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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Resenha do filme/ Movie Review : Coco Chanel (My Lifetime TV Series)

Parte de O ano da França no Brasil por Perfume da Rosa Negra
Part of The year of the France in Brazil by Perfume da Rosa Negra




Coco Chanel é por si só a própria beleza de sua marca.
 Coco Chanel is by herself the own beauty of her brand.
(Perfume da Rosa Negra's quote)



Utlizando um instrumental diferente - o Cinema  e pensando em trazer um conteúdo histórico sobre Chanel e a importância autobiográfica de Mademoiselle Gabrielle "Coco" Chanel para o que a marca representa hoje em perfumes, moda, estilo e comportamento, serão abordados aqui dois filmes: Coco Chanel e Coco antes de Chanel em distintos  dias. São basicamente sobre a trajetória dela, a personalidade e o espírito de vanguarda que ela  infundiou na maison de forma a mostrar que a história desta grande mulher está muito relacionada ao processo de identificação do consumidor com a marca, principalmente o de perfumes, sendo que possivelmente aqueles consumidores que valorizam o estilo Chanel em uma esfera de íntima relação  já na aplicação da primeira gota de suas fragrâncias se identificarão de imediato com os principais pontos de discussão do filme. Sem dúvidas, unir perfumes, moda e cinema é sempre uma prazerosa combinação "haute", assim como a haute couture desta magnífica  e legendária fashion designer.


O filme Coco Chanel faz parte da série Lifetime no qual o papel da estilista é representado por duas atrizes, na maior parte, por Barbora Bobulova cuja performance remonta ao período da jovem Coco Chanel, os primeiros anos trabalhando como costureira de um atêlie e, posteriormente como autônoma designer de chapéus e emergente empresária, seus enlaces amorosos com Etienne Balsan (Sagamore Stévenin) e, principalmente com Boy Capel -  seu grande amor e incentivador do negócio Chanel representado pelo belo francês Olivier Sitruk, sua amizade leal com Adrienne (Marina Traylor/Valentina Lodovini) e suas principais perdas, decepções e conquistas. Nos anos posteriores do pós-guerra, o papel é representado pela brilhante Shirley MacLaine que, ao lado de Malcolm McDowell performando o fiel sócio e amigo Marc Bouchier amarram os dois períodos da trama que dialogam em um plano de flashback. 




Inicialmente o filme revela um característica essencial na história da estilista que é o fato de ter sido orfã de mãe e ter sido abandonada pelo pai o que, felizmente, moldou sua força  com um ímpeto de superação ao invés de fazer com que ela definhasse em definitivo. Logo, foi criada em um orfanato juntamente com sua irmã  até atingir a maioridade quando seguiu sua vida para trabalhar como costureira. Seu talento nato por moda, estilo árduo de trabalho e espírito de perseverança catalisou a transição para os anos iniciais de sua carreira que, após um período como costureira-assistente de um atêlie decidiu largar tudo e se aventurar no seu amor por Etienne Balsan,  um galanteador oficial que posteriormente a abandonaria exatamente por que Coco Chanel não se encaixava no padrão fútil e elitizado das mulheres da época, principalmente no da preconceituosa  e fria mãe de Etienne.




Posteriormente, Coco Chanel optando por dar continuidade à sua vida independente, começou a desenhar chapeús em Paris, mas a falta de oportunidades a fez ficar praticamente em um estado de pobreza quando, em um feliz destino, reencontrou Boy Capel, inicialmente amigo de Etienne. O envolvimento romântico com Boy Capel foi um divisor de águas para Coco Chanel com novas perspectivas - uma relação de verdadeiro amor com negócios bem sucedidos e a segurança de um homem que financiava o talento da grande estilista e a ajudou a sair das dívidas. Sendo assim, o filme transita mais nas cenas das memórias da Coco Chanel representada por Shirley MacLaine que dão força para que ela supere o fiasco de um dos desfiles recentes mostrados em cena, garanta e reforce à Marc Bouchier que ela tem que continuar com sua maison que, após mais duas décadas, marcaria  para sempre a história da moda mundial com a excelência Chanel.



O filme em si não se aprofunda em  complexas questões existenciais  de Coco Chanel e tem uma abordagem bem novelística e previsível, mas é um filme  agradável para ter a visão geral dos momentos de vida de Coco Chanel com adoráveis nuances de romance entre Coco Chanel e Boy Capel que, por propósitos óbvios, tornam o filme comercialmente mais interesssante movido por uma love story, logo é dirigido a um público que gosta de cinema de teor autobiográfico, moda, personalidades, romance e Chanel  e que não se frustrará se não assistir uma abordagem filosófica e sociológica de moda. Neste ponto, o filme é uma boa opção de entretenimento e conhecimento geral por atender o propósito básico de mostrar como ela construíu o império, nisso ele não é tão falho como Coco Antes de Chanel estrelado por Audrey Tatou que deixou a desejar neste aspecto. Além disso, as atuações dos atores convencem principalmente a ótima performance de Barbora Bobulova com o cativante e apaixonante  Olivier Sitruk  sendo que o único ponto a desejar foi a pouca aparição de Shirley MacLaine mesmo com todo o  plano de mídia pautado na figura " mais vendável" da experiente atriz, o que pode desdobrar-se em uma falsa expectativa para os fãs da atriz,  principalmente porque o filme foca a trajetória de Coco nos primeiros anos de criação da marca, ou seja, a Coco Chanel jovem.


 Coco Chanel é uma compilação de principais passagens da história da estilista que possibilitam, principalmente, mostrar à audiência como os comportamentos de Coco Chanel moldaram sua própria marca, com qualidade, sofisticação, comforto e emancipação ainda que nos moldes clássicos atuais, mostrando  rapidamente por exemplo desde a mudança da costura com máquinas pelo feito à mão até em qual circunstância ela inventou o vestido "pretinho" básico e criou moda com o corte Chanel. Estes comportamentos estão também bem marcados por falas clássicas da estilista que, do ponto de vista de qualidade cinematográfica, acaba por ser um recurso muito óbvio e sem a desenvolta criatividade do texto, por outro lado define o filme como uma autobiografia rápida sobre quem foi Coco Chanel e como ela evoluiu, passando principalmente à uma estilista completa, com fechamento e abertura de ciclos no qual ela amadureceu como mulher e como profissional como a dificuldade financeira, a abertura da primeira loja, a entrega ao amor sem orgulho à um homem que financiou o seu negócio nos primeiros desafiosos anos de trabalho e a superação de Coco Chanel após 15 anos longe da maison.





É importante mencionar que há situações evidentes que ela é tida como orgulhosa, rude e sem as "raízes da alta sociedade" e, estas evidências dão um toque especial à Coco Chanel exatamente por ela ser quem é, um ícone, uma lenda, um luxo.  Do ponto de vista de uma breve análise mais "psicológica" da personagem, no filme Coco Chanel é enfocada como uma mulher que não se permite sofrer, perder e desistir, que está pronta para recomeçar se assim for preciso, que tem uma visão auto-confiante e criativa do seu conhecimento de moda  e mergulhada na obstinação de seu trabalho como que para superar sua própria história triste de vida, mas  ainda assim no fundo de seu íntimo, ela tem uma sensibilidade que aflorou bastante no seu relacionamento com Boy Capel, considerado o grande amor de sua vida o qual tragicamente ela perdeu. Por ter uma história de vida dramática e totalmente fora dos estereótipos do "ser bem nascido, bem sucedido e bem feliz", Coco Chanel é por si só a própria beleza da marca, afinal hoje o que é glamour  em Chanel foi, ironicamente, originado da pobreza de uma vida que passou por um processo de superação. Histórias de pobres emergentes como Coco Chanel são inspiracionais e, no filme, representam o principal valor da própria produção cinematográfica cuja lição de vida deve ser incorporada pela audiência, principalmente  pelo consumidor que, ao vestir um Chanel  deveria tomá-la como um ato de natural sofisticação e humildade e não de deselegante arrogância.



Coco Chanel é, acima de tudo, uma mulher libertária dos padrões de moda que não davam liberdade ao corpo da mulher com aquelas sofridas silhuetas apertadas por espartilhos pagas por maridos e amantes tradicionais, ela tinha um espírito de enfrentamento com a sociedade da época que ainda "valorizava" a mulher nos moldes de um padrão de abastado berço e submissa ao marido. Para uma mulher  desbravadora e audaz como Coco Chanel, perfumes e moda teriam que ter um ideal de espontânea feminilidade, elegância e liberdade que destacariam esta mulher como uma mulher atemporal, não presa às convenções de épocas nem a futilidades, afinal segundo ela mesma o estilo é algo que permanece, mesmo que as febres da moda se esvaem e a mulher de futuro usa o perfume certo. Por isso, usar um Chanel, seja um acessório, uma roupa, um perfume é vestir e exaltar esta forma de ser de  Coco Chanel. As fragrâncias e peças são atemporais e sofisticadas, marcantes sem qualquer esforço e incorporam este espírito tão único e presente que toma conta do espaço, ano após ano, fortalecendo a figura icônica da marca.

Título: Coco Chanel  (2008)
Origem: Itália, França e Reino Unido 
Gênero: Romance
Diretor: Christian Duguay
Elenco principal: Barbora Bobulova (jovem Coco Chanel), Shirley MacLaine (Coco Chanel mais velha), Olivier Sitruk ( Boy Capel), Sagamore Stévenin (Etienne Balsan) , Malcolm McDowell (Marc Bouchier), Valentina Lodovini  Adrienne mais velha) e  Marina Traylor (Jovem Adrienne)

(English version)


Using a different resource - the Cinema  and thinking of bringing a historical content about Chanel and the biography importance of Mademoiselle Gabrielle "Coco" Chanel on what the brand represents nowadays in perfumery, fashion, style and behavior, two movies are going to be reviewed here :  Coco Chanel and Coco before Chanel in different days. Basically they are about her path, her personality and her avant-garde spirit which was applied on her maison in order to demonstrate that the history of this great woman is very related to the process of consumer identification with the brand, mainly the perfume wearer, therefore probably those consumers who value the Chanel style in an intimate relationship even then in the application of the first Chanel  perfume immediately are going to recognise themselves with the main discussion topics of this movie. Certainly, joining perfumes, fashion and cinema is always a pleasant "haute" combination, as well as the haute couture of this magnificent and legendary fashion designer.

The movie Coco Chanel are part of the serie My Lifetime in which the role of the fashion designer is performed by two actresses, most of the time, by   Barbora Bobulova whose performance dates back from  Coco Chanel's early years, her first moments working as a sewing woman assistant and, later as an independent hats designer and emerging fashion business woman, her love relationships with  Etienne Balsan (Sagamore Stévenin) and, mainly with  Boy Capel -   her great love and Chanel business capital provider represented by the handsome French actor Olivier Sitruk  and also her loyal friendship with Adrienne (Marina Traylor/Valentina Lodovini) and her main losses, disappointments and achievements. In her later times, the role is performed by the brilliant  Shirley MacLaine who with Malcolm McDowell played by the loyal Chanel associate and friend Marc Bouchier tie the two periods of this movie plot which dialogs  in a flashback  level.

Initially the movie reveals an essential characteristic in the fashion designer history that is the fact she lost her mother and as a orphan was abandoned by his father what, happily, couldn't affect her life as a  real disaster, but gave him a daring spirit of overcoming instead of making her a weak woman. Therefore, he grew up in  an orphanage with her sister until the time of reaching full legal age when she went ahead with her life and started to work as a sewing  assistant woman. Her natural fashion talent, hard working and perseverance spirits catalysed her transition to the initial years of her independent career. After some time working in an atelie she decided to leave it and  live the adventure of loving and living with  her new love Etienne Balsan,  a flirtatious official who later let her go away because Coco Chanel didn't fit to the futile "cream of the society" so valued by his cold and  prejudice poisoned-mother.

Later, Coco Chanel continued her life designing her hats in Paris, but the lack of better opportunities made her to move and reduce almost to the powerty but saved by a happy destiny in enough time when she met again Boy Capel,  the friend of Etienne Balsan.   Her love relationship with Boy Capel was a milestone in the life of Coco Chanel providing new perspectives - a relationship with true love with potential successful businessess and the self-confidence of being supported by a man who lovely financed her unique talent. Therefore, the movie transits more in the scenes of Coco Chanel's memories perfomed by Shirley MacLaine that give her strength to overcome the fiasco of one of her latest fashion shows, reinforcing and guaranteeing to her friend  Marc Bouchier that she is able to continue in her maison with success  which,  later after two decades from there, milestoned forever the world fashion history with the excellence of Chanel.

The movie by itself hasn't gone deeper in complex and existencial matters on Coco Chanel and has a novelistic and predictable approach, but it is a pleasant movie to have an overview on the main life moments of Coco Chanel with the adorable romantic nuances between her and her Boy Capel that, for obvious purposes, become the movie commercially more interesting moved by a love story, therefore this movie is recommended to an audience that loves cinema with autobiograph content, fashion, personalities, romance and Chanel and that is not going to be frustrated in not watching a movie with fashion sociology and philosophy. At this point, the movie is a good option for entertainment and general knowledge and is aligned to the basic purpose of showing how she built her empire, in this matter the movie hasn't failed such as the expected  Coco before Chanel stared by Audrey Tatou that hasn't covered much of her brand creation. Moreover, the  cast performance are nice, mainly the very good one of  Barbora Bobulova with the captivating and lovely  Olivier Sitruk, then the only improvement feature should be the short apparition of  Shirley MacLaine even if all the media plan was focused on her image " more commercial  based on her experience and popularity", she is not so present on screen, what may bring some false expectations for her fans  mainly considering that Coco's journey in the movie is based much more in the young character.

Coco Chanel is  a junction of the main  life transitions in her story that  make the audience aware how her behaviors molded her own brand, with quality, sophistication, comfort and emancipation, yet in the classical fashion patterns, showing quickly since the change of the couture from machines to the  chic  "handmade" until the circumstance she invented the black basic dress and  inspired a new hair trendy with her Chanel haircut.  These behaviors are also well-highlighted by some classic quotes from Coco that under the point of the cinema view, it is a much obvious resource without the versatile creativity of the text, but on the other hand this defines the movie as a fast biograph who was Coco Chanel and how she developed herself, passing from a underestimated woman to a legend, with closings and openings of new life cycles in which she became more experienced as woman and professional since her financial difficulties, the début of her first store, the love with no proud  feeling for a man who really helped her buiness and its challeging start and the overcoming of the Chanel fashion after Coco stayed 15 years far from the maison.

It's important to mention that there are evident situations in which she is considered proud, rude and "a woman without high society roots" and, these evidences give a special touch to the value of Coco Chanel exactly because she becomes what she is:  an icon, a legend, a luxury. Under the point of view of a more "psychological analysis" of the character, in the movie Coco Chanel is focused on a woman that does not allow to suffer, to lose and to give up and she is ready to start again if it is necessaary, a woman who has a very self-confident and creative spirit about her fashion knowledge and obstinate to hard working as if she would like to overcome her own sad life path, but at the bottom of her heart, she seems to have a sensibility that awaked much more with her relationship with Boy Capel, considered as the great love of her life  she lost in a tragic way. Because of her dramtic life, completely out of the stereotypes of "being well-born, well-successful and, apparently, very happy",  Coco Chanel is by herself the own beauty of her brand, finally today what is glamour in Chanel is, ironically, originated from the poverty of a woman who  passsed by a process of overcoming hard situations. Histories of poor emerging people such as Coco Chanel are inspirational and, in the movie, represent the main value of the own cinema production whose life lesson should be incorporated by the audience, mainly by the consumer who, when wears a Chanel should take it as a act of natural sophistication and humble attitude and not an unrefined arrogance.

Coco Chanel is, above all, a libertarian woman from the fashion standards that prisoned the body of a woman with those suffering too tight  corsets paid by traditional husbands and lovers, she has the spirit of facing this society that valued much more the woman in the pattern of wealthy cradle and submissive  attitude. For a daring woman like her, perfumes and fashion should have the ideal of spontaneous femininity, elegance and freedom that should evoke this woman as an atemporal one, not  tied to epoches' rules neither futilities, finally according to her the style is kept and the fashion fevers go away besides the woman of the future wears the right perfume. Because of that, wearing a Chanel, be an acessory, be a clothing piece, be a perfume is to wear and exult the way of being Coco Chanel. Her fragrances and  fashion pieces are timeless and sophisticated, remarkable with no effort and merge this present and unique  spirit with the places, year by year, strengthing the iconic figure of the Chanel brand.

Title: Coco Chanel  (2008)
Countries: Italy, French and United Kingdom
Gender: Romance
Director: Christian Duguay
Main Cast: Barbora Bobulova (young Coco Chanel), Shirley MacLaine (old Coco Chanel ), Olivier Sitruk ( Boy Capel), Sagamore Stévenin (Etienne Balsan) , Malcolm McDowell (Marc Bouchier), Valentina Lodovini  (older Adrienne) and Marina Traylor (young Adrienne)



Movie review by copyright Cristiane Gonçalves for Perfume da Rosa Negra.
Photo credits: My LifeTime

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