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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Inspiramos o perfume, inspiramo-nos em Serge Lutens

Na continuidade de uma homenagem, não há nada melhor do que mostrar um pouco do que pensa o homenageado. Para isso, selecionei a entrevista mais inspiradora de Serge Lutens, porque assim como inspiramos o perfume, inspiramo-nos em quem o cria. Serge Lutens é pura inspiração.
Embora de poucas palavras, mansas e até filosóficas em muitos aspectos, a entrevista que ele concedeu a Plurielles França é , como se diz em inglês, breathtaking. Uma entrevista sucinta cheia do espírito Lutensiano, sensível , inteligente e espontânea. Como blogger fã, eu não preciso seguir com as palavras agora. A palavra é do mestre.




Merci por existir, Lutens!

Depois de vários anos à serviço da imagem da Dior e, em seguida, da Shiseido, Serge Lutens estabelece sua boa imagem de ovni no mundo dos perfumes com uma perfumaria de criação de aromas autênticos. Entrevista de um mestre

Como nasceu o desejo de criar perfumes? Ele veio progressivamente, com o tempo, sem a inteção da partida. Eu vivo desde um tempo no Marrocos e como sou introvertido, eu tenho uma acuidade sensorial muito desenvolvida. Meu encontro com Marrakech e os favos odoríferos foram um catalisador. Este país reavivou meu desejo e minha visão do perfume de origens, antigas e
orientais.

Como você trabalha? O ato de criação não é um ato de decisão, não há uma receita. Toda receita na perfumaria é uma mentira. Os mestres do perfume estão vivos e eles se deslocam, você muda a cada instante onde você não pensa em ir. De tempos em tempos a um caminho sem saída, e em certos momentos em direção a roteiros maravilhosos. O perfume é uma sucessão de
contrastes, a gente não pode fazer o que deseja, não é uma tarte tartin...
Ainda que a tarte tartin seja um erro! O que se passa entre o início de uma intenção e o final é subvertido pela mobilidade das maisons, os encontros... Mas quando o perfume é finalizado, eu digo a mim mesmo "sim, é isso". Minha única certeza é que eu sei fazer as coisas que eu amo. A partir do instante que eu não amo mais
fazer algo, eu não sei mais fazê-lo. Quando eu trabalhava com imagens, eu amava muito fazer nós nos cabelos, no que eu era bem sucedido logo de início. Quando eu não tinha mais vontade de fazê-lo, eu não mais o sabia.

Outra primeira emoção com o perfume? Um grande souvenir da infância é o aroma da fábrica de pain d'épice. Um odor elevadamente forte que eu não podia mais suportar. Agora eu adoro o aroma deste pão. A memória é uma enganação, Proust provou isso com sua pesquisa...

Sua primeira emoção com uma flor ? Quando a gente é pequeno, a gente tem uma vantagem: somos do mesmo tamanho das flores. O primeiro gesto que fazemos quando vemos qualquer coisa de bom, é senti-la. Margarida, lírio, rosa... Eu enfio meu nariz no interior delas. A lembrança é dupla, porque eu lembro de tudo que tem o mesmo contato com a superfície da flor.
É isso que é mais doce na rosa.


Para que serve um perfume? Todos nós somos frágeis. O perfume é uma arma contra a nossa fragilidade, nossa timidez. Ele serve para exprimir, para proporcionar a imagem mais coerente que adoraríamos que os outros tivessem de nós. Seduzir é ser você mesmo e encontrar os outros. De outra forma, isso pode ser útil para um comportamento social. Carregamos uma responsabilidade no começo e um perfume que nos reconheça em todos os lugares. Desta maneira, não nos arriscamos a ser amados por nós mesmos.


Seus projetos? Tentar fazer qualquer coisa que eu jamais tenha feito. Eu tenho muitos cadernos que eu preenchi com palavras, frases...Não são memórias
simplesmente de emocões compiladas. Às vezes eu as releio e acho divertido. Eu gostaria de fazer qualquer coisa. Entre as artes, a escrita é a que me dá mais emoção. Para mim, certas leituras são deslumbrantes , dão-me a impressão de serem mais próximas e verdadeiras que o real. Eu adoraria reescrever e reesboçar, mas eu sou tímido, então eu faço isso docilmente...




"Será Serge Lutens um beija-flor?"


Entrevista de Marie - Lucie Vanlerberghe para Plurielles.fr
Caso saiba francês, acesse a versão original, clicando aqui
Fotos: Serge Lutens. Fonte: perfumemaking blog
Beija-flor. Fonte blog serpia.club
Fotos e respectivos subtítulos meramente ilustrativos, não fazem parte da matéria original.

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