Home Sobre Entrevistas Lançamentos Reviews Perfumaria Brasil Celebridades Beleza Moda Cultura

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Perfume e cinema: Scent of a woman

"Mulheres! O que se pode dizer? Quem as fez? Deus deve ter sido um super gênio. O cabelo... Dizem que o cabelo é tudo, você sabe. Você já enterrou seu nariz em uma montanha de cachos... eu queria só adormecer lá para sempre"
Quem não se lembra das palavras do tenente-coronel cego, Frank Slade, representado de forma magnífica pelo ator Al Pacino no filme Perfume de mulher (Scent of a woman, 1992) tem que rever este clássico que ainda leva nome de perfume para as telas. Muito além de frases que ficaram eternizadas na história do cinema, o filme ambienta uma reflexão de que "em um momento se vive a vida" e se perfumes são também momentos, eu lhes afirmo: "em um perfume se vive a vida", principalmente quando lembro as cenas em que Al Pacino com sua narina aguçada identifica os perfumes que vestem as mulheres. Momentos marcantes para a minha vida, ao menos, a vida de cinéfila e perfumista.
O título do filme parece englobar só perfumes, mas não é a base do filme.Talvez seja por isso que o filme consegue ser tão esplêndido através de pequenos momentos relacionados ao perfume de uma mulher.
O enredo traz o viver novos e intensos momentos em um final de semana antes de querer dar fim à própria vida. É o que faz o coronel acompanhado por Charlie Simms (interpretado pelo ator Chris O'Donnell) , o qual é contratado para estar com Frank nesta viagem inesquecível. Esta viagem é como um caminho que me desafia a uma leitura de que um homem cego e amargo do pós guerra, mesmo que temperamental e ferido, consegue mostrar o tão cômico, sensível e admirável pode ser. Palavras como as do início " colocar o nariz e sentir os cabelos de uma mulher" é o que me emociona e que, indiretamente, relaciono com o perfume e como ele desperta sensações em uma pessoa cega. Não é necessário olhar a pessoa, basta sentir a sua fragrância. Sentir os cabelos não é sentir só a textura, imaginar a cor e o brilho, mas sentir também o seu aroma. Uma bonita imagem sensorial para qualquer deleite.
É justamente sobre o desenvolvimento do olfato e da própria sensibilidade de Frank Slade que faço minha leitura sobre este filme. Aparentemente ele é um homem arrogante e durão, no entanto as suas máscaras caem no desenrolar do filme. Na verdade, ele mostra que desenvolveu outros sentidos muito mais apurados que uma pessoa não cega. Aí está o encanto de perfume de mulher, o ser que é sensitivo mesmo quando há uma deficiência, mesmo com um passado de guerra e um presente de solidão.
Ele vive intensamente cada momento, como dirigir uma Ferrari, dançar um tango, ter uma noite de amor. São habilidades "sensoriais" físicas mas também da alma. Ele tem um lado espirituoso, mesmo que debochado e galanteador e é esta alma que envolve as próprias mulheres ao terem seus perfumes reconhecidos e elogiados. A reação delas é sempre de surpresa. Aquela inusitada surpresa que logo se transforma em uma deliciosa sensação de ser especial, de ter o seu perfume reconhecido em sua pele e, o melhor, reconhecido por um homem.
Perfumes que nem precisam ser sentidos "ao vivo" para evoluírem de um lado ao outro da tela de cinema. Floris era um deles. Quando Charlie e o Coronel embarcaram para New York, lá estava a fragrância Floris na pele da aeromoça Daphne. Flowers from a Brook era o perfume de Ms Downes, aquela mulher da escola que fica encantada com o discurso brilhante do coronel e corre para cumprimentá-lo. De cara, após ele ter dito o perfume de Ms. Downes, há um clima de um possível reencontro...talvez uma chance para o amor.
Até Fleurs de Rocaille, o bouquet floral e vintage da boutique Caron perfumou o filme na trilha sonora , assim como o tango de Astor Piazzolla tinha o perfume de Donna, a personagem da atriz Gabrielle Anwar que dança com Al Pacino um dos tangos mais memoráveis da história do cinema.
Aqui, a sétima arte tem o perfume de uma mulher.





quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Very Irrésistible for men , Givenchy


Sabe aquelas pastilhas de chocolate amargo com menta que dissolvem na boca provocando um prazer doce e ao mesmo tempo refrescante no paladar? Sim...elas são irresistíveis, assim como Very Irrésistible, o gourmand masculino de Givenchy, que tem nas notas de saída o sex appeal da menta e do chocolate para fazer jus ao nome , combinando o appeal do fresco e amadeirado com o sex do mocha .
Este approach do perfume é surpreendente porque equilibra o jogo de sedução entre um homem e uma mulher. As notas que lembram chocolate atraem o lado feminino porque a mulher adora este aroma que promete o prazer, ativando seus sentidos mais gulosos, com a promessa de desgustar esta delícia, ser guiada por esta sensação de prazer e, por fim, saciar os seus desejos mais tentadores.
Por outro lado, percebo que Very Irrésistible é perseguido por duas notas especiais que dão um caráter mais viril ao perfume, estabelecendo que , assim como a mulher adora ser atraída por esta doce nuance de mocha, o homem também adora atraí-la com a refrescância da menta e uma nota amadeirada, mais herbal que remete à madeira de cedro.
O delicioso desta relação é que o perfume pará sua evolução, em grande parte da fixação, em um momento levemente doce e amentolado. Diria que é uma sensação de um gourmand sutil inclinado a uma maciez e a uma desenvoltura que recebe nuances ardidas. De forma análoga, interpreto que essa ardidez do perfume é como uma forma de incitação ao jogo sedutório. Um jogo que não se dá em qualquer lugar.
Sempre imagino que o cenário do homem Very Irrésistible é em plena Nova York com um clima ameno ou frio. As notas de mocha e avelã combinam com um blind date mais cultural, com direito a uma esticadinha em um café cool. Para o homem continuar irresistível, a esticadinha que tem que ser rápida, antes que a fixação do perfume acabe (risos). Com isso, concluo que o perfume tem suas lacunas: um perfume bem irresistível no começo, mas que não sustenta o VERY que o intitula por muito tempo.

Para pesquisar os preços de Very Irresistible for men, clique aqui

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Armani Mania EDP for Women, Giorgio Armani


O mundo para a mulher Armani Mania tem forma de um retângulo, como uma carta curinga de baralho cujas extremidades coincidem com a filosofia da coleção Giorgio Armani. Cada ponta da extremidade é uma característica também desta mulher: elegante, contemporânea, sensual e nonchalance e, o seu perfume é Armani Mania, o curinga do jogo da vida feminina.
Imagine uma mulher moderna e que acompanha as demandas do seu tempo. Cumprindo vários papéis, ela precisa de um perfume prático e que dê conta de vários momentos, um autêntico perfume joker.
Armani Mania combina com uma mulher atual, cosmopolita, executiva (da própria carreira) e que, no final do dia, seja indiferente a todo o rush diário. Ela precisa de um relax e lá estará o perfume em mais uma posição, acompanhando-a em uma lingerie sensual ou em um belo vestido durante um jantar com o seu amado. É assim que penso Armani Mania. O perfume que tem esta mania despojada de ser e estar comigo em um mundo cada vez mais ágil.







Primeira hora do dia, um spray desta fragrância marca a feminilidade necessária para balancear as decisões, muitas vezes, "masculinas" que aparecem. Notas doces, com destaque para a pimenta rosa e uma base mais musk-abaunilhada, criam um efeito entusiástico para começar o dia a dia, com uma sensualidade tipicamente floral oriental, com ondas aromáticas amadeiradas e toques levemente picantes. Para um perfume versátil, Armani Mania apresenta alguma nota de saída que lembra um exotismo chique, algo que vai destacar a mulher no meio da competição diária; provavelmente a nota de folhas marroquinas, incomum e que a aproxima à modernidade de estar um passo além do seu lugar e do seu tempo.
Durante sua evolução, o perfume ganha um aroma mais musk floral, um pouco menos doce, com destaque para a peônia; lembrando as mulheres Burberry que
adoram um Brit. Aqui, ocorre a intersecção de duas marcas, nas quais a mulher reafirma a sua elegância cotidiana. Não a elegância de um estilo próximo a haute couture, mas a elegância de um terninho, de um trench coach, de uma bolsa despojada e belos acessórios... de algo mais urbano e casual chic.







Ao fim do dia, Armani Mania é inserido em um novo momento desta mulher: o sensual, liberando todas as endorfinas do bem estar em um momento só para
si mesma, descontraído, sem stress . Estando sozinha ou acompanhada, a mulher ainda sentirá o calor da baunilha revelada ao fundo com toques amadeirados.
O momento appeal se eterniza e tudo o que ela pensa é essa mania de querer Armani Mania.




Armani Mania, que mania eu tenho de você!



terça-feira, 28 de agosto de 2007

Marc Jacobs for Women, Marc Jacobs


A imagem acima, parte da campanha de Marc Jacobs for women, é uma perfeita imagem-metáfora do próprio perfume. Uma das mais realistas que já vi para um perfume floral, simples na composição e desenvolvimento nas notas, no entanto sofisticado para tardes de verão. Aquelas tardes que um perfume cítrico não dará a elegância exata.
Em primeiro lugar, a gardênia abre espaço com suas pétalas doces, que se tornam mais intensas com a presença de um aroma característico de coco, algumas nuances tímidas de bergamota e alguma lembrança de jasmin, o qual se esforça em vão para reinar junto à gardênia neste bouquet de uma única flor assinado pelo estilista Marc Jacobs. A imaginária nota de coconut dialoga com a imagem acima, trazendo à minha mente a mesma nota de coconut que sinto no sofisticado Azurée Soleil, a fragrância boom do "turquesa" summer americano. A diferença é que na fragrância de verão de Estée Lauder / Tom Ford, o coco é mais delicado.
Ostensivamente, a gardênia é absoluta em Marc Jacobs for women e, o melhor da fragrância, é que não é uma gardênia sintética. Ela chega a ter uma cremosidade como se as flores fossem misturadas com essa nota imaginária de coco, formando um perfume hidratante, consideravelmente envolvente para sua simplicidade.
O simples de Marc Jacobs for women é o mesmo simples que me remete o Carolina, de Carolina Herrera . É aquela fragrância que mesmo na sutileza é ideal para mulheres adultas, que não querem ficar over, mas que desejam expor com certa convicção a escolha de sua fragrância.



Marc Jacobs alcançou um meio-termo em sua fragrância, ou seja, não é um perfume descartável como de outros estilistas. Merece ser visto como uma
opção para amantes da gardênia com fundo adocicado, tendo em vista que ela se sobressai desta forma. Uma gardênia paralela, comparada a uma água perfumada, mais "alcoolizada" e com influência do cheiro de folhas verdes é o Gardênia da linha americana Bath & Body Works, menos elegante mas com a similaridade da flor.
E falando da elegância, que lembra moda, que por sua vez lembra Marc Jacobs e também seu perfume; esta fragrância consegue resumir um lado do estilista e sua relação com seu país e Paris. Assim como Marc Jacobs e suas raízes americanas, o perfume segue o tradicional nariz do público americano. É um perfume sutil e tradicional. No entanto, o perfume parece sofrer também a mesma influência que Marc Jacobs sofre com relação à Europa, especificamente Paris. Combina com a capital do romance e aquelas tardes descontraídas de verão, nas quais a mulher veste um dos modelos do estilista e pincela algumas gotas de Marc Jacobs for women. Afinal, Marc Jacobs respira Paris, a sua capital da moda.



Modelo da Coleção Marc Jacobs

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Série Retratos perfumados com Rick


O convidado da semana é o Rick (ou Henrique), owner de uma das comunidades perfumísticas mais bacanas do Orkut: a Perfumistas. Foi a partir da iniciativa dele, que eu e tantas outras pessoas encontramos um ambiente agradável para conhecer pessoas mais agradáveis ainda . Uma comunidade, na qual há muito além de uma mera troca de informações sobre perfumes; há um clima de amizade que nos une a cada dia. Seja bem vindo ao blog Perfume da Rosa Negra, Rick. Este é o seu momento de celebrar comigo e tantos outros leitores e/ou apaixonados por perfumes o prazer de ter as fragrâncias e aromas nos acompanhando por toda uma vida. Espero que esteja usando o M7 da Yves Saint Laurent (risos), um dos seus perfumes preferidos, para tornar nossa entrevista mais agradável.


Primeiramente, onde você mora e o que faz, ou melhor, quem é o Rick?

Para começar, o Rick, ou Henrique, é um estudante de Sistemas de Informação no momento, que mora em Santo André e é apaixonado por cheiros, especialmente os dos perfumes, claro.


Conte-nos como começou sua paixão por perfumes, onde tudo iniciou...

Não sei dizer exatamente onde iniciou minha paixão por perfumes, pois desde que me conheço por gente gosto de cheiros. Posso dizer que ela se intensificou há dois anos atrás, quando eu criei meu orkut e comecei a participar da comunidade Apaixonados por Perfumes. Naquela época a Janeísa tinha criado um tópico chamado “Você Sabia?”, que trazia curiosidades e informações sobre diversos perfumes e épocas da perfumaria. Isso chamou a minha atenção e despertou o meu interesse para conhecer mais sobre perfumes. E a partir daí a paixão foi se desenvolvendo, eu fui lendo no orkut e nos sites e fóruns e inglês, e assim me aprofundando, melhorando minhas percepções e conhecendo mais sobre os perfumes.



Para contextualizar o leitor, a Janeísa é uma das participantes dos fóruns perfumísticos no Orkut e é moderadora de uma comunidade muito bacana, igualmente querida por mim e tantas pessoas, que se chama Espaço Feminino e Masculino.
Rick, continuando nossa conversa, na sua opinião, qual seria o mix idealizado de um perfume que seria a maior obra prima da perfumaria mundial?


Para o meu olfato, uma obra prima da perfumaria mundial teria que ter a habilidade de se metamorfosear por diversas fases sem nunca perder uma unidade olfativa. O meu perfume ideal começaria com uma mistura de notas refrescantes, como a menta e a hortelã, com um toque frutal, provavelmente da maçã ou da maçã verde. As notas fluiriam aos poucos para uma segunda fase especiada, marcada pela canela, cravo da índia e noz moscada. Em uma terceira fase, toques de baunilha com notas leves amadeiradas e um toque de açafrão. Por fim, terminaria em um patchouli cristalino associado ao agarwood, à doçura da mirra e com um leve toque de musk.


Hmmm, parece muito bom. Melhor ainda se for um perfume com ótimo desenvolvimento de todas as camadas destas notas... Rick, podemos dizer que sempre temos uma fragrância em nosso DNA, que é capaz de trasmitir características próprias a nós mesmos. Diga-nos qual seria o seu “perfume genético” e como ele se alinha ao seu todo.

Creio que seria o M7, da YSL. É incrível como eu me identifiquei com esse perfume desde a primeira vez e praticamente ele é parte de mim hoje. Gosto da contradição que é o M7, que é consegue ser leve e intenso, simples e complexo, e creio que tem muito a ver comigo. Não é um perfume masculino tradicional, assim como eu não me considero um homem tradicional. É um perfume para o homem que sabe o que é, que é seguro de si, que busca uma identidade sensual sem deixar de ser sério.



Concordo plenamente, aliás sou suspeita para falar do M7, uma obra prima de Yves Saint Laurent para homens que sabem o que querem. Diga-me quais são as tendências interessantes que estão surgindo na perfumaria atual?

Eu acho interessante a tendência de usar matérias primas não convencionais, que seriam consideradas indignas de estar em um perfume, como a nota de borracha presente no Bvlgari Black ou a coleção Odeur da grife Comme des Garçons. Essa tendência é interessante pois quebra o paradigma de que só ervas, madeiras, flores, cheiros doces podem ser usados em um perfume, mostrando que é possível combinar matérias sintéticos inovadores para criar cheiros inovadores, mas que não deixem de ser agradáveis aos nossos narizes.


De fato, existem perfumistas, como o próprio Serge Lutens que se apóiam em matérias especiais , como forma de mostrar sua ousadia com o mercado convencional; é o caso de um de seus perfumes que tem cheiro de borracha com um misto de gasolina, o Tubéreuse Criminelle, o qual tem seus adeptos para mostrar que sempre haverá narizes em busca de semelhante ousadia. Bem, prefiro o Bvlgari Black mesmo (risos). Sempre perfumes representam nossa paixão. Tem alguns que temos verdadeira aversão. Se concorda com esta afirmação, comente-nos sobre qual foi o maior fracasso perfumístico até hoje?

Dos que eu tenho aversão, posso citar 3 em específico: Kouros, 4711 e Salvador Dali Pour Homme. O último dos três é o que eu mais odeio. Até hoje me lembro de quando o experimentei, senti (e até visualizei) um lixo de banheiro cheio de papéis usados. Sinto muito, mas assim eu não quero cheirar (risos)


(Risos) Bem, se alguém estiver inspirado a comprar o Salvador Dali Pour Homme, você acabou de incentivá-lo a jogar o cesto de papéis usados fora (risos). Bem... Rick, tem gosto pra tudo, mas sempre é bom sermos críticos com relação aos perfumes que não nos agradam e sinceros como você foi, acima de tudo. Obrigada...
Falando em mercado da perfumaria mundial , você sabe que ele sempre acompanha grandes tendências olfativas para criar um perfume em sintonia com o tempo e, ao mesmo tempo, inovador; no entanto existem perfumes que são atemporais e inovadores, podendo ser considerados clássicos e modernos para toda uma vida. Na sua opinião qual o perfume que se encaixa nesta definição? Por que?


Eu colocaria nessa categoria o Eau des Merveilles da Hermes. É um perfume que poderia ter sido lançado há 10 anos atrás ou daqui a 20 anos que continuaria sendo inovador, com sua estrutura olfativa invertida, além de ser um perfume que não representa uma época específica da perfumaria, sendo também por isso atemporal. Não dá para encontrar tendências nesse maravilhoso perfume que mescla cítricos e madeiras com uma perfeição extraordinária. É um dos meus preferidos, com certeza.

Fico feliz que os últimos perfumes da Hermes como Eau de Merveilles e Un Jardin Sur Le Nil têm tido excelente aceitação através da simplicidade das notas, mas com algo de inovação, nos remetendo aos mais belos jardins do mundo, em um contexto de natureza elegante. Sem dúvidas, ótimas escolhas para o verão que se aproxima. Dando continuidade, diga-nos um perfume que combina com o seu filme, livro e/ou música preferida. Comente a respeito.

Confesso que essa é uma pergunta difícil de responder, pois meu gosto principalmente por filmes e músicas é sazonal. Escolheria o Dior Addict para representar o livro Senhora, de José de Alencar, pois demonstra muito bem a Aurélia, uma moça poderosa, dona de si, que faz o que quer com os homens, mas que ao mesmo tempo é romântica e que deseja um dia que seu amor verdadeiro se arrependa do que fez e volte suas atenções a ela.


Na sua opinião, quais são os 5 perfumes que temos que conhecer pelo menos uma vez na vida?


Eu escolheria esses 5, dado o caráter único de suas fragrâncias (e também por serem meus preferidos rsrsrsrs): M7, Black Cashmere, Opium edt, Opium pour homme edp e Datura Noir.



Qual é o pior pecado de um perfume e/ou um perfumista? Se é que apaixonado como é, consiga encontrar algum pecado (risos)

(risos) o pior pecado de um perfume para mim é não ter personalidade, não ser nem amado nem odiado, ser mais do mesmo, mais um que será esquecido daqui uns 2 ou 3 anos. Já de um perfumista, é criar um perfume nesse estilo, sem se preocupar em fazer algo único e memorável, que possa resistir ao tempo e se tornar um verdadeiro clássico daqui 10 ou 15 anos.


Hmm, isso é verdade. Perfume sem personalidade é a pior coisa que existe neste ramo. O perfumista ainda tem a oportunidade de se redimir, mas o perfume (risos) ficará apagado na história. Com toda certeza...
Rick, p
erfumes são como diamantes, verdadeiros objetos de desejo. Baseado nisso, qual é o diamante mais precioso que deseja incorporar na sua valiosa coleção.

Existem tantos que é até difícil escolher um só. Mas se fosse assim, creio que seria um perfume árabe baseado na agarwood melhor que tivesse. Esses sim são verdadeiras obras de arte, caríssimos, mas que duram anos, são únicos, e são que nem vinhos: melhoram cada vez mais com o tempo.


De fato Rick, os melhores óleos perfumados são aqueles de estilo vintage, envelhecidos e que inclusive chegam a ser presentes para pessoas importantes no Oriente Médio como famílias reais, grandes governantes... um item valorizado com o tempo, como uma jóia do oriente.
Finalizando este nosso grande encontro, descreva seu amor por perfumes com uma palavra, frase ou texto.


Uma relação intensa, de amor e ódio, de paixão inabalável, resistente ao tempo.


Rick, obrigado pela sua participação... Um beijo perfumado, Cris, a Rosa Negra

domingo, 26 de agosto de 2007

Perfume e ópera, notas no ar



"Não percebes? O seu perfume está no ar! Está na alma... Ó divina beleza, ó maravilha!"
Estas palavras são de Calaf , personagem da última ópera de Puccini, Turandot. Ele é o princípe desconhecido, filho de Timur,rei tártaro. Calaf fala sobre o perfume, o perfume da princesa Turandot e, imediatamente se apaixona por aquela figura amarga, que odeia os homens, mas que consegue exalar o perfume que desperta o amor de Calaf.
O perfume está presente nas óperas porque ele expressa sentimentos; porque é uma personagem que acompanha o cenário e a respiração acalorada da soprano, do tenor, barítono e baixo; porque acompanha a orquesta com uma combinação atrativa, porque suas notas podem soar tão esplendidamente como as notas de uma ópera. Até a maison Guerlain inspirou-se na ópera para criação de Liu, fragrância homônima da personagem Liu da ópera Turandot. Perfume e ópera, notas no ar.

Os aromas são tão fascinantes como o drama poético e musicalizado, por isso me emocionam quando ouço uma ópera. É como se houvesse uma convergência entre dois sentidos, o olfato, a audição... muitas notas no ar, notas da música, notas da fragrância. Mesmo quando a presença do perfume não se faz, ali está uma fragrância especial, o perfume da ópera... o perfume das emoções de cada personagem.




Isso me faz lembrar a ópera Madame Butterfly (também de Puccini, meu compositor erudito preferido), talvez a obra que eu conheça que mais apresenta perfumes como coadjuvantes no drama da gueixa Cio-Cio-San (a Borboleta da ópera) sufocada por uma paixão arrebatadora por
Pinkerton, um oficial da marinha americana. Enquanto Butterfly canta seu hino de amor à ele, a ópera ambientaliza um cenário do Japão antigo, virgem, praticamente inexplorado, que tinha o seu perfume exclusivo, o perfume oriental, tão delicado como as borboletas que pousam sobre as flores.




Além do cenário, a música tem cheiro. Cheiro de sofrimento, de amor, de tristeza, de esperança... Cheiro de tantas emoções em tantas intensidades. Esses cheiros variam dentro desta arte poética, ora são notas agudas, ora notas graves e, chega uma hora, que música e aroma são uma única coisa, capaz de me levar a uma catarse, como diz Aristóteles, uma descarga das minhas emoções, que purifica minha alma.
Existem vários momentos em Madame Butterfly que são um caminho para esta catarse e todos elês tem um perfume. Em um deles,
Cio-Cio-San vê seu amado oficial partir e, com a esperança de que ele retorne, começa a reunir flores de cerejeiras para enfeitar o lugar de Pinkerton. O perfume daquelas flores era uma forma de tê-lo por perto. Mas o momento mais marcante, perfumisticamente falando, é na ária Un bel di, vendremo (um belo dia nos veremos), quando Butterfly ainda tem esperança de revê-lo após 3 anos, com o navio que um dia chegará. Imaginando o reencontro entre os dois e a fala carinhosa de seu amado, Butterfly canta "Chiamerà, chiamerà: "Piccina - mogliettina Olezzo di verbena" Il nomi che mi dava al suo venire". ("Me chamará, chamará : "pequenina, minha pequena esposa, perfume de verbena" os nomes que ele me chamaria ao chegar"...





Sinta o aroma da verbena no ar, na voz de Maria Callas. Ária
Un bel di, vendremo.


Maria Callas: Usava Chanel, YSL , Dior e Chloe.
Ainda penso nela como "Soprano Chanel".



sábado, 25 de agosto de 2007

Perfume e Literatura com Clarice Lispector







Nada melhor do que falar de perfumes através da literatura. Simplesmente porque a literatura é a manifestação genuína da alma de um artista que, com palavras e emoções, escolhe a forma de expressar o seu imaginário através de uma função poética. Olhando a realidade ao seu redor, inserindo novos códigos e signos, desabrochando sentimentos múltiplos , criando novas imagens e, com isso, transformando tudo em linguagem subjetiva, bem mais além do palpável da objetividade.
Assim como o perfumista cria sua obra baseada em aromas criativos e intencionais e percepções aguçadas, assim também o escritor cria sua obra baseada em palavras também intencionais, mostrando como sua sensibilidade capta a realidade e a transforma em literatura.
E neste universo literário, a minha querida Clarice Lispector, a principal escritora que me entenderia, entendeu bem mais sobre o ato de perfumar-se, relatando a personagem Lóri em um momento único com o seu perfume (no livro uma aprendizagem ou livros dos prazeres , da Ed. Rocco). Um fragmento brilhante para quem vive se perfumando como eu.
Se por um lado Clarice escreveu tão bem o fragmento a seguir , desvendando a minha própria intimidade ao me perfumar. Por outro lado, assumiu publicamente que muitas vezes
não conseguia descrever algo que sentia, porque era como se fosse uma tentativa de fotografar um perfume, tamanha a impossibilidade. Neste ponto, concordo com ela. Quantas vezes é tão difícil fotografar um perfume, ver além das notas, guardar uma memória olfativa impossível de ser registrada em uma foto . O mesmo ocorre com o sentir algo inexplicável, que se rebela contra nós, dificultando o ato de dar vazão ao que está dentro, escondido ...

No livro uma aprendizagem ou o livro dos prazeres , de Clarice Lispector, nada foi sufocado. Encontrei mais um prazer...a maravilhosa combinação perfume e literatura.






...estava na hora de se vestir: olhou-se ao espelho e só era bonita pelo fato de ser uma mulher: seu corpo era fino e forte, um dos motivos imaginários que faziam com que Ulisses a quisesse; escolheu um vestido de fazenda pesada, apesar do calor, quase sem modelo, o modelo seria o seu próprio corpo mas enfeitar-se era um ritual que a tornava grave: a fazenda já não era um mero tecido, transformava-se em matéria de coisa e era esse estofo que com o seu corpo ela dava corpo — como podia um simples pano ganhar tanto movimento? seus cabelos de manhã lavados e secos ao sol do pequeno terraço estavam de seda castanha mais antiga — bonita? não, mulher: Lóri então pintou cuidadosamente os lábios e os olhos, o que ela fazia, segundo uma colega, muito mal feito, passou perfume na testa e no nascimento dos seios — a terra era perfumada com cheiro de mil folhas e flores esmagadas: Lóri se perfumava e essa era uma das suas imitações do mundo, ela que tanto procurava aprender a vida com o perfume, de algum modo intensificava o que quer que ela era e por isso não podia usar perfumes que a contradiziam: perfurmar-se era de uma sabedoria instintiva, vinda de milênios de mulheres aparentemente passivas aprendendo, e, como toda arte, exigia que ela tivesse um mínimo de conhecimento de si própria: usava um perfume levemente sufocante, gostoso como humus, como se a cabeça deitada esmagasse humus, cujo nome não dizia a nenhuma de suas colegas-professoras: porque ele era seu, era ela, já que para Lóri perfumar-se era um ato secreto e quase religioso.





“Quantidade? Você não é um frasco, é uma pessoa. Você é um anúncio de perfume? Você é apenas perfumada. Não deixe seu perfume entrar numa sala muito antes de você mesma. O perfume deve envolvê-la, não precedê-la.”
(Clarice Lispector, em Correio Feminino, editora Rocco).

Clarice Lispector escreveu sobre beleza e moda, inclusive sobre perfumes na mídia impressa
Sábia como sempre... Amo Clarice Lispector assim como amo perfumes!




sexta-feira, 24 de agosto de 2007

M7, Yves Saint Laurent




M7 merece um slogan compatível com sua estimulante fragrância, tão excitante para as mulheres que admiram um homem refinado na medida certa, másculo e sensível em seu comportamento, e sem dúvidas, perfumado. Este slogan deveria ser "M7 : apenas para homens que as mulheres perseguem". O perfume não faz jus somente a uma rima provocativa e incentivadora para mulheres que adoram uma virilidade que as deixam fora de controle, mas faz jus a uma das fragrâncias mais fidedignas para caracterizar o homem exuberante em todos os sentidos. Exuberância criada pelo ousado Tom Ford para YSL.

Hipnotizada por este aroma viril e, sem receios, para ingressar neste universo masculino, eis que sinto as primeiras notas que afloram do elegante M7, uma abertura esplêndida de um amadeirado chique, muito levemente atalcado pela presença ao mesmo tempo, de notas adocicada e especiariada. Toques de madeira agar se misturam a uma vétiver bem herbal, dando um aspecto mais selvagem ao homem de M7. Impressionada por tal perfume, algo afeta mais meus sentidos como uma droga sedutora, talvez o alecrim e sua propriedade narcótica. Percebo que ervas e especiarias formam um odor que tempera a pele a ponto de ser provada, como se meus lábios quisessem sentir este sabor devastador.
Logo mais, sinto que o perfume transita entre o selvagem e o domesticado. As notas já se assentaram na pele quase como servis, no entanto, a animalesca provocação ainda é evidente. A raiz mandrake da base atua, exatamente, como deve atuar... um afrodisíaco, tão poderoso capaz de desmoronar as estruturas de mulheres exigentes, que buscam um misto de sedução, inteligência e romantismo em um homem.
M7... suspiro mais uma vez e a
rusticidade do amadeirado amplia-se para a docibilidade mais ambarina. A partir daí "penso" em uma única imagem:
homem e mulher se únem como em uma harmônica e efervescente relação, trocando seus papéis: o doce amadeirado masculino estimula a feminilidade selvagem; por outro lado, a doce feminilidade estimula o homem a esbanjar sua sensualidade viril, elegantemente rústica... Tudo com M7, o perfume estilo "siga-me".

E de imediato... instintivamente extasiada, sigo este rastro.









Fotos: Campanha M7 (YSL) e a modelo alemã Heidi Klum

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Perfumaria árabe : Al Hamra Marrakech, o perfume de Marrocos




Um aroma de agarwood indiano no ar... mas não estava na Índia, estava em Marrocos, em plena Marrakech, a cidade vermelha cujos tapetes nas feiras mostram as cores e texturas desta cidade. Al Hamra na pele e a primeira sensação foi o estranhamento de uma amadeirado pungente, surpreendente; ostentando uma possível masculinidade dos homens reais, poderosos, seduzindo-me pouco a pouco pelos seus poderes e cercados por belos palácios e seus mistérios exóticos. Aquele parfum oil incitava-me à descoberta daquele reino marroquino... eu pensava como seriam aqueles jardins suntuosos dentro de arquiteturas tão sofisticadas, como templos onde a santidade e o pecado poderiam ser facilmente transitórios, de um extremo ao outro.



Contemplei o alto de Marrakech com o perfume tomando conta de todo o meu corpo, colocava as mãos no pescoço para que o aroma me dominasse por completo, levado à minha face com os cabelos ao vento, tocando meu rosto. Sentia agora o cheiro de flores com um toque de amber, não qualquer amber... o toque ambarino era antigo como aquelas construções do império marroquino, luxuoso junto à flor, como que formando um casal sensual, um sultão e sultana no leito de prazer ou um apaixonado perfumista com sua musa, parecida com uma Sherazade marroquina, que contava histórias das fragrâncias de Marrakech, enquanto seu amado criava Al Hamra.






Seguia em passos lentos pelas ruas da cidade, pensando no jardim daquele palácio. O perfume me guiava de alguma forma; aquelas flores eram flores do Golfo, que exalavam aromas como correntes de águas cristalinas que batem no corpo, ora devagar ora forte, arrastando-me para fora da terra, com pés que temem o chão.
Chão, terra, solo... aquele perfume me trazia novamente ao meu caminho.
Era preciso voltar à terra de Marrocos, voltar ao jardim majestoso e encontrar
a inspiração de Al Hamra, o perfume da cidade vermelha.





Intoxicada por esta fragrância cativante, encontrei uma porta, entrada a um palácio majestoso, único...





O aroma floral ainda estava lá, como pétalas iluminadas ainda em uma atmosfera vespertina. O musk também surgia para eu encontrar o que eu queria: adormecer e não acordar deste sonho marroquino.









Fotos de Marrakech (cidade) e Al Hamra(perfume). Assista ao vídeo e apaixone-se por esta cidade perfumada

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Tom Ford em Vídeo, Private Blend Parfum Collection

A repórter da matéria da Vogue disse dois adjetivos que caracterizam o estilo Tom Ford de Criação: exclusivo e revolucionário . Não há dúvidas que ele é um desbravador da moda e da perfumaria , principalmente no contexto americano , famoso por seus narizes tradicionais, opostos à pungência européia em mesclar aromas. Tom Ford mostra cada vez mais que é um empreendedor, ao lançar, sua própria label em perfumes.
Ainda sigo conhecendo os perfumes de Tom Ford, no entanto experiências com Gucci EDP(Gucci), M7(YSL) e Black Orchid (Tom Ford) já foram impressionantes; além de reconhecer a ousadia de suas criações fashionistas, com a elegante nudez provocativa.
Ousadia é o comportamento de Tom Ford, ao lançar 12 fragrâncias de uma única vez, principalmente após o sucesso de Black Orchid. Ousadia e coragem, na minha opinão porque ele tem um nome a zelar e um público crítico que já o acompanha na moda. Nada disso o intimidou, reflexo de o quanto tem se empenhado nesta década.
Assistindo a essa matéria de Vogue, entendi que Tom Ford tem a impetuosidade e a autoconfiança daqueles que fazem o que tem que fazer e acreditam no potencial de seu trabalho.
As criações Black Orchid e Tom Ford for men permitiram que ele usasse o conceito chave que permeia toda a sua coleção: criar uma fragrância específica para um específico connaisseur (conhecedor) de perfumes. Talvez seja por isso que suas fragrâncias, além de trazer algo criativo na composição, consegue se desenvolver em blocos de notas olfativas, permitindo à um público exigente evidenciar como as notas são liberadas na pele.
Isso é bastante evidente nos perfumes que pude experimentar. Somado a isso, ficou claro na reportagem que Tom Ford valoriza o que chamo de "exclusividade dentro do possível", ou seja, nem sempre um perfumista deseja usar o mesmo perfume que seus amigos ou conhecidos usam, por mais vendável que a fragrância seja; criar perfumes pensando em oferecer algo mais exclusivo a um público exigente marca um diferencial em Tom Ford. Também fica claro que as 12 fragrâncias oferecem a possibilidade do perfumista viajar a vários lugares através da variedade de matérias primas, que capturam a essência traveller
de cada aroma.
Imagino que foi uma experiência inesquecível para ele, muito mais compensadora que só os negócios no competitivo entorno perfumístico. Trabalhar o lançamento de 12 fragrâncias como um projeto de reafirmação de seu nome como uma marca de perfumes e, o melhor, trabalhar de forma livre... conceituar estas particularidades individuais
que estão em cada fragrância construindo um verdadeiro laboratório de aromas que podem ser considerados como espelhos de uma pessoa, mostrando uma fragrância que diz tanto como a própria imagem refletida no espelho. Também imagino que Tom Ford não seja o homem que segue um script único para um lançamento; algo mais fechado, pouco criativo.
Assim como um estilista em um atêlie entre tecidos e moldes, Tom Ford passou do atêlie para um laboratório de fragrâncias, exercendo o seu melhor papel atual, o de um cientista aberto a experimentos originais da perfumaria.
O lado enérgico de Tom Ford é latente. Ele não se acha o melhor estilista e perfumista do mundo, mas tem o drive para fazer as coisas funcionarem, qualidade bem pessoal.
Não é a toa que ele conseguiu levar a grife italiana Gucci a um faturamento exorbitante nos anos 90, quando a mesma entrava em um buraco negro com uma queda brusca nos negócios. Além de não se importar com o que pensam dele, agindo de forma sempre polêmica com a valorização da nudez em suas criações publicitárias, a ver as campanhas de M7 e Opium (de YSL) e as insinuantes entrelinhas na sexy campanha de Tom Ford for Men.
O fato é que Tom Ford é influente na moda e um formador de opinião que dita(rá) comportamentos, não mais só fashions mas de beleza e bem estar; como podemos ver no Going ahead Mr. Sexy Tom Ford que compilei abaixo...


1990 : mais de uma década, como estilista, na italiana Gucci
1999: Gucci compra o grupo Yves Saint Laurent, Tom Ford responde pela área de prêt-a-porter
2002: Yves Saint Laurent se aposenta, Tom Ford assume a diretoria de criação da grife
2005: Criação da própria assinatura através de parceria com Estée Lauder, lançando as fragrâncias Youth Dew e Amber Nude.
2005: Lançamento de sua linha de óculos com Marcolin
2006: Continuidade dos projetos com Estée Lauder, com o lançamento da fragrância Azurée Soleil
2006: Lançamento da própria linha de perfumes, com début de Black Orchid
2006/07 : Parceria com Ermenegildo Zegna no mercado moda luxo para homens
2007: Lançamento de 12 fragrâncias Unissex, a coleção Tom Ford Private Blend
Projetos no radar : linha de maquiagem, mais um perfume masculino, uma linha feminina de skincare , uma linha de tratamento for men , um perfume feminino, mais uma linha de óculos, designer e empresário de moda junto a E. Zegna, mais uma linha de óculos e quatro projetos em Hollywood.





Vaidosos(as) e perfumados(as), preparem os bolsos! Mr. Tom Ford está cada vez mais sedutor. E como ele é sexy...God!







terça-feira, 21 de agosto de 2007

Coco Mademoiselle EDP , Chanel



Coco Mademoiselle abre suas notas como um caleidoscópio de imagens de vários continentes, que reavivam em meu olfato os aromas que alcançam as distâncias entre diferentes culturas e povos. A base de floral, muito mais evidenciada por um suave jasmin, me remete a uma paisagem bucólica de uma área interiorana no Sul e Sudeste Asiático onde as mulheres costumam usá-lo nos cabelos como adorno. A imagem das discretas flores de laranjeira, imperceptíveis à química de minha pele, passam como um flash em minha mente, fazendo-me lembrar da Índia, onde a natureza as originaram. A doçura inicial das flores recorda-me o doce calor das regiões tropicais como África e parte da América; até que sinto-me embriagada pelo perfume francês que evidencia seu lado oriental, regrado pelo patchouli da Indonésia e o Vétiver haitiano, notas que tomam conta da fragrância do começo ao fim, até sair de cena como um sabonete de musk branco, harmonioso e clean.
Uma viagem por tantos lugares, após uma borrifada de Coco Mademoiselle, só faria sentido em um único tipo de mulher: a mulher que é cidadã do mundo. Aquela, descontraída e com carisma,
que alcança todas as culturas como se fosse parte de todas elas.
Sempre imagino que a sutileza e harmonia de Coco Mademoiselle combina com mulheres jovens, não fisicamente, mas jovens de espírito, com uma maturidade que encara o mundo de coração aberto. A mulher Coco Mademoiselle tem a sofisticação marota, humilde e sensível. Capaz de dar a mão a uma refugiado durante o dia e, à noite, cumprimentar diplomatas durante um luxuoso jantar. Aí está a diferença em comparação a outras fragrâncias da Chanel. Coco Mademoiselle tem a versatilidade de mulheres de grandes causas sociais, que humanizadas como são, encantam pessoas ao seu redor.
Este contexto de ser cidadã do mundo exemplifica que usar Coco Mademoiselle é um dos poucos perfumes que lembram a mulher engajada no humanitarismo, transitando entre o poder e a falta de poder, a solidariedade e a intolerância. Uma diplomacia tão intríseca... uma mulher dona de si, que equilibra o espírito idealista com uma sociedade cada vez mais racional, cuja beleza interior parece sair pelos seus poros, exalando seu adorável perfume por onde passa.
Articulada, humana, sensível, espontânea , naturalmente bela. Esta é a mulher cuja signature fragrance é Coco Mademoiselle. Seu perfume, ela o leva em uma de suas malas de viagem, aqui e acolá, neste mundo a ser desvendado... o primeiro spray afirma que é um raro perfume entre os Chanels. Perfume para uma raridade de mulher. Efusivo para acompanhar a sua comunicabilidade como uma fascinante embaixadora... assim são as notas de patchouli e vétiver que se abrem também da base para a saída, expandindo os limites de atuação desta cidadã do mundo. Logo, estas notas se unem a um floral mais ardido, que reflete o impacto da feminilidade mais ativa, que encara qualquer barreira como mulher, mesmo em ambientes hostis e/ou massivamente masculinos.
Após umas horas, dada a fixação suavizar muito para um musk mais acentuado, esta mulher retoca
Coco Mademoiselle em sua pele... penso que o faz em um novo momento, à noite e íntimo, quando a simplicidade do dia a dia engajado cede lugar à uma mulher desnuda em todos os sentidos, principalmente de seu papel social, já mostrando o outro lado da sua própria fronteira pessoal... noturna, sensual, totalmente nua . Afinal, para Coco Mademoiselle não há boundaries neste mundo, nem na feminilidade.



domingo, 19 de agosto de 2007

O Colecionador de perfumes, com Leles Cristiane


Queridos(as) leitores,

Hoje é dia de homenagem aos colecionadores de perfumes. Não importa de quanto e de quais (por que o que importa é o valor sentimental), uma coleção de perfumes é sempre algo pessoal, íntimo e cuidadosamente construído, por isso realizei esta matéria "O colecionador" para conhecer e (se fazer conhecer) algumas pessoas que se dedicam à deliciosa missão de comprar, cuidar e conviver com perfumes de forma muito especial. A minha convidada é a Leles, que além de uma adorável e educada amiga, é conhecida nas comunidades de perfumes do Orkut pela sua paixão pelos perfumes do Serge Lutens. O que admiro nela como colecionadora ? A determinação de buscar perfumes que são difíceis de encontrar aqui, além de uma humildade que me cativa. Confiram nosso bate-papo.

Quem é a Leles? Conté-nos onde mora e o que faz.

Oi Cris! Em primeiro lugar, quero te agradecer pelo convite para participar do seu blog. Adoro ler suas descrições e comentários sobre os perfumes.

Bom, meu nome é Leles, tenho 28 anos, sou casada e não tenho filhos. Moro em São Paulo Capital, sou comerciante, bem, na verdade, meu pai é comerciante e eu sou a “gerente” de uma das lojas dele.Tenho muito orgulho em poder cuidar do que ele lutou tanto para conseguir...

Trabalhando no comércio, o horário é puxado; trabalho de segunda à sábado, e nos fins de semana, adoro ficar em casa, curtindo meus cachorros e assistindo meus seriados (minha outra paixão além dos perfumes e dos cachorros). Gosto também de ir aos shoppings, parques, cinemas; não faço o tipo “baladeira” rsrsrsrs.....

Não fiz faculdade, mas se um dia resolver fazer, será de Psicologia. No momento estou fazendo curso de Inglês... acho fascinante a Língua Inglesa.

É isso...um pouquinho de mim....


Rs... temos pontos em comum, além de perfumes rsrs. Adoro cachorros e já passei do tempo de "baladeira". Continuando, você se lembra como tudo começou, ou melhor, quando foi que a paixão por perfumes começou a se tornar um impulsionador para a criação da coleção ?

A minha paixão por perfumes começou por acaso. Eu nunca tinha feito compras pela Internet e resolvi “tentar” a minha primeira compra online .Foi pela Sack’s e acabei comprando o Oxygene (Lanvin), que estava em promoção...rsrsrs....Quando minha compra chegou, eu percebi que comprar online era seguro, além de começar a me interessar mais por perfumes... comecei a “viciar” em compras pela Internet também...

Mas a paixão por perfumes atingiu seu auge quando entrei para a comunidade Apaixonados por Perfumes, no Orkut, me lembro de querer conhecer todos os perfumes que o pessoal comentava, querer saber sempre mais, conhecer sempre mais, ter sempre mais.....aí começou a virar paixão mesmo....


Concordo que é muito sedutor ler as opiniões de pessoas que amam perfumes como nós... realmente dá vontade de experimentar e até comprar. Falando em compras e levando em conta a sua experiência como colecionadora, qual foi o perfume que mais te desafiou a incorporá-lo na coleção? Comente a respeito


Foi o Sa Majesta La Rose (Serge Lutens), porque eu não gostava do cheiro de rosas, geralmente rosas me deixavam enjoada e triste, mas por ser um Serge Lutens, eu queria tê-lo na minha coleção.....então comprei com nossa amiga Grazy, no escuro, sem nunca ter sentido o cheiro dele, e sabendo que rosas não me agradavam muito. Esperei ansiosamente pela chegada do perfume... Quando finalmente recebi o pacotinho com o perfume e borrifei um pouco no braço, me assustei com a saída dele (aliás, geralmente é esta a minha reação com todos os Lutens, no início eles me assustam....rsrsr...). Pensei que ia detestá-lo, mas passados alguns minutos ele ficou tão bom na pele, tão confortável e aconchegante, que mudei o meu ponto de vista com relação aos perfumes que levam rosas em suas composições.


O Sa Majestè la Rose é encantador, com sua rosa "in natura" e delicada. Parabéns Leles pelo bem sucedido risco rsrsr. Agora confesse-me ... quais são os TOP 5 da sua coleção? Aqueles que estarão sempre com você

Olha Cris, não posso te dizer que vão estar SEMPRE comigo, porque meus gostos mudam muito, às vezes de uma semana para a outra, então, vou te dizer os meus TOP 5 do MOMENTO, talvez não sejam os mesmos daqui à dez dias....

Le Baiser Du Dragon EDP (Cartier)

Must (Cartier)

Vetiver Oriental (Serge Lutens)

Rousse (Serge Lutens)

Chegui (Serge Lutens)


Cartier e Serge Lutens, um luxo de top 5 ... Leles, existem vários tipos de colecionadores ; aqueles que buscam mais raridades, aqueles que buscam mais qualidade, outros que buscam mais quantidade, outros que não tem regras, enfim... qual é o seu tipo de colecionador, ou seja, qual é o seu foco principal quando compra perfumes?

Então Cris, acho que já passei por todas essas fases...rsrsrsr... No começo, eu queria ter sempre mais e mais perfumes, comprava perfumes como louca, queria ter todos, quantidade era o que importava. Depois comecei a selecioná-los melhor, comprava só os que eu sabia que ia realmente usar, não me importava mais com a quantidade, só queria usar todos os que eu tinha, sem deixar nenhum “esquecido” no armário. Aí veio a fase dos perfumes lançamentos...queria comprar todos os lançamentos que pareciam me agradar, e às vezes me decepcionava com alguns. Teve também a fase dos perfumes raros, difíceis de conseguir, e tenho que te confessar que adorava (ainda adoro...), procurá-los na Internet, quanto mais difícil o perfume, mais interessada eu ficava, e quando eu finalmente o encontrava, parecia que tinha ganho um prêmio.... Agora ando procurando por qualidade e exclusividade, o que os torna bem difíceis também. Uma coisa que eu sempre fiz desde o começo da minha coleção e que faço até hoje é comprar perfumes no escuro, adoro a sensação de abrir o frasco do perfume sem saber o que ele vai me trazer...


Rsrs... também tenho adotado este hábito, considerando a dificuldade de se experimentar alguns... é sempre um comportamento arriscado, mas gratificante quando acertamos a compra no escuro , não é mesmo? Agora Leles, falando em defeitos e qualidades, na sua opinião, qual é o pior defeito e qual é a melhor virtude de um perfumista colecionador?

O pior defeito...geralmente não usamos todos os perfumes que temos, alguns ficam até meio que esquecidos no fundo do armário.... A melhor virtude: Ter a oportunidade de conhecer vários aromas incríveis e nos surpreender com as diferentes sensações que eles nos trazem (às vezes o mesmo perfume, usado em dias diferentes, te traz novas sensações...)


Qual será o seu próximo perfume, aquele que tem que entrar na sua coleção a qualquer preço.

São mais de um e não sei se vai ser fácil e rápido de conseguir, mas ainda vou ter: Louve e Sarrasins (Serge Lutens) e o Chocolate Greedy (Montale).


Diga-nos um perfume que jamais entraria na sua coleção e por quê.

Como já comentei, meus gostos mudam o tempo todo, então não posso te dizer que jamais entrariam; mas os que não entrariam de jeito nenhum no momento são o Calandre e o Lou Lou, são dois perfumes que eu não consigo usar, se os sinto, mesmo que de longe, me dão dor de cabeça... Mas, quem sabe um dia você não os vê na minha coleção...rsrsrs.....


Rsrs... também não sou fã do Lou lou , a diferença é que este não entra mesmo... Leles, você tem algum cuidado especial com os perfumes para mantê-los sempre bem conservados?

Não tenho nenhum cuidado específico não...só gosto de guardá-los dentro de suas caixas, numa prateleira do meu guarda-roupa que fica bem longe da luz do sol. Geralmente eu sou a única a usar meus perfumes, todos que vão em casa sabem que tenho paixão por eles, então evitam chegar perto demais...rsrsr....


Finalizando este nosso grande encontro, descreva seu amor por perfumes com uma palavra, frase ou texto.

"El perfume es una dimensión interior de la femineidad que, sobre todo, expresa de una manera particular aquello que no se podría decir de otro modo."

(Coco Chanel (1883-1917)


Hmmm... linda frase, só poderia ser de Chanel... Lélis, obrigada pela sua participação... Um beijo perfumado, Cris Rosa Negra


Maravilhosos Serge Lutens na foto acima. Para acessar a coleção completa da Leles, clique no seu Flickr