Por muito tempo, Molinard, marca conceituada de aromatizantes para charutos finos produziu suas fragrâncias com a exclusividade única de tornar o ato de tragar mais prazeroso, no qual, além de sentir-se relaxado pela abundante nicotina do tabaco, o fumante sentisse o doce aroma de especiarias , gêneros e afins.
Em 1924, é lançado Habanita a pedidos dos clientes da marca. Habanita, um perfume feminino que deve ter arrancado suspiros de muitas damas da época. Ele não condiz em nada com a imagem das frágeis senhoritas dos anos 20, banhadas a Chanel número 5, vestidas sobriamente com tecidos fluidos e leves, colares de pérolas enormes e cabelos curtos. Ao sentir Habanita de relance não se consegue notar a idade do clássico, pois ele é atual em todos os sentidos, arriscaria dizer que é até mesmo moderno. A saída é invasiva e invade todos os locais possíveis, carregada de morango, pêssego e jasmim com um toque cítrico que rapidamente some. A evolução é bem rápida se comparada a clássicos que possuem quase a mesma idade de Habanita, rapidamente sente-se o coração do perfume, onde uma rosa intensamente vermelha tenta florescer em meio a íris e ylang, heliotrópio e lilac, além de um couro sexy que insiste fortemente em se pronunciar dando um tom atalcado ao todo, quase que sadomasoquista. O fundo é lascivo, quente e vampiresco, composto por couro, âmbar, almíscar, benjoim, baunilha, musgo de carvalho e cedro.
Habanita deu um salto mortal em direção ao futuro quando foi concebido como perfume feminino, pois ele se adequa perfeitamente ao clã sadomasoquista atual. Os amantes da dor e prazer, da força e luxúria. É para os vampiros modernos, fumantes ou para os que bebem uma boa dose de absinto e querem repetir. A impressão mais nítida que se tem com o uso de Habanita é a de que um carregamento de fumo vindo em um porão escuro de um navio entra em contato acidentalmente com mel, peças de couro e água de rosas , sendo macerado durante toda a viagem até chegar a seu destino e ser consumido e admirado como uma safra de perfume e sabor único.
Penso em um ser noturno completamente trajando preto com forte maquiagem e cabelos extremamente pretos e lisos, pele muito branca e boca intensamente vermelha, luvas de couro negro a fumar uma cigarrilha fortemente perfumada e que depois de seu tragar final irá à caça de sua presa para esta noite. Como uma sarcedotisa do sexo ela seduzirá seu homem até seu covil e lá usará de sua sabedoria para conseguir colher seu precioso sangue e saciar sua sede vampírica, restando apenas no quarto um vaso com uma rosa vermelha, um cigarro aceso e vários instrumentos de make up.
Italo Wolff é escritor de perfumes de Alagoas (Brasil) e colaborador exclusivo para o Perfume da Rosa Negra.
(English version)
For a long time, Molinard, recognised products brand in flavoring for fine cigars, produced fragrances in order to making exclusive, unique and pleasant the act of inhaling tobacco smoke and, in addition, more than feeling more relaxed by the abundant nicotine, the smoker would feel the sweet smell of spicies and related aromas.
In 1924, after Molinard customer's requests, Habanita is released. Habanita, a female fragrance that should make many season ladies leave a sigh. The perfume does not match to the image of fragile ladies at 20's, those who wore Chanel nº 5, dressed soberly with fluid and light fabric, huge necklaces and as short-haired women. When you smell Habanita, you cannot see the age of classicals because the fragrance is modern in all senses. I would take the risk of say that is highly modern. The opening is invasive and invade all the possible places, filling by strawberry, peach and jasmin with a citrus touch that disappears fast. The development is also fast if compared to some classicals which own the same age of Habanita; quickly the heart of the perfume is felt, where a intense red rose try to bloom in the middle of iris and ylang, heliotrope and lilac, more than a sexy leather which strongly insists to float, giving to the Habanita a powdery undertone, almost sadomasochist approach. The base is lascive, hot and vampy, composed by leather, amber, musk, benzoim, vanilla, oakmoss and cedar.
Habanita "jumped mortally" in direction to the future when it was conceived as a female fragrance, because it adjusts itself to the present sadomasochist clan. The lovers of pain and pleasure, strenght and luxury. The perfume is for modern vampires, smokers or those who drink a good dose of absinthe and always want to repeat new doses.The clear impression that I have when I wear Habanita is that a fume shipment comes from a dark stowage and then the tobacco touches accidentally honey, leather pieces and roses water and all of this is macerating during all the travel until arrive at the final destiny to be consumed and admired as a perfume production of unique flavour.
I think of a nocturnal woman, completely wearing black with a strong makeup, extremely black and straight-haired, her skin is very white and lips intensely red, wearing black leather gloves. She is smoking a cigarillo strongly fragrant and after, a long draft she goes to hunt her prey for tonight, as a sex priestess, she will seduce her man until her wild lair and she will use her wisdom to suck his precious blood and quench her vampiric thirsty, remaining in the bedroom only a vase with a red rose, a burning cigar and many makeup tools.
Italo Wolff is fragrance writer from Alagoas, Brazil and is collaborator for Perfume da Rosa Negra.
Photos: Habanita bottle, source : Fragrancex
Fetish, woman smoking, cigars and roses (personal files sent by Italo)
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