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sábado, 24 de outubro de 2009

Perfume Review: Eau de Merveilles, Hermès




O início de uma trilogia inspirada nos contos de fada, mulheres simples que com o toque de uma varinha de condão se tornam princesas, vestidas de renda lindamente adornada de brocados. Eau des Merveilles é a primeira composição dessa trilogia mágica da Maison Hermès, composta ainda por Elixir des Merveilles, uma variação mais adocicada do primeiro e por Parfum des Merveilles que traz a concentração máxima dos acordes centrais dos dois perfumes já citados. Lançado no início de 2004, como um diferencial para as “Cinderelas modernas”, o de não possuir uma nota floral como tema central, algo que não é comum no universo da perfumaria clássica feminina. Uma  criação conjunta de Nathalie Feisthauer e Ralf Schwieger.





Com a torturante tarefa de criar essa fragrância feminina que não traria  acentos florais nem os doces acordes de baunilha, a dupla segue um viés menos  convencional ainda, usando notas pesadas e quentes obtidas através da  maravilhosa molécula de Iso E Super de exclusividade da IFF, tentando equilibrá-las sem que as mesmas perdessem seu caráter original, um oriental ambarado e amadeirado para o universo repleto de fantasias de Hermès, um frasco simples em vidro transparente tingido em um suave degradé de tons de laranja com um fundo repleto de estrelas prateadas.




Uma saída volátil e borbulhante como as estrelas que salpicam o céu com sua luz no fim de tarde quente de verão, enfeitando os lindos tons crepusculares de laranja, violeta desse macrocosmo, onde um pôr do sol nunca será igual a outro, essas estrelas são cítricas quase efervescentes, com seu revigorante aroma de limão e laranja, pra mim um cheiro palpável onde dá inclusive para identificar as cascas ásperas e irregulares destes cítricos, pela perfeita recriação feita deles.


Com o passar dos minutos, a tarde quente e o espetacular céu crepuscular começam a escurecer passando do laranja intenso ao azul escuro, violeta e por fim negro noturno, com seus pequeninos luzeiros celestes irradiando seu brilho, Eau de Merveilles começa a se aquecer mostrando nuances picantes de pimenta embebidas em um licor de âmbar aveludado derivado do Iso E Super. Esta camada olfativa é muitíssimo agradável, é neste momento que a mulher passa de “gata borralheira” à “Cinderela Moderna”, delicada e naturalmente sensual, exalando um aroma suave que se mistura facilmente ao aroma natural de sua pele, a vestindo discreta e confortavelmente.






As pimentas embebidas em âmbar se mostram a cada minuto mais amadeiradas e sensuais, uma deliciosa nota de cedro é adicionada ao blend apimentado e ambarado, nuances de um vetiver adstringente e de um delicioso musgo de carvalho formam um drydown oriental ambarado e amadeirado, muitíssimo confortável e balanceado, que não agride o olfato, mas que traz uma sonhadora sensação de maciez e calor.





Realmente uma água maravilhosa e muito perfumada, como a luz de milhares de estrelas de uma constelação e com o encanto de mil contos de fada, um vício irresistível de sentir cada vez mais de perto. Eau des Merveilles encanta com a simplicidade inovadora, fresca e limpa, sem exageros em ponto algum, nada da doçura apelativa de muitos perfumes femininos ou dos loucos acordes orientais sufocantes igualmente apelativos. Este perfume mostra que delicadeza e simplicidade podem sim dar bons resultados quando há tempo e capital investido para a criação de uma fragrância, mesmo em nossos áridos tempos de escassez criativa.


Versão avaliada: Eau de Toilette
Fixação: 10 a 12 horas
Sillage: médio
Drydown: oriental ambarado e amadeirado
Notas: Laranja, limão, pimenta rosa, pimenta, violeta, âmbar, musgo de carvalho, vetiver, cedro e bálsamo fir.



Italo Wolff é escritor de perfumes de Alagoas (Brasil) e colaborador exclusivo para o Perfume da Rosa Negra.



(English version)



The beginning of a trilogy inspired by fairy tales, simple women that with the magic touch of a wand become beautiful princesses, dressed with lace, beautifully adorned with brocade. Eau des Merveilles is the first composition of this magic trilogy of Maison Hermès, composed also by Elixir des Merveilles a sweeter variation of the first and Parfum des Merveilles that brings the maximum concentration of core accords of the two perfumes already mentioned. Launched in early 2004, with the distinctive feature  of being for the "Modern Cinderellas," and not have a floral note as the central theme, something that is uncommon in the universe of the classic female fragrance. A creation of Nathalie Feisthauer and Ralf  Schwieger.


With the difficult task of creating this women's fragrance that would not add neither floral notes nor the sweet vanilla accords, the duo follows a less conventional line using heavy and warm notes obtained by the wonderful molecule Iso E Super exclusive the IFF, trying to balance them without let them lose their unique and original character, an woody ambery oriental for the universe filled with fantasies of Hermès, a simple bottle made of tinted glass in a gentle shadowing of orange tones with a background full of silver stars.


A volatile and bubbly start like the stars that sprinkle the sky with its  light at the end of a hot summer afternoon, decorating the beautiful twilight shades of orange, violet in this macrocosm, where a sunset never will be the same as other, these stars are citrusy almost effervescent, with its revigorating aroma of lemon and orange, for me a palpable smell which allows to identify rough and irregular barks of these citrus, considering the perfect recreation of them.


Over the minutes the hot afternoon and the spectacular evening sky start to  darken from orange to dark blue, violet colors and finally the black of night, with its little celestial stars iluminating its brilliancy,  Eau de Merveilles begins to warm up showing peppery nuances mixed in a velvety amber liquor derived from Iso E Super. This olfactive layer is very pleasant smell, in this moment when the woman changed from "Miserable Lady" into "Modern Cinderella," delicate and  naturally sensual, exhaling a soft scent that is easily mixed to a the natural skin aroma, wearing her in a discreet and comfortable way.

Peppers mixed in amber are evident in every minute woodier and more sensual, a delightful note of cedar is added to the spicy ambery blend,  nuances of   fresh vetiver and a delightful oakmoss form the woody ambery oriental drydown, very comfortable and balanced, that does not bother the olfaction, but brings a dreamy sense of softness and warmth.

Indeed a wonderful Eau, very fragrant, like the light of a thousand stars in a constellation and with the charm of a thousand fairy tales, an irresistible addiction of feeling it feel closer and closer. Eau des Merveilles enchants with its innovative, fresh and clean simplicity, with no exaggeration at any point, nothing here is about appealing sweetness so recurrent in women's perfumes and  also those crazy oriental accords that seems to asphyxiate us, equally appealing. This perfume shows the delicateness and simplicity that can bring good results where there is time and capital invested to a fragrance creation, even in arid times where there is lack of creativity.


Evaluated version: Eau de Toilette
Long-lasting power : 10 to 12 hours
Sillage: medium
Drydown: Woody Ambery oriental

Notes: Orange, Lemon, amber, pink pepper, pepper, violet,cedarwood,vetiver,fir and oakmoss.


Italo Wolff is fragrance writer from Alagoas, Brazil and is collaborator for Perfume da Rosa Negra.

Perfume Review by Copyright Italo Wolff for Perfume da Rosa Negra.
Photo credits: Hermès

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