Você seria capaz de tomar uma dose letal de um potente veneno somente com a intenção de sentir o sabor desse misterioso líquido que é capaz de destruir uma vida? Dior possui um veneno poderoso que não precisa ser ingerido para ser sentido, bastam algumas gotas de seu líquido para que reações das mais diversas comecem a vir a tona.
A década de lançamento de Poison foi marcada por inúmeras mudanças sociais, desde a forte recessão que atingiu inúmeros países da Europa até os movimentos que buscavam a emancipação da mulher. A postura feminina tornou-se forte, não restrita a “manter a casa em ordem”, mas um forte desejo de delimitar território apoderou-se de muitas dessas mulheres que desejavam a todo custo serem notadas por sua capacidade e não por sua fragilidade. Afinal, o que era ser mulher em décadas anteriores onde apenas o ventre fecundo para geração de uma família importava? Com esse desejo libertário Dior lança no ano 1985 ao grande público: Poison.
Dentro de um conceito ousado surge um perfume floral que trazia como acorde principal um bouquet de tuberosa, jasmim e rosa com especiarias exóticas como canela e opoponax; a intenção era causar um choque com reações emocionais assim ue sentíssemos o aroma através de um estrondoso sillage apoiado em uma base quente, ambarada e amadeirada. Uma rica composição de extremos e exageros; afinal, ostentar-se na década de 80 era regra entre os capitalistas selvagens.
Poison traz às vitirnes das perfumarias tudo o que a nova mulher desejava: sensualidade e impacto; cheiro que foi ícone de toda uma década. Uma saída repleta de pau-rosa e ameixa onde predomina o caráter dark da composição, um aroma nada suave, mas sim de muito impacto capaz de arrebatar reações de repulsa ou prazer instantâneos, um toque amarelado de anis também faz parte dessa primeira fase de nosso veneno.
Uma evolução complexa revela o surpreendente mix de flores sufocantes que reinam absolutas até o ultimo segundo do perfume em contato com nossa pele. Uma tuberosa muito marcante se desprende dessa poção mortal, trazendo uma cremosidade amanteigada e ao mesmo tempo opressora ao sillage, toques de jasmim e rosa são sutis, porém o calor resinoso do opoponax é mixado ao fumarento acorde incensado do perfume, a doçura do mel de abelhas e da canela trazem um toque de exotismo. Toda essa riqueza de ingredientes deita-se sob um ninho de raízes de vetiver e madeira de cedro perfumados por uma nota de âmbar escuro, uma pequena dose de baunilha aromática para dar um toque mais sensual, e ai está Poison, envenenando a pele de múltiplos prazeres sensoriais.
Versão avaliada: Parfum
Poder de fixação: 16 horas
Sillage: Forte
Drydown: Floral
Perfumista: Edouard Flechier
Notas: especiarias, coriandro, ameixa, frutas da floresta, anis, pau rosa, mel, narciso, cravo, tuberosa, jasmim, rosa, flores de laranjeira, canela, opoponax, incenso, cedro, âmbar, musk, sândalo, vetiver, heliótropo e baunilha.
Avaliação
Dica PRN: A fragrância tem uma riqueza de notas, evolução e fixação, por isso, devido à esta potência, há inúmeras restrições ao seu uso, devendo ser usado em doses mínimas. Recomendado para mulheres ou homens que preferem perfumes intensos que não escondem suas intenções, indicado para noite e inverno.
Italo Wolff é escritor de fragrâncias de Alagoas, Brasil e é colaborador exclusivo para o Perfume da Rosa Negra.
English Version
Would you be able to drink a deathful dose of a potent poison only with the intention of feeling the flavor this mysterious poison that is able of destroying a life? Dior has a very powerful poison that doesn't need to be drunk, just some drops of its liquid to smell it, then multiple reactions may come.
The decade of Poison's release was a milestone of innumerous social changes, since the strong recession that impacted on various Europe countries till the movements that search for the woman emancipation. The female attitude become stronger, not restricted to "keep the home clean", but determined by the desire of delimiting a territory making many women to wish be noticeable by their abilities and not by their weaknesses. Finally, what was to be a woman in previous decades in which only a fertile uterus was enough to keep the family generation? Through this freedom desire as background, Dior released in 1985 to the big audience: Poison.
In the daring concept a floral perfume was born, featuring as main accord a bouquet of tuberose, jasmine and rose with exotic spices such as cinnamon and oppoponax, the intention was to bring some impact on emotional reactions when the scent was smelt, through a strong sillage supported by a warm, ambery and woody base. A rich composition of extremes and exxagerations; finally, showing off, in fragrantly terms in 80's, was a rule among the wild capitalists.
Poison brought to counters everything what a new woman desired: sensuality and shock; a scent that was an icon across a decade. A start filled by a rosewood and plum where prevails the dark feature of the composition, a scent that is not soft, but good enough to provoke instantaneous reactions of pleasure and refusal, a yellow touch of anis is part of this first phase of our poison.
A complex evolution reveals a surprising mix of "annoying" flowers that reign absolutely until the last second of the perfume on our skin. A tuberose, very remarkable, left the deathful potion bringing a buttery creaminess and, at the same time, an oppresive scented touch to the sillage, jasmine and rose touches are subtle, however the resinous warmth of opoponax is mixed to the smoky incense accord of the perfume, the sweetness of bee honey and the cinnamon opens a touch of exotism. All this richness in ingredients fades in vetiver roots and cedarwood, perfumed by the dark amber note with a small hint of aromatic vanilla to make it more sensual and, then there is Poison, poisoning the skin with multiple sensorial pleasures.
Evaluated version : Parfum
Longlasting power: 16 hours
Sillage: Strong
Drydown: Floral
Perfumer: Edouard Flechier
Notes: spices, coriander, plum, forest fruits, anis, rosewood, honey, narcissus, clove, tuberose, jasmine, rose, orange blossom, cinnamon, oppoponax, incense, cedar, amber, musk, sandalwood, vetiver, heliotrope and vanilla.
Evaluation
PRN Tip : The fragrance has the richness of notes, development and long lasting power, because of that, due to its scented potent approach, there are various restrictions to its use, so wear it in minimal applications. Poison is recommended for women and men who prefer intense perfumes that don't hide their intentions, wearable for night and winter.
Italo Wolff is fragrance writer from Alagoas, Brazil and is exclusive collaborator for Perfume da Rosa Negra.
Perfume Review by Copyright Italo Wolff for Perfume da Rosa Negra.
Photo credits: Dior
Photo credits: Dior
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