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sábado, 5 de março de 2011

Sensual Scents: Rochas Femme, Fêmea a partir dos duplos

Sensual Scents por Perfume da Rosa Negra
A fantasia e o prazer começam no nosso perfume

 
 
Qual o limite entre o ser e estar perfumada? A essência e a aparência? O ser uma dama clássica e tradicional e uma deusa libertina? Afinal, como os cheiros são e quais suas intenções no corpo misterioso de uma mulher? A névoa perfumada que encoberta a mais dócil perversão nasce a partir da duplicidade da mulher quando ela veste um perfume, além da sexy lingerie, do carinhoso afeto dos lençois que tocam corpos ardentes, o dela e o dele, ela é uma fêmea com femme.






Femme, nome gênese da mulher, identidade dupla em forma de fragrância, criada por Edmond Roudnitska em 1943. Por trás do classicismo bem comportados dos aldeídos e das notas chypre frutais de pêssego e ameixa, há uma docilidade da mulher encorpada por bons modos, educada, bonita, bem vestida. Femme chega a acariciar a pele, como as mãos do homem, descobrindo a maciez da pele, a leveza do seu corpo relaxante envolvida por um chypre de flores brancas, mas à medida que o cheiro se torna denso, como o teso prazer que se aproxima, eis que surge aquele calor, como o do toque efervescente na intimidade do corpo feminino, o ylang ylang entrelaça as notas amadeiradas como as pernas de uma mulher envolvendo o corpo de seu homem. Aquela onda vibrante de um floral chypre com notas resinosas, provocativamente pervertidas começa a surgir à sua frente, mas quem está à frente dela? Ele está... a observando. Ela está na mesa de um restaurante fino, jantando com ele, tentando representar a primeira parte do perfume, com delicadas nuances. Será que ele percebeu o que ela estava pensando? Nele, a cheirando, a revelando com Femme.





Entre risos, a cada garfada em saboroso prato com ervas perfumadas e o toque levemente alcóolico de um vinho francês, a fome não estava à mesa, mas no poder hedônico de Femme, emanando o desejo a partir de um irresistível cheiro. O perfume começava a emular com toda a presença dela naquela mesa. Ela já sentia-o descobrindo o quão dupla ela era, tão dual como Femme, prestes a abandonar os bons modos à mesa e guiá-lo pelas curvas de seu corpo, pelas curvas do frasco de femme. Que incontrolável era o desejo de fazê-lo sentir o seu perfume, o quanto ela poderia se revelar nada inocente. Ele sorriu para ela, e os olhos brilhavam por trás daqueles tolos óculos, a primeira peça a ser desnuda, e logo mais, ele presentiu que havia um cheiro mais quente no ar, tão animálico como sua natureza selvagem, tão insinuante jasmim, branco, levemente atalcado que urge por uma aspirada penetrante.





Ela já se revelara, a fêmea a partir dos duplos. Já não havia mais só Femme, havia um homem nela, sentindo o cheiro daquele fundo de mistério, tão pele, tão musk, com a reminiscência doce de frutas mordidas, do sumo embebido na pele aflorada pela libido, do sabor carnal mimetizado no odor de Femme, femininamente fatal.


por Cristiane Gonçalves
para Perfume da Rosa Negra


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