vetiver Tonka e Osmanthe Yunnan.

Jean Claude, reconhecido por criações cristalinas, divinamente minimalistas desenvolve em Ambre Narguile acordes mais suntuosos. A fragrância apresenta facetas olfativas mais complexas com notas levemente gourmands, especiadas, resinosas e incensadas que envolvem a pele em uma segunda pele imponente e cativante, sensualmente quente e misteriosa, exalando uma fumaça hipnotizante no ar, voluptuosamente viciante.




Narguilé, Arguile ou Shisha é um cachimbo de água tradicional do Oriente Médio e Norte da África e amplamente utilizado em vários países no mundo. Tradicionalmente usam-se misturas de tabaco, melaço, frutas e aromatizantes que provocam efeitos degustativos e olfativos nos sentidos. Este cachimbo é parte da cultura oriental, um dos objetos mais orientalistas relacionados ao prazer, neste caso o de fumar e extasiar-se com sabores e aromas da Shisha egípcia; no entanto pode proporcionar sensações múltiplas quando acompanhado de músicas, danças, belezas e ambientes exóticos.









Ambre Narguile tem a perfeição da mais deslumbrante das Shishas, trazendo à memória o momento espetacular do mais raro dos Narguiles da Antiguidade. Só reafirma o que pensa o perfumista a respeito de suas próprias criações: elas são como poesias da memória.

Nesta memória do Oriente, o perfume tem o poder masculino de um Sultão, único, exaltado e desejado por odaliscas, concubinas e esposas e a beleza feminina e doce da mais bela e elegante do Harém, a favorita, a escolhida, a mais talentosa nas artes da dança, música e artes sensuais, a que de odalisca passa à condição de esposa amada no coração do Sultão.


O Narguile dele é o Narguile dela , portanto um perfume compartilhável entre os sexos. Entre baforadas que nevoam o leito majestoso com as mais caras especiarias e aromas, nasce o prazer volátil porém permanente de Ambre Narguile em corpos irresistivelmente erotizados, almas entregues ao delírio carnal e espiritual, cobertos pelo mais luxuoso cashmere imaginado por Jean- Claude Ellena.








Ambre Narguile mantém o refinamento digno de uma casa Hèrmes, glamouroso em toda o desenvolvimento olfativo como o mais grandioso dos palácios. A elegância combina com a entrada de notas complexas e mix diferenciado, no qual se mistura um efeito quadridimensional smoky spicy, incense e woody com nuances atabacadas de mel, amber, caramelo,madeiras e muita canela. Esta saída é estranhamente constante pois, ambiguamente, ainda permanece e muda a evolução como a fumaça enfeitiçante de um Arguile. No desenvolvimento do perfume, nota-se uma baunilha atabacada em uma base resinosa, base tal derivada dos acordes da canela e labdano. A intensidade da canela em Ambre Narguile evoca a riqueza de seu paladar e olfato aromáticos e o quanto era valorizada na Antiguidade como matéria fragrante.

Como um perfume mágico, um tesouro de Hérmes, o perfume contém sementes de sésamo, simbolo da vida eterna e que o imortalizam como um perfume para noites árabes, calorosas e duradouras assim como seu sillage. Como as mil e uma noites, ao tocar o frasco da fragrância, todo o desejo é sussurar com suspiros míticos: "Abre-te, Ambre Narguile" e leva-me para as noites egípcias de Shisha, ao som de alaúdes, tablas e derbakes.









From Memphis to Heliopolis - Phil Thornton & Hossam Ramzy




Notas de Ambre Narguile: Benjoin, Labdano, almíscar, baunilha, caramelo, mel, tonka bean açucarada, sementes de sésamo grelhadas, canela, rum, coumarina e orquídeas brancas. Coleção exclusiva Hermessence somente disponível no exterior, consulte o site oficial Hèrmes

Fotos na sequência: Foto Ambre Narguile, fonte : For the love of perfume
Harem Servant girl, de Paul-Désiré Trouillebert .Fonte: WikimediaCommons

Une Odalisque, de Frederick Arthur Bridgman. Fonte: Frederick Bridgma Blogspot


Odalisque, Mariano Fortuny Marsal. Fonte: Allpaintings.org



The Harem dancer, de Hans Zatzka. Fonte: Orientalists.org

terça-feira, 15 de julho de 2008

Body Kouros, Yves Saint Laurent



Body Kouros, um dos legados da perfumaria do saudoso Yves Saint Laurent (1936-2008), foi criado pela nez(nariz, em francês) Annick Menardo como uma representação do homem Kouros, palavra grega que simboliza a juventude masculina, o homem belo em virtudes, esculturalmente bem delineado em sua forma física, com corpo ereto e nu como símbolo da virilidade e da perfeição. No período greco-arcaico, as esculturas Kouros representavam homens jovens cujos atributos de harmonia, estética corporal, elegância e pura graça os concebiam como descendentes de Apolo, o Deus grego da beleza, das artes, da poesia e da música.

Para conceituar a fragrância Body Kouros, diferente do seu clássico antecessor Kouros (chipré especiado, tradicionalmente, amado ou odiado, criado por Pierre Bourdon in 1981), Annick Menardo criou um perfume mais jovial , incensado e adocicado, classificado como um oriental especiado com notas de incenso, noz moscada, eucalipto , cedro da China e notas resinosas de cânfora amadeirada (camphortree) e benjoin.

Se os deuses da Grécia Antiga eram imortais, mas seus sentimentos eram humanos, então os homens podem ter o desejo de imortalizar-se como divindades humanas usando Body Kouros. Deliciosamente perfumados como um Apolo que atrai musas para as mais diversificadas reações sensoriais e físicas.
Body Kouros penetra no âmbito deste cenário grego com o deleite de uma saída de notas incensadas e especiadas que atraem ninfas exuberantes no Olimpo. Este incenso é envolvido pela base que, ainda não totalmente balsâmica e doce, explode ondas verde-amadeiradas, tenuamente medicinais de eucalipto e Cedro, como um alucinógeno phármakon grego capaz de transferir homens e mulheres para o Olimpo, ao encontro das sensações da beleza entorpecedora de Afrodite, do amor erótico de Eros, do êxtase orgiástico de Dionísio e da arte poética de Apolo; para a contemplatação olfativa do divinal e do profano, da pureza e da luxúria, do bem e do mal.

A pele exala o aroma do Olimpo, tudo em um blending olfativo ornado de nuances cristalinas, porém viris. Cristalinas como musas de Apolo que dançam suavemente ao seu redor, enfeitadas com grinaldas, cítaras, rosas e túnicas transparentes; exibindo seus corpos virginais quase desnudos, na iminência de serem desposados com o mais belo e másculo dos membros.


Quando Apolo está completamente deslumbrado com o poder da sua fragrância sobre suas protegidas e amantes musas, um desconcertante efeito balsâmico toma lugar do espaço olímpico; doce e atrativo que, misturado à névoa incensada da fragrância, desperta o jovem Kouros para o prazer luxuriante. Vagarosamente, a composição é envolvida por notas sutilmente intensas de camphorwood e benjoim. São notas resinosas, misteriosas e provocativas como rastros de um aroma sensual para atrair ménades de Dionísio.

Surgem dionisíacas endoidecidas por este odor, cada vez mais lascivas, delirantes e embriagadas para devorar o corpo Kouros. Cercados de ninfas e bacantes, os deuses humanos que usam Body Kouros morrem como estátuas. Já não são mais Kouros, seus corpos já estão entregues ao prazer terreno, o da carne perfumada.

Fotos: Publicidade Body Kouros, YSL. Images de Parfums

Kouros e Afrodite . Wikipedia.org

Musas gregas, Pantheon.org

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Poetic Homage to Parfumer: Maurice Roucel



"I am your Mermaid, your Syren
My song is in the air
as sweet as my parfum
always luring you
you, my parfumer"


(by Cris Rosa Negra, Fragrance Writer from Brazil)

"Maurice, thanks for creating my L de Lolita Lempicka"



Paiting: The Fisherman and the Syren, by Lord Frederick Leighton. Fonte: Art Renewal Center

domingo, 11 de novembro de 2007

Clair de Musc, Serge Lutens


Quando olhamos um frasco de perfume, não visualizamos somente a embalagem,o formato, os detalhes, as cores; vemos além do frasco. Olhamos o líquido, a coloração, o aroma, a textura. Depois supomos como é o seu comportamento na pele, as sensações que ele despertará em nossos sentidos, suas virtudes e defeitos e, finalmente, imaginamos como será a alma desta fragrância, o seu mistério, a sua riqueza.Clair de Musc , como o próprio nome diz, fez-me pensar na transparência do almíscar, nota que é a alma do perfume. Como toda alma, esta nota olfativa tem o peso de um cristal que reflete o seu brilho na pele, assim como a alma que brilha e se eleva na escuridão.
A coloração do líquido não é tão clara, mas os acordes são límpidos e ricos na própria simplicidade. O perfume têm como notas principais o almíscar vegetal, o almíscar atalcado ( também conhecido com pudriger Moschus, em Alemão ou Musc Poudré, em Francês), Bergamota, Néroli, Jasmin, Íris de Toscana, Santal de Mysore e grãos de ambreta. Uma variedade de notas que enriquecem um aroma transparente em sua totalidade; notas que dialogam entre si e se complementam.
A saída de Clair de Musc é delicadamente atalcada pela ação do almíscar poudré e da Íris. Este efeito é protagonista na ação olfativa inicial, no entanto nota-se que não é qualquer classe de powdery. É um atalcado refrescante, influenciado pela ação coadjuvante da bergamota que, embora nada cítrica, nada padrão, traz a sensação do dia e todas a claridade, do frescor poudré refinado, da pele irradiando os raios do sol.
À medida que o perfume evolue, o tênue atalcado mescla undertones com as notas florais. Neste caso, mais jasmin e menos néroli. O jasmin discreto segura a base floral do perfume e, de forma muito interessante, não invade a ação do almíscar poudré pois é um jasmin que se junta ao abstracionismo do perfume. Ele está lá mas atua como o recorte de um cristal, aquele no qual se olha para uma face e se vê o reflexo de outro recorte e assim por diante. O néroli , conhecido pela sua ação mais especiada, acaba assumindo um outro papel nesta fragrância etérea. O papel frustrado de trazer o perfume ao terreno. O especiado é quase nulo, somente perceptível se aspirado bem próximo à pele e, mesmo assim, sem grande ação. A beleza da ação do néroli é afirmar que o caráter espiritual da fragrância é o grande diferencial da Clair de Musc; um caráter intocável, uma beleza angelical que não pode ser terrena ; uma beleza que valoriza o almíscar branco e outros subgêneros de notas do próprio almíscar como o poudré e as sementes de ambreta, que é uma planta musk.
Em Clair de Musc não há espaço para o perfume-corpo, que sendo animálico e provocante o liga à terra. Aqui, o que fascina é a pureza da alma do perfume que o une a algo superior, abstrato e luminoso. É como vestir um tecido de chiffon branco esvoaçante ou um leve tecido transparente, fechar os olhos e imaginar-se nas nuvens tocando as mãos de Deus.




Foto: Clair de Musc, Site Serge Lutens Shiseido
The Creation of Adam (detalhe) , fonte: Global Gallery

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Datura Noir, Serge Lutens


Datura Noir é o perfume da misteriosa e hipnótica flor de Datura, dissimulada assim como todas as notas deste perfume logo no início. A dissimulação olfativa em Serge Lutens é doce, atraente e, intempestivamente, temporária como um leque de opções de pequenos atalhos, ela te seduz para fazer-te seguir vários caminhos, todos efervescentes e serenos, como paradoxos que se unem, para o bem ou para o mal. As notas encobrem quem são como esconderijos neste caminho, elas podem confundir teu olfato como pedras te fazendo tropeçar e , mesmo assim, o desejo que terás é levantar-te e encontrar o mapa deste labirinto olfativo, mapa que somente Serge Lutens terá.
Datura Noir é uma destas obras de dissimulação olfativa em forma de conteúdo e frasco de perfume. A fragrância não finge muito, simplesmente porque o mecanismo de defesa incial de todas as notas é só um tipo de sedução e de diferenciação do perfume. O desenvolvimento é bárbaro, gradual e deslubrante e a única intenção hostil do perfume é envenenar-te com esta flor de Datura, rara e tida como a flor diabólica e noturna.
A saída do perfume abre todos os caminhos possíveis como um labirinto, praticamente as notas principais estão presentes: flor de datura, amêndoas, côco, tuberosa e heliotrópio.






Para quem tem a experiência memorável de confrontar-se com muitos atalhos em forma de notas olfativas, o labirinto aromático da saída em Datura Noir é como um quadro abstrato que, embora aparentemente sem nexo, ainda parece ter uma organização. Uma arte perfumada que compila inúmeras imagens de matérias fragrantes, não tão claras mas presentes. As notas florais são como contemplar a lembrança do jardim, como no quadro de Paul Klee, saber que estão lá, mas ainda não como protagonistas da evolução deste caminho. As demais notas servem como focos de obstinação, por algo que provoca o desejo e a realização deste. O desejo de envaidecer-se com o corpo macio e adocicado das mesmas.
O blending das notas acima é suntuoso e instigante com ondas de um calor insuportavelmente cativante no início. A doçura amendoada, a tuberosa narcótica, as insinuações macias do côco atiçam o desejo indestrutível de conhecer a flor de Datura e ir de encontro às delícias encorpadas na base como a baunilha, o tonka bean e o almíscar.O aroma doce chega a sufocar o olfato como uma droga que trará uma sensação libertadora.
Em pouco tempo, após a entrada majestosa do labirinto olfativo digno de Serge Lutens, o perfumista prova que sensações olfativas e libertadoras fazem parte de sua alquimia de nicho. O doce diminui expressivamente, notas de amêndoas cedem bem mais espaço a toques de um floral abaunilhado muito leve que toma conta do perfume.Neste momento é como ver um novo atalho, iluminado, elegante e decorado com flores de datura, claras e decorativas. A beleza do desenvolvimento se dá com esta abertura do floral após um início compilatório de notas. A flor de Datura, inicialmente dissimulada, abre-se na pele, desvenda sua magnitude e a de seu idealizador. Algumas vezes fica mais adocicada, outras vezes mais amendoada, como caminhos aromáticos que se abrem surpreendentemente.
Após duas horas de evolução, o perfume atinge o seu momento conforto. O caratér hipnotizante torna-se mais manso como de quem abre os braços para um abraço sensual e carinhoso. A nota de tonka bean é aparente e confortável juntamente com a baunilha, ambas seduzem para um afago na pele e dão uma sensação olfativa e afrodisíaca de um discreto aroma de chocolate.
A lembrança do labirinto olfativo é constante, no entanto agora o mesmo não está mais encoberto. As flores desabrocharam e abriram caminho para as demais notas de Datura Noir.




Foto: Arte Remembrance of a Garden , Paul Klee
Vídeo: Datura flower , courtesia Youtube

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Inspiramos o perfume, inspiramo-nos em Serge Lutens

Na continuidade de uma homenagem, não há nada melhor do que mostrar um pouco do que pensa o homenageado. Para isso, selecionei a entrevista mais inspiradora de Serge Lutens, porque assim como inspiramos o perfume, inspiramo-nos em quem o cria. Serge Lutens é pura inspiração.
Embora de poucas palavras, mansas e até filosóficas em muitos aspectos, a entrevista que ele concedeu a Plurielles França é , como se diz em inglês, breathtaking. Uma entrevista sucinta cheia do espírito Lutensiano, sensível , inteligente e espontânea. Como blogger fã, eu não preciso seguir com as palavras agora. A palavra é do mestre.




Merci por existir, Lutens!

Depois de vários anos à serviço da imagem da Dior e, em seguida, da Shiseido, Serge Lutens estabelece sua boa imagem de ovni no mundo dos perfumes com uma perfumaria de criação de aromas autênticos. Entrevista de um mestre

Como nasceu o desejo de criar perfumes? Ele veio progressivamente, com o tempo, sem a inteção da partida. Eu vivo desde um tempo no Marrocos e como sou introvertido, eu tenho uma acuidade sensorial muito desenvolvida. Meu encontro com Marrakech e os favos odoríferos foram um catalisador. Este país reavivou meu desejo e minha visão do perfume de origens, antigas e
orientais.

Como você trabalha? O ato de criação não é um ato de decisão, não há uma receita. Toda receita na perfumaria é uma mentira. Os mestres do perfume estão vivos e eles se deslocam, você muda a cada instante onde você não pensa em ir. De tempos em tempos a um caminho sem saída, e em certos momentos em direção a roteiros maravilhosos. O perfume é uma sucessão de
contrastes, a gente não pode fazer o que deseja, não é uma tarte tartin...
Ainda que a tarte tartin seja um erro! O que se passa entre o início de uma intenção e o final é subvertido pela mobilidade das maisons, os encontros... Mas quando o perfume é finalizado, eu digo a mim mesmo "sim, é isso". Minha única certeza é que eu sei fazer as coisas que eu amo. A partir do instante que eu não amo mais
fazer algo, eu não sei mais fazê-lo. Quando eu trabalhava com imagens, eu amava muito fazer nós nos cabelos, no que eu era bem sucedido logo de início. Quando eu não tinha mais vontade de fazê-lo, eu não mais o sabia.

Outra primeira emoção com o perfume? Um grande souvenir da infância é o aroma da fábrica de pain d'épice. Um odor elevadamente forte que eu não podia mais suportar. Agora eu adoro o aroma deste pão. A memória é uma enganação, Proust provou isso com sua pesquisa...

Sua primeira emoção com uma flor ? Quando a gente é pequeno, a gente tem uma vantagem: somos do mesmo tamanho das flores. O primeiro gesto que fazemos quando vemos qualquer coisa de bom, é senti-la. Margarida, lírio, rosa... Eu enfio meu nariz no interior delas. A lembrança é dupla, porque eu lembro de tudo que tem o mesmo contato com a superfície da flor.
É isso que é mais doce na rosa.


Para que serve um perfume? Todos nós somos frágeis. O perfume é uma arma contra a nossa fragilidade, nossa timidez. Ele serve para exprimir, para proporcionar a imagem mais coerente que adoraríamos que os outros tivessem de nós. Seduzir é ser você mesmo e encontrar os outros. De outra forma, isso pode ser útil para um comportamento social. Carregamos uma responsabilidade no começo e um perfume que nos reconheça em todos os lugares. Desta maneira, não nos arriscamos a ser amados por nós mesmos.


Seus projetos? Tentar fazer qualquer coisa que eu jamais tenha feito. Eu tenho muitos cadernos que eu preenchi com palavras, frases...Não são memórias
simplesmente de emocões compiladas. Às vezes eu as releio e acho divertido. Eu gostaria de fazer qualquer coisa. Entre as artes, a escrita é a que me dá mais emoção. Para mim, certas leituras são deslumbrantes , dão-me a impressão de serem mais próximas e verdadeiras que o real. Eu adoraria reescrever e reesboçar, mas eu sou tímido, então eu faço isso docilmente...




"Será Serge Lutens um beija-flor?"


Entrevista de Marie - Lucie Vanlerberghe para Plurielles.fr
Caso saiba francês, acesse a versão original, clicando aqui
Fotos: Serge Lutens. Fonte: perfumemaking blog
Beija-flor. Fonte blog serpia.club
Fotos e respectivos subtítulos meramente ilustrativos, não fazem parte da matéria original.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Especial Perfumes "O fabuloso mundo de Serge Lutens"

O mestre Serge Lutens. Nunca desejei conhecer nenhuma personalidade do ramo perfumístico, mas conhecê-lo seria uma experiência surreal.

Quem conhece minhas andanças perfumísticas, sabe que tornei-me uma íntima apreciadora de Serge Lutens, o poeta dos perfumes,como dito pela mídia
Plurielles francesa. Começar a conhecê-lo não seria possível sem algumas influências as quais tenho imenso prazer de divulgar aqui, os comentários Lutensianos dos estimados Gian, Grazy, Luiz Alberto e de algumas bloggers estrangeiras como Robin e Marina. Todos fãs pioneiros de Serge Lutens. Também agradecimentos especiais para as queridas Lélis e Bel, inveteradas fãs de Serge Lutens e também para meus fornecedores de perfumes na Europa que através de seus maravilhosos serviços e parceria possibilitou-me aumentar meu acervo pessoal. Um beijo especial para meu amigo alemão Stony que , com carinho, enviou-me o famoso livrinho de perfumes sólidos de Monsieur Lutens, disponível somente para residentes europeus e a Shiseido França pelo atendimento virtual.
Serge Lutens está na área de cosméticos e perfumes há um bom tempo, tendo percorrido carreira na Dior e Shiseido, principalmente na área de makeup, mas caiu no gosto dos perfumistas e apreciadores do inigualável mundo da perfumaria de nicho após a concepção de um dos perfumes clássicos da marca Shiseido, o Feminité du Bois, um perfume brilhante e que abre um novo conceito de perfumes especiais, cujo mix usa notas de forma não-convencional, causando um estranhamento ao público, em comparação à perfumaria comercial.
Para dar vazão à sua linguagem "poética" e torná-la acessível em um frasco de perfume, o principal partner é, tão gênio quanto Serge Lutens, o nose (perfumista) Christopher Sheldrake, altamente capacitado tendo desenvolvido carreira em gigantes empresas como Quest Internacional, uma das empresas mais conceituadas do ramo de aroma e fragrâncias e que foi comprada pela poderosa Givaudan. Avon, Chanel, entre outras fazem parte de seu currículo. Ele é o responsável por tornar real a maioria das inspirações de Serge Lutens.



Chris Sheldrake ( no lado esquerdo, acompanhado de Polge)
Além de talentoso, é estiloso!


Serge Lutens representa a inovação da perfumaria alinhada a bases clássicas que tornam um perfume um artigo atemporal de consumo com arte. O clássico aqui é atingir o diferencial de ser um modelo de qualidade a ser seguido, mas não copiado; o diferencial de ser inesquecível , único e inimitável como um Madame Bovary de Flaubert na literatura, um Guernica de Picasso na arte. Como toda obra de arte, seus perfumes são inspirados em vivências muito particulares, de um criador que une vários continentes em seus trabalhos, principalmente sua intimidade com a cultura oriental, tanto que ele vive em Marrakech, o templo perfumado dos Marrocos.
Como um desbravador, seus perfumes exigem a tolerância para lidar com novas nuances, perfumes que começam de uma maneira na pele e, freneticamente ou mansamente, mudam o comportamento olfativo surpreeendendo quem os usa e se identifica com eles. Seus perfumes podem lembrar a infância, uma paisagem, um retrato, uma viagem, etc. Não é qualquer lembrança como uma foto estática e tradicional destas situações; é uma lembrança que requer um pensamento de analogia com relação à vida e a sua relação artística com perfumes, imagens sur(reais), novas leituras exatas ou inexatas. Os aromas de nicho, aparentemente rotulados como "maduros e sérios demais", trazem a alegria e a delícia da descoberta e descobrir é um ato de maturidade, de ir além, olhar o perfume menos como consumo de massa e mais como um objeto de arte, embutido de intenções, uma emoção criadora, estranhamentos diversos.
Como toda experiência única, este fabuloso mundo de perfumes de Serge Lutens gera muitos sentimentos múltiplos e igualmente únicos ; então permita-se sentir isso sabendo que não se confrontará com perfumes de massa que parecem feitos em linhas de produção. Se este é teu estilo, convença-te do contrário e , como dizem no jargão popular, "jogue-se" neste mundo Lutensiano, um mundo de questionamentos perfumísticos. Extremamente culto, a perfumaria de Serge Lutens alinha-se ao seu criador. É culta, no entanto a cultura de "pensar fora da caixa". Ela combina com a contramão da popularização de perfumes sem criatividade. Serge Lutens já alinhava inspirações da pintura em suas criações de makeup, em seus perfumes ele lhes agrega valores históricos, filosóficos, literários e, em geral, culturais. Um poeta dos perfumes para o qual o pensar perfumaria em uma nova forma de linguagem construtiva é o próprio perfume em si. Por isso eu vibro com sua arte e a de seu fiel escudeiro Sheldrake e o fato de proporcionarem-me uma melhor consciência olfativa.
Pelo incrível respeito e admiração que tenho por estes dois profissionais, pela competência artística de Serge Lutens e o talento técnico de Christopher Sheldrake, dedicarei-me ao especial perfumes "o fabuloso mundo de Serge Lutens", o qual conterá entrevistas publicadas, novas resenhas de perfumes, curiosidades e informações gerais que fazem valer a pena pesquisar e descobrir perfumes como criações de um dom artístico, um tipo de benção. O que me resta é divulgar estes perfumes com muito prazer e dizer a ambos: "Je l´aime a tous les deux"
(eu amo vocês dois).

Aguardo tua visita no blog. Seja bem vindo ao fabuloso mundo de Serge Lutens!



Foto de perfumes Serge Lutens. O perfume não é de consumo, mas o sonho sim!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Un Bois Vanille, Serge Lutens


É impressionante como, à medida que conheço o mundo dos perfumes, fica evidente que algumas criações são exemplos típicos de quão satisfatório é o imprevisível. A imprevisibilidade de conhecer um perfume como Un Bois Vanille, o qual dá um outro tom a uma nota como a baunilha, tão banalizada na perfumaria corporal, só podería ser acessível, no mínimo, através do talento de um artista como Serge Lutens.
Ele é, acima de todos, uma nova estética para a perfumaria. A natureza do belo para Serge Lutens é uma beleza que envolve um tipo de estado de graça; é uma forma de construir fragrâncias dentro de uma visão de arte, nada estereotipada. A revelação fascinante dos aromas Lutensianos desenvolvidos, tecnicamente, pelo nose Christopher Sheldrake através dos conceitos do mestre é um deleite para qualquer nariz. Isso porque força uma nova atitude de encarar o perfume como uma obra prima, que pode causar muita dissonância se comparado aos perfumes"fast food" que são lançados no mercado. Em Lutens este é um termo inexistente, não por ser perfumes de nicho mas por que não é o estilo de seu idealizador.
Um olhar estético sobre sua arte perfumística me remete à idéia de uma orquestra, cuja sinfonia é capaz de gerar diferentes emoções, ora dramáticas, ora cômicas, por exemplo. Contemplar sua obra é emocionar-se com os acordes das notas e as sensações imprevisíveis que elas podem causar. Serge Lutens é um maestro dos aromas. As notas de seus perfumes serão regidas de tal forma que a sinfonia olfativa terá uma nova interpretação a cada nuance. Assim é o desenvolvimento dos perfumes de Serge Lutens, um novo paradigma e , logo depois, outro. Novas imagens estéticas que se fundamentam pelo estranhamento, pela descoberta de novos sentidos, pela negação de uma opinião alienada sobre perfumes.
Levando em conta esta nova possibilidade de ver o perfume como uma autêntica arte, exemplifico-lhes que a baunilha de Un Bois Vanille não tem o apelo da baunilha de nenhum outro perfume. O meio no qual ela se desenvolve, atuando com outras notas, não permite um paradigma de massa, como a baunilha de consumo; porque a beleza na qual Un Bois Vanille está inserido não é a beleza da mulher que tem que ser sexy e usar, para isso, um perfume que lhe atribui um poder só afrodísiaco, carnal, sexual. Definitivamente, a baunilha aqui não serve a mulher em um prato apetitoso.




Hernán Cortés

O perfume foi lançado em 2003 e tem notas de leite de côco, baunilha absoluta do México, cera de abelha, benzoin caramelizado, alcaçuz, marzipã, madeira de gaiac , tonka, sândalo. O que confere a típica beleza Lutensiana à fragrância é a ação destas notas com a dark vanilla absoluta , que é nota foco deste especial " eu amo baunilha", tornando-a tão distinta. As notas de saída abrem um aroma mais caramelizado e licoroso que abaunilhado, gerando uma expectativa muito peculiar ( e natural) de qual tipo de baunilha é a de Serge Lutens, a baunilha cuja inspiração vem de um tipo de bebida mexicana tomada por Hernán Cortés, conquistador espanhol em expedição em Texcoco no reino Asteca . Os primeiros acordes são como um mix de um caramelo recém preparado, saído do fogo que é, instantaneamente, adicionado em um taça de licor com pouca quantidade de leite de côco. O início é bem doce, influência da raiz escura e doce de alcaçuz, do marzipã e do benzoin. A pele se aquece tão rápido como se uma dose da bebida tivesse sido tomada em um único gole para aquecer o corpo. A sensação é de que a nota de coconut milk está lá, embora não seja tão nítida como a de marzipã, por exemplo, que atua no perfume remetendo-me a imagem de amêndoas mergulhadas em uma bebida alcóolica. Posteriormente, bem mais posteriormente, a baunilha toma frente como nota do drydown, que é a base do perfume, juntamente com notas mais aguadas e amadeiradas, caracterizando a fragrância como um abaunilhado mais adulto e discreto. Este processo de drydown demora bem mais do que convencional esperado por um perfume de nome Un Bois Vanille e, como tudo que é imprevisível, a baunilha faz jus ao que chamam de vanille boisée, em francês. A grosso modo, uma baunilha vegetal que remete a campos arbóreos; por isso o perfume assume um aroma bem mais próximo à natureza , com um baunilha que é impactada pela presença das notas de madeira de gaiac e , principalmente, o sândalo, mais familiar ao meu nariz.
Um desenvolvimento de notas bem interessante, resultado de uma estética que tem esta intenção: conceber idéias através de um conhecimento de mundo, como foi o caso de uma baunilha de origem mexicana e, com isso, converter estas idéias em um perfume inimitável como toda verdadeira obra de arte. Imperdível se você admira a oitava arte, a de Lutens.



Para conhecer mais sobre Serge Lutens, leia o histórico do fórum autourdeserge.alloforum.com
Fotos: Serge Lutens Site e Wikipedia.org

terça-feira, 9 de outubro de 2007

L de Lolita Lempicka, Lolita Lempicka

Início de semana, novas reviews no blog Perfume da Rosa Negra e espero contar com sua doce presença aqui. Desta vez, optei por fazer algo bem diferente, especial e também doce como sua visita: uma seleção de perfumes que afirmam o meu amor pela baunilha, o meu e de milhares de adeptos sejam da vanilla aplicada à culinária como aromatizante de bolos, biscoitos e tantas guloseimas, como também da nota que é matéria prima fragrante do corpo e base de tantos perfumes.
Baunilha é praticamente um must nas composições da perfumaria atual, no entanto a seleção especial "eu amo baunilha" focará em algumas fragrâncias que levam a baunilha como um elemento estético. Neles, a baunilha é a própria estética em si. É ela que dá a percepção do belo, do efeito contemplativo deste elemento olfativo e constituinte da arte da perfumaria, da sensação prazerosa e confortável.




Para o début da seleção, escolhi L de Lolita Lempicka, criado pelo competente Maurice Roucel, um dos perfumistas mais respeitados dentro do seleto grupo de noses famosos e pelo qual eu nutro uma admiração considerável, não pelos perfumes que ele criou, mas por ser um autodidata da perfumaria, determinado, apaixonado e predestinado à um destino bem sucedido que não lhe exigiu exibir um diploma em perfumaria. Sua capacidade de autoaprendizado é evidente e permeia toda sua carreira. Entre suas criações estão os famosos Tocade , de Rochas e Musc Ravageur, o best seller de Editions de Parfums Frederic Malle.
Lançado em 2006, L de Lolita teve o mesmo destino predestinado de seu criador. Predestinado ao sucesso. É uma fragrância bastante feminina, que só poderia ter sido feita pelo perfumista que é apaixonado pelas mulheres, como diz o próprio Maurice Roucel. Atualmente é uma das fragrâncias mais populares entre os apaixonados por baunilha e, além da vanilla, é acompanhada também pelas notas de laranja amarga, bergamota, canela, musk e a inédita flor imortal Globe amaranthus



As concepções do frasco e do perfume exaltam a figura mítica, também imortal, de uma sereia. Este conceito de L de Lolita engana facilmente qualquer um, porque a primeira sensação que se pode imaginar de um perfume destes é uma combinação cítrica, refrescante e leve. Mero engano. Em L , a bergamota e a laranja amarga lhe conferem uma discreta citricidade 'quente', influenciada pela nota de canela que adiciona à fragrância um perfil mais atraente, exótico e provocante, o mesmo perfil de sensualidade de uma sereia. A nota especiada da canela juntamente com a laranja amarga deflagra uma emoção como o canto de uma sereia. É um tipo de encantamento pelo perfume, como ouvir a doçura dos sons destes seres mitológicos tão sedutores, adentrar-me neste outro mundo, tornar-me a própria sereia envolta pelas flores imortais e um creme de baunilha não invasivo. Algo surreal, impalpável como todo mito. A segunda imagem detonada é o desejo incontrolável de querer afogar-me neste mar azul, abaunilhado. Beber deste líquido, que afeta os sentidos do paladar como todo gourmand.
Na base do perfume, a baunilha amadeirada com nuances de canela co-habitam e podem ser comparadas com a memória olfativa de uma maresia, que é o momento de contemplação e do saborear o momento. Em L, este momento é doce e confortável, tem a beleza de uma baunilha única e diferenciada, assumindo a beleza de uma sereia que se reergue do mar. Um perfume para sereias que desejam mergulhar em um mar de vanilla e simplesmente amar.








Quer um tesouro como aqueles que estão no fundo do mar?
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Imagens: Lolita Lempicka Site
Arte Sereias no madaboutmermaids.com, de Patricia Campbell